Donald Trump e sua parceria com Elon Musk continuam percorrendo os noticiários, assim como as nomeações dos atores que junto com o novo presidente dos Estados Unidos vão conduzir o governo a partir do ano que vem. Na COP29, um "presente de Deus" mina as discussões para reduzir o uso dos combustíveis fósseis. O Brasil passa pela Conferência das Partes sem protagonismo e ambição. Dentro do território desponta a proposta que visa reduzir a jornada de trabalho. Esses e outros assuntos nos Destaques da Semana do IHU.
“A eleição de Trump é uma catástrofe climática, um evento climático extremo”, sentenciou Marcio Astrini. Para o secretário-executivo do Observatório do Clima, “as promessas de Trump para o clima são as piores possíveis. São promessas de um negacionista e de alguém que, em parte de sua trajetória, militou contra a agenda climática”. Ao que tudo indica Astrini tem razão. Os nomes dos membros da equipe que vai trabalhar com Trump na Casa Branca estão sendo anunciados e, até o momento, é dominado por negacionistas. Entre eles, Robert F Kennedy Jr, um conhecido antivacina. As nomeações tomaram as manchetes dos principais jornais e já preocupam, em especial, ambientalistas. O pior é que Trump “vendeu uma ficção distópica – não, apocalíptica – para obter os votos daqueles que se sentem inseguros ou ameaçados há décadas [...]. O terrível é que agora, para governar, ele terá que manter essa ficção” e ainda não sabemos o quão longe ele vai chegar.
Trump nominee for Health and Human Services Robert F Kennedy Jr. claims COVID-19 was genetically engineered to spare “Jews and Chinese people”.
— Morgan J. Freeman (@mjfree) November 14, 2024
Not OK.
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Uma das nomeações mais comentadas é do onipresente, que injetou milhões para turbinar a campanha de Donald Trump, Elon Musk. Agora, o bilionário, dono da rede social X, “tem um poder que nenhum outro empresário do capitalismo teve”, configurando-se como a oligarquia mais perigosa de todos os tempos.
Elon Musk vai chefiar um departamento de eficiência do governo americano, e apresentador da FOX NEWS será indicado ministro da Defesa. Governo Trump está igual a um episódio do South Park. pic.twitter.com/K82ITqqOiY
— Marcelo Rubens Paiva (@marcelorubens) November 13, 2024
A escolha do “czar da fronteira” sinaliza em favor das deportações em massa. Tom Homan não terá apenas a responsabilidade de lutar contra a imigração ilegal, mas também será o responsável pela deportação em massa de imigrantes. A sua nomeação se soma à de Stephen Miller, outro falcão que tem na mira os imigrantes, como Vice-Chefe de Gabinete da Casa Branca. Um “elefante na sala da Casa Branca”, como definiu Paolo Naso ao afirmar que Trump “é o ponto final de uma crise que vem de longe, que não tem soluções fáceis”. “Aqueles que votaram em Trump sabem que sua presidência será ‘forte’, que tomará medidas sem precedentes contra os imigrantes”, complementou
Sobre a repercussão das eleições norte-americanas, vale a pena conferir também:
A COP29 começou na segunda-feira, 11 de novembro. Dois dias depois do início das discussões, a Global Carbon Project (GCP) deu um banho de água fria nas expectativas com a divulgação da sua mais recente pesquisa: o relatório do Global Carbon Budget deste ano projeta emissões totais anuais provenientes de combustíveis fósseis de 37,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), isto é, um aumento de 0,8% em relação a 2023. O Brasil chegou ao evento apresentando sua nova e decepcionante meta climática (NDC), além disso, o Observatório do Clima avaliou que ela destoa das promessas do presidente. Já o Reino Unido foi bem mais ambicioso que o nosso país, que nessa altura do campeonato já devia ter feito a lição de casa, apresentando uma meta significativa de redução de emissões nos próximos dez anos. Apesar do Brasil derrapar na curva, o fiasco oficial ficou mesmo por conta da Argentina, que abandonou a Cúpula Climática por ordem do negacionista Javier Milei.
Assim como aconteceu na COP15 sobre a Biodiversidade, a COP29 sobre o Clima tem urgência em aprovar um financiamento bancado pelos países desenvolvidos para mitigação, adaptação e as perdas e danos da crise climática nos países em desenvolvimento. António Guterres soou o alerta mais uma vez: “paguem ou enfrentem o desastre do clima”. Ele ainda declarou que os ricos causam os problemas e os pobres pagam a conta. Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) também foi enfático no seu discurso: “vamos acabar com a ideia de que o financiamento climático é caridade”. Assim como o presidente da COP, Mukhtar Babayev: “estamos a caminho da ruína. E não se trata de problemas futuros. A mudança climática já está aqui”.
Climate finance is not charity, it’s an investment.#ClimateAction is not optional, it’s an imperative.
— António Guterres (@antonioguterres) November 12, 2024
Both are indispensable to a liveable world for all humanity and a prosperous future for every nation on Earth.
My remarks at #COP29: https://t.co/CKmx0jtqwY pic.twitter.com/gQYSuCtaz0
A “cereja do bolo” do lobby do petróleo ficou por conta do anfitrião da COP29. O presidente (e ditador) do Azerbaijão, Ilham Aliyev, aproveitou os holofotes para defender o setor de petróleo e gás e seus planos de expansão da produção de energia fóssil. Para ele, o petróleo e o gás do país são um “presente de Deus”. E foi mais longe: “os países não devem ser culpados por tê-los e não devem ser culpados por trazer esses recursos ao mercado porque o mercado precisa deles. O povo precisa deles”, acrescentou. A Ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, reagiu à declaração e pediu cautela no uso dos dons divinos e comparou o petróleo com o açúcar: faz mal comer demais. A COP, que acontece sobre as reservas do petróleo divino, contudo, já não entusiasma, nem com a fugaz aprovação do mercado de carbono e nem a quem esteve em todas as edições no evento, como Jeffrey Sachs. Para ele, a “COP29 não levará a nada, a nossa única esperança é um pacto com os países petrolíferos”.
In his #COP29 speech, Aliyev complained about Western "fake news media", again called Azerbaijan's gas reserves a gift from God, and bragged about the ethnic cleansing of Nagorno-Karabakh.
— Lindsey Snell (@LindseySnell) November 12, 2024
Reminder: this is a climate change conference pic.twitter.com/HLEFZQyKuC
Aterrissando no Brasil, nosso giro de notícias traz um sopro de ar puro ao mundo do trabalho. Essa semana a PEC que prevê a redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1 atingiu o número mínimo de assinaturas para ir a plenário. Uma vitória dos trabalhadores que estão se mobilizando para um protesto massivo convocado em diferentes cidades para o dia do feriado da Proclamação de República. O alto escalão do governo está defendendo a proposta que viralizou nas discussões das redes sociais nos últimos dias. Entre as figuras que jogam no time do precariado, nessa disputa entre o trabalho e o capital, está Rick Azevedo e seu movimento Vida Além do Trabalho – VAT. Vereador recém-eleito no Rio de Janeiro, “um sinal de uma luta popular real, que pode simbolizar uma esperança para a reconstrução do pensamento trabalhista e sindical”. A ver se os trabalhadores vão conseguir furar a bolha do Congresso que mina os direitos trabalhistas.
Esse é outro que nunca trabalhou na vida. Filho de cacique político, foi eleito deputado AOS 21 ANOS. Tem 14 ANOS que ele trabalha em escala 3x4 ganhando 40 mil. Mas ele quer que você continue se lascando seis vezes por semana.
— Pedro Faria (@pedrovcfaria) November 12, 2024
FIM DA ESCALA 6X1 https://t.co/qFYrw3nFuy
"Ah, mas o fim da desumana escala 6x1 vai prejudicar os pequenos negócios."
— David Deccache (@deccache) November 12, 2024
Desumanizar trabalhador nunca pode ser considerado instrumento de apoio para pequeno, médio ou grande negócio. Não é desumanizando que se fortalece o pequeno.
Apoiar o pequeno é garantir crédito… pic.twitter.com/M1L80cUZpR
Bolsonaro escreveu isso na Folha há três dias. Hoje um seguidor dele explode bombas em Brasília. Esse verme plantou o ódio e o terror e agora quer pagar de sonso pra ser anistiado. SEM ANISTIA! pic.twitter.com/OedQj7GUWw
— Matheus Gomes (@matheuspggomes) November 14, 2024
Os mais ricos estão endurecendo a chantagem para que o governo corte os gastos sociais, mirando, claro, os pobres. A Frente pela Vida se manifestou contra o “mercado”, assim como presidente Lula, que declarou: “as mesmas pessoas que falam que é preciso parar de gastar, são os ricos que se apoderam de uma parte do orçamento do país. E eles se queixam daquilo que você está gastando com pobre”. “São R$ 546 bilhões de benefício fiscal para os ricos”, destacou. O esboço do pacote fiscal do governo passa por mudanças e será apresentado após o G20. Existem sinais de que pode haver um racha na conta, que pode incluir supersalários, alta renda, emendas e reforma na previdência dos militares.
546 bilhões de reais em benefício fiscal para os ricos. pic.twitter.com/aYk0aNq1cA
— GugaNoblat (@GugaNoblat) November 13, 2024
Esboço do pacote fiscal do governo passa por mudança no reajuste do mínimo, redução da duração do seguro desemprego e reforma na previdência dos militares. Divisão da conta do ajuste inclui supersalários, alta renda e emendas. Formato final depois do G20👇 https://t.co/kDCLa23h2K
— Maria Cristina Fernandes (@mcfernandes) November 13, 2024
Em mais um ato contra a democracia, homem explodiu carro e a si próprio na Praça dos Três Poderes em Brasília. Num ataque direto ao Supremo Tribunal Federal – STF, Francisco Wanderley Luiz, que foi candidato a vereador pelo PL em 2020, demonstrou que a ideia de anistia, aos terroristas dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, tem que ser enterrada a sete palmos. Coincidentemente, a ação, que já era estudada e planejada há tempos, ocorre na mesma semana em que a Folha de S.Paulo publicou um texto assinado por Jair Bolsonaro com o sugestivo título “Aceitem a democracia” .
Charge do Aroeira pic.twitter.com/Sw06rsfXb5
— Blog do Noblat (@BlogdoNoblat) November 12, 2024
#Opinião
— Folha de S.Paulo (@folha) November 12, 2024
📝 Ricardo Kotscho (@KotschoRicardo) | Publicação de artigo de Bolsonaro, um notório golpista, na Folha é golpe no estômago. Era necessário um editorial vigoroso que desmascarasse, ponto por ponto, as falácias do impostorhttps://t.co/gpkQBKP0CB
Seguimos com o massacre em Gaza e os relatos que atravessam a fronteira em primeira pessoa. Na paróquia da cidade, o padre Gabriel Romanelli continua abrigado e sitiado junto com as famílias palestinas, que após um ano puderam comer frango, ovos e verduras. Já o general israelense Giora Eiland acredita na estratégia e matar de fome as pessoas na Faixa de Gaza para garantir a vitória na guerra, exterminando os civis. Diante o horror, voltemos aos rostos, “ao valor infinito e à singularidade de cada pessoa, os rostos, os rostos de Gaza, os rostos escondidos pelo emaranhado de mãos levantadas para tentar agarrar um pedaço de comida ou uma tigela de sopa que escaparam do bloqueio das ajudas impedidas pelo cerco pela fome”. Este é um convite para sair dos tormentos da modernidade feito por Raniero La Valle.
🧵O Comité Especial da ONU para Investigar as Práticas Israelitas q afectam os DH dos Palestinianos dos Terr. Ocupados lançou hoje um relatório considerando q os métodos de guerra de Israel em Gaza configuram um #genocídio, incluindo a utilização da fome como arma de guerra.
— Diletante (@Rebeldiletante) November 14, 2024
1/ pic.twitter.com/0OrLMo5UO5
Essa semana, em virtude do feriado, não teremos a versão em áudio dos Destaques da Semana do IHU.