04 Outubro 2018
“Primeiramente, não devemos apenas ouvir os jovens, mas também (e para isso estamos aqui reunidos!) responder com coração de pastores aos seus desafios por meio de propostas adequadas e bons conselhos ao Santo Padre”. Com estas palavras, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, o cardeal Lorenzo Baldisseri, sintetizou em sua relação de abertura as sessões de trabalho nas quais se reunirão a partir de hoje e até o próximo dia 28 de outubro 267 padres sinodais, na XV Assembleia Geral Ordinária sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.
A reportagem é de Paolo Petrini, publicada por Vatican Insider, 03-10-2018. A tradução é de André Langer.
“A nossa assembleia é ampla e composta, disse o cardeal, um maravilhoso afresco da catolicidade da Igreja, que reflete as sensibilidades e ecoa as vozes de diferentes continentes e áreas culturais. Na verdade, esta cúpula sinodal é uma manifestação peculiar da unidade da Igreja católica agindo ‘cum Petro e sub Petro’, o discípulo escolhido pelo Mestre para ‘confirmar’ os irmãos na única fé”.
Depois Baldisseri referiu-se detalhadamente à preparação da Assembleia Sinodal, que levou à elaboração do Instrumentum laboris, que será o guia para as sessões de trabalho do Sínodo. Na sequência, referiu-se a alguns números do questionário on-line reunidos pelo sítio www.synod2018.va, que, lançado em 14 de junho de 2017, “ainda está aberto, ao passo que o questionário foi encerrado no final de dezembro 2017”.
Em seis meses, disse o cardeal, “teve cerca de 221 mil acessos. Ao todo, foram 100.500 jovens que responderam a todas as questões propostas: 58 mil moças e 42.500 rapazes. Quase 51 mil participantes, que correspondem a 50,6% dos questionários preenchidos, são jovens entre 16 e 19 anos”, dado que mostra precisamente que “os mais jovem se revelaram mais sensíveis à iniciativa”. De qualquer forma, acrescentou, devemos notar como dado significativo “que o país de onde veio o maior número de respostas ao questionário é Uganda, com mais de 16 mil respostas completas”.
O argumento que surgiu com maior insistência, explicou Baldisseri, foi que os jovens “querem uma Igreja mais ‘extrovertida’, comprometida com o diálogo com a modernidade que avança, especialmente com o mundo das novas tecnologias, cujas potencialidades é preciso reconhecer e orientar seu uso concreto”. As novas gerações, prosseguiu, “querem ser protagonistas da renovação em curso: juntamente com os pastores e os adultos querem contribuir para a construção de uma Igreja missionária mais corajosa, mais participativa e mais evangélica.”
Em seguida, tomou a palavra o relator geral do Sínodo, o cardeal Sérgio da Rocha, que expressou o desejo de que “este Sínodo seja uma bela experiência para restabelecer” as alianças “intergeracionais que dão solidez e segurança ao mundo e à Igreja”. O cardeal brasileiro também deu algumas orientações sobre o método de trabalho e indicou que “na primeira etapa do nosso percurso, que vai durar uma semana, alternando momentos de trabalho juntos (congregações gerais) e trabalhos em grupos menores (círculos pequenos), vamos refletir e compartilhar sobre a primeira parte do Instrumentum laboris”, caracterizada pelo verbo palíndromo “reconhecer”, que pede para “colocar-se frente à realidade não para uma análise sociológica, mas com o olhar do discípulo, perscrutando as marcas da passagem do Senhor com uma atitude aberta e acolhedora”.
Na segunda etapa, marcada pelo verbo “interpretar”, o Sínodo vai aprofundar a segunda parte do Instrumentum laboris, que “não oferece uma interpretação já acabada para uma leitura que seja verdadeiramente capaz de iluminar o que foi descoberto”. A etapa seguinte concentra-se na terceira parte do documento que “impulsiona a ‘escolher’, convida a Igreja inteira a tomar decisões de mudança dentro de um horizonte de vitalidade espiritual”.
A perspectiva, recordou o relator geral, “é essa perspectiva integral traçada pelo magistério do Papa Francisco, capaz de articular as diferentes dimensões do ser humano, o cuidado da casa comum, a preocupação com toda marginalização, a colaboração e o diálogo como método para a construção do povo de Deus e de promoção do bem comum”, afirmou o cardeal. “Essa perspectiva se afirma com a sugestão de ser Igreja em saída, que nos liberta da preocupação de ocupar o centro do cenário”.
As relações de Baldisseri e Rocha foram precedidas pela saudação do Papa Francisco que deu início à primeira congregação geral imediatamente depois de uma oração inicial e uma breve saudação do cardeal Louis Raphael Sako, patriarca da Babilônia dos caldeus, que, em nome dos delegados presentes no Sínodo, expressou a proximidade e o agradecimento ao Pontífice “por suas indicações que nos dão força para seguir em frente”. “Nós – acrescentou o cardeal iraquiano – temos certeza de que as tempestades, por mais fortes que sejam, passarão e de que a Igreja sairá mais pura e mais forte”.
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Sínodo. Baldisseri: mais de 100 mil respostas de jovens do mundo ao questionário on-line - Instituto Humanitas Unisinos - IHU