13 Novembro 2024
Para uma plateia com poucos líderes internacionais em Baku, António Guterres reforçou a urgência de ampliação do financiamento climático e mais ambição nos compromissos nacionais.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 13-11-2024.
A Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP29) abriu nesta 3ª feira (12/11) sua cúpula de líderes mundiais com mais um discurso contundente do secretário-geral da ONU, António Guterres, sobre a gravidade da crise do clima e a necessidade de mais ação. Infelizmente, a fala foi escutada por poucos líderes propriamente ditos, já que o encontro de Baku acabou esvaziado pela ausência de nomes de maior relevância.
Recepcionado pelo presidente do Azerbaijão e anfitrião da COP29, Ilham Aliyev, o chefe da ONU aproveitou seu discurso para martelar a necessidade de avanços significativos na Conferência de Baku como chave para o futuro do Acordo de Paris. Em especial, Guterres destacou a dificuldade crescente dos governos em concretizar o objetivo firmado na COP28 de Dubai, no ano passado, no qual se comprometeram a “se distanciar dos combustíveis fósseis” nos próximos anos.
“No ano passado, e pela primeira vez, o valor investido em fontes renováveis ultrapassou o valor gasto em combustíveis fósseis. E, em quase todos os lugares, a energia solar e eólica são as fontes mais baratas de eletricidade. Então, dobrar a aposta em combustíveis fósseis é absurdo”, disse Guterres. “A revolução da energia limpa está aqui. Nenhum grupo, empresa ou governo pode pará-la”.
Na questão do financiamento climático, tema central da agenda em Baku, o secretário-geral da ONU reiterou a urgência da ampliação do volume de recursos para ação climática nos países mais pobres e vulneráveis, especialmente para adaptação ao clima em mudança.
“A COP29 deve derrubar os muros do financiamento climático. Os países em desenvolvimento não devem deixar Baku de mãos vazias. Um acordo é essencial e estou confiante de que será alcançado. Precisamos de uma nova meta financeira que atenda ao momento”, disse Guterres.
Nesse sentido, o chefe da ONU indicou cinco elementos “essenciais” para o sucesso das negociações sobre financiamento:
1) um aumento significativo nos fluxos de recursos públicos concessionais;
2) uma indicação clara de como esses fundos públicos mobilizarão os trilhões de dólares necessários;
3) explorar fontes inovadoras, particularmente impostos sobre transporte marítimo, aviação e extração de combustíveis fósseis;
4) uma estrutura para maior acessibilidade, transparência e responsabilização; e
5) aumentar a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais de desenvolvimento, com recapitalização e reforma em seus modelos de negócio.
Guterres também lembrou que o Fundo de Perdas e Danos, estruturado na última COP28, ainda conta com recursos escassos e precisa de mais doações para atender às necessidades urgentes das comunidades afetadas pelo clima extremo.
A fala de Guterres na COP29 foi abordada por diversos veículos, como CNN Brasil, Estadão, Exame, Reuters e Valor, entre outros. Já Associated Press e Deutsche Welle destacaram as ausências de líderes internacionais na cúpula de chefes de estado e governo em Baku.
Em paralelo ao encontro de (poucos) líderes internacionais em Baku, os principais bancos multilaterais de desenvolvimento anunciaram um compromisso de aumento do financiamento climático para países de baixa e média renda para US$ 120 bilhões por ano até 2030. De acordo com a Reuters, a nova meta representa um aumento de 60% em relação ao que o grupo dos 10 maiores bancos multilaterais de desenvolvimento do mundo canalizaram às nações mais pobres no ano passado. O grupo inclui instituições como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Europeu de Investimento, entre outros.
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COP29: “Paguem ou enfrentem o desastre do clima”, alerta secretário-geral da ONU - Instituto Humanitas Unisinos - IHU