Francisco diz que é “uma boa ideia ir a Gaza”, segundo palestinos que o conheceram

Foto: Mohammad Ajjour | UNICEF

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23 Novembro 2023

  • De acordo com familiares de vítimas da guerra, o Papa classificou a situação em Gaza como "genocídio". No entanto, o porta-voz Matteo Bruni expressou que "não me parece".

  • "O Papa disse que as pessoas deveriam saber o que está acontecendo em Gaza, que é um genocídio", afirmou Shirren Halel em uma coletiva de imprensa no Vaticano nesta quarta-feira. Halel é uma das dez pessoas da Palestina que se encontraram com o pontífice.

  • "Tivemos que deixar nossa casa e buscar refúgio em uma igreja católica, onde passamos os dias até conseguir sair. Conseguimos sair com passaporte canadense, mas isso não nos fez sentir melhor, apenas culpados porque aqueles que amamos ficaram para trás, vivendo com bombas sobre as cabeças. O que vivemos foi pior do que poderíamos ter imaginado".

A reportagem é de Hernán Reyes Alcaide, publicada por Religión Digital, 22-11-2023.

O Papa Francisco disse hoje que seria “uma boa ideia ir a Gaza”, o que chamou de “genocídio”, segundo os palestinos que o visitaram para lhe falar da situação, numa manhã em que o pontífice também recebeu familiares de reféns israelenses nas mãos do grupo islâmico palestino Hamas, ao mesmo tempo que apela a que as diferenças sejam resolvidas “com diálogo e não com uma montanha de mortes de cada lado”.

“O Papa disse que as pessoas deveriam saber o que está acontecendo em Gaza, que se trata de um genocídio”, disse Shirren Halel, uma das dez pessoas da Palestina que se reuniu com o pontífice, numa coletiva de imprensa no Vaticano esta quarta-feira.

“Eu vejo o genocídio”, disse-lhes o pontífice, segundo Halel, embora o porta-voz papal Matteo Bruni tenha afirmado mais tarde que “não lhe parece” que Francisco tenha usado esse termo. Outra das participantes do encontro, a cristã que até dois dias atrás vivia em Gaza, Suher Anastas, foi definitiva em qualquer caso quando afirmou: “Todos ouvimos a palavra genocídio”. “Tivemos que sair de casa e buscar refúgio em uma igreja católica, lá passamos os dias até podermos sair. Conseguimos sair com o passaporte canadense, mas isso não nos fez sentir melhor, apenas culpados porque aqueles que amamos ficaram para trás, vivendo com as bombas sobre nossas cabeças. O que vivemos foi pior do que poderíamos ter imaginado", disse ele.

Durante a conversa de 20 minutos com os palestinos, o Papa foi convidado a visitar Gaza “para parar a guerra e pedir a paz para o povo palestino”, segundo outro participante, Yusef Al-huri.

Que o Papa venha a Gaza: "Ele disse-nos que parecia uma boa ideia e que iria consultar os diplomatas", acrescentou, antes de detalhar que lhe pediram uma visita "para que pudesse usar o seu poder para alcançar uma paz duradoura".

"Pedimos-lhe que visite Gaza pessoalmente. Ele disse que é uma boa ideia e que iria discutir o assunto com os diplomatas para ver se a situação o permite. Não acreditamos que ele precise de luz verde de alguém para ir a Gaza e parar os crimes de guerra que estão a ser cometidos, se quiser sair do Egito ou de onde quiser", argumentou.

"Peço-lhe que não seja insensível ao genocídio que está a acontecer em Gaza pelas mãos de um dos exércitos mais fortes do mundo. Temos vivido um inferno na Terra durante os últimos 47 dias. Fomos encorajados pela sua simpatia e compreensão da situação em Gaza. "Ele nos mostrou o quão bem informado estava. Hoje é uma pausa humanitária, mas isso não é suficiente, nem é um cessar-fogo, porque isso deixa o status quo inalterado com o potencial para um novo genocídio em um poucos anos", disse Alhuri durante a conferência de imprensa.

“Esta manhã recebi duas delegações, uma de israelenses que têm parentes mantidos como reféns em Gaza e outra de palestinos que têm parentes presos em Israel”, disse o pontífice após os encontros, ao dirigir a tradicional Audiência Geral de quarta-feira na Praça São Pedro.

"Eles sofrem muito. Ouvi como ambos sofrem. As guerras fazem isso, mas fomos mais longe, isto não é guerra, é terrorismo", denunciou, horas depois de um acordo entre Israel e o Hamas para uma troca de prisioneiros palestinos. 

“Por favor, avancemos pela paz, rezemos pela paz”, apelou aos milhares de fiéis que o ouviam na Praça São Pedro. Entre os seus apelos, Francisco pediu “que o Senhor nos ajude a resolver os problemas e a não continuar com as paixões que no fim matam a todos. Rezamos pelo povo palestino e pelo povo israelense”, concluiu.

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