14 Março 2018
“A Igreja Católica de Roma enfrenta uma mudança decisiva neste momento. Após décadas recusando-se a aceitar os ensinamentos do Concílio Vaticano II, devemos reaprender a dialogar dentro da Igreja e devemos reaprender como conduzir o discurso teológico, o que não é fácil”, escreve Christian Weisner, um dos fundadores do movimento We Are Church International, publicado por National Catholic Reporter, 13-03-2018. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Segundo ele, que vive com sua família em Munique, na Alemanha, “novas estruturas de comunicação e comando devem ser desenvolvidas para dar conta das demandas da mensagem do Evangelho bem como das exigências da comunidade religiosa global nas mais diversas áreas culturais. Além disso, os líderes eclesiásticos definitivamente devem resolver a violência sexual e reavaliar, com urgência, o papel da mulher na Igreja”
“Se as reformas do Concílio Vaticano II tiverem continuidade, a Igreja pode ser salva”, disse o Pe. Hans Küng num simpósio realizado em 2012 que marcava o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II. O teólogo suíço, que foi assessor do Concilio (irá celebrar 90 anos de idade em 19 de março), viu, através dos pontificados de João Paulo II e Bento XVI, o quanto as reformas conciliares foram implementadas com lentidão, viu-as sendo relativizadas pelo magistério e, em muitos casos, massivamente obstruídas e contrariadas.
Em pouco tempo, Bento faria história ao ser o primeiro papa em quase 600 anos a renunciar. A renúncia se fez necessária não apenas por sua idade avançada – estava com 85 anos na época –, mas sobretudo por uma crise fundamental de comando no Vaticano. Embora por mais de 30 anos tivesse ocupado os postos mais altos da Igreja, o Cardeal Joseph Ratzinger não conseguiu de fato conduzir o Vaticano e, assim que se tornou papa, não resolveu os problemas da Igreja, alguns dos quais herdados de João Paulo II.
Em 13-03-2013, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aries, elegeu-se papa. Ainda que ele próprio não testemunhou os desenvolvimentos do concílio em Roma, este cardeal veio de um continente onde a visão deste Concílio reformista vem sendo coerentemente aceita e implementada.
Desde o primeiro momento em que foi apresentado ao mundo na varanda da Praça de São Pedro, o Papa Francisco introduziu um estilo fundamentalmente novo em Roma, um estilo pastoral de liderança que os fiéis há tempos ansiavam.
Francisco definiu um curso para a Igreja com sermões animados e sinais concretos, como a renúncia a símbolos herdados de poder como títulos e os apartamentos papais. Deixou bem claras as suas prioridades quando da primeira visita fora de Roma à ilha mediterrânea de Lampedusa, refúgio para os que fogem da guerra e da privação econômica.
O caminho pós-conciliar da Igreja latino-americana a partir do qual Francisco vem caracteriza-se por confrontos, sobretudo em torno da teologia da libertação, que tinha sido duramente perseguida durante décadas por Ratzinger quando fora prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O próprio Bergoglio teve conflitos com o Vaticano e inclusive experimentou casos de censura. É um representante da “teologia do povo”, versão argentina da teologia da libertação.
A teologia do Vaticano II, desenvolvida mais aprofundadamente na América Latina e amadurecida, muitas vezes dolorosamente, na prática, é o que Francisco trouxe de volta ao Vaticano. Em certos aspectos, Francisco assumiu os projetos reformistas internos à Igreja e posições sociopolíticas do Papa Paulo VI. A afirmação de que a Igreja deve ser uma Igreja para os pobres e a necessidade de reformar a sua estrutura andam de mãos dadas com Francisco. Esse era o cerne da intervenção que fez antes da eleição papal durante o consistório dos cardeais em 09-03-2013. Na ocasião, disse que a reforma da Igreja e a reforma social, o ecumenismo ad intra e o ecumenismo ad extra andam de mãos dadas.
Em 29-06-2013, Francisco publicava a sua primeira encíclica, Lumen Fidei (“A luz da fé”), porém o seu antecessor foi quem escreveu grande parte dela – “Esta encíclica se sustenta sobre duas pernas!”, dizia a Rádio Vaticano. Portanto é um documento de uma difícil transição: um compromisso entre continuidade e novos começos que deixou os problemas internos candentes da Igreja ainda em aberto. Uma atenção muito maior foi dada três dias depois à primeira viagem simbólica de Francisco aos refugiados de Lampedusa.
Em novembro daquele ano, Francisco lançou a sua primeira exortação apostólica Evangelii Gaudium (“A alegria do Evangelho”), texto doutrinal muito mais programático e que claramente demonstrava a vontade de fazer reformas concretas, até mesmo na estrutura da Igreja. Com base na constituição dogmática Lumen Gentium do Vaticano II, Evangelii Gaudium contém um programa de evangelização assim como exigências e propostas para uma reforma completa e duradoura das estruturas eclesiais e suas funções pastorais, diaconais e políticas. Isso começa com o Vaticano e termina nas paróquias ao redor do mundo. Ver o mundo através dos olhos dos pobres, ler a Bíblia e agir é o que resume o Papa Francisco – uma mudança fundamental de perspectiva!
A encíclica ambiental e social “Laudato Si’ – sobre o cuidado da casa comum” tem recebido uma resposta positiva em nível mundial desde o seu lançamento em maio de 2015. É como se a humanidade ansiasse por uma voz forte que, com a autoridade do ministério e com a autenticidade pessoal deste papa, denunciasse as inconsistências do desenvolvimento mundial e convidasse as pessoas à ação em vários níveis.
Com dois Sínodos dos Bispos sobre a vida em família, convocados em 2014 e 2015, e com a exortação pós-sinodal Amoris Laetitia (“A alegria do amor”) publicada em maio de 2016, Francisco iniciou o desenvolvimento, urgentemente necessário, da ética sexual católica e da teologia pastoral e da família. Esse documento fala muito mais sobre os requisitos para uma reforma interna, como para a admissão dos fiéis divorciados e recasados aos sacramentos, por mais importantes e indispensáveis que aqueles outros sejam.
O processo de consulta usado na preparação para os sínodos sobre a família foi recebido em nível mundial como um sinal de uma nova cultura do diálogo na Igreja. Ficou claro que a doutrina sexual da Igreja como um todo não é compreendida nem no conteúdo nem na forma, pois perdeu o contato com a realidade dos seres humanos. Uma forma mais inteligível de proclamação não será, por si só, suficiente, dado que a lacuna se fundamenta na própria doutrina.
Com a declaração crucial no Parágrafo 3 de Amoris Laetitia segundo a qual “nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais”, Francisco restaurava à Igreja as liberdades do diálogo e do desenvolvimento da doutrina que os papas antecessores haviam cerceado além da medida.
Mas Francisco deliberadamente não fez nenhuma correção óbvia à doutrina. A questão é por que, por exemplo, Amoris Laetitia lida de um modo geral e indiferenciado com o conceito de indissolubilidade do matrimônio e por que é ignorada a dúvida de quando um casamento é considerado um sacramento.
As reações polêmicas a Amoris Laetitia demonstram que o discurso pretendido pelo papa a respeito de questões há tempos trancafiadas começou. Todavia a recepção do seu ensinamento está longe de se completar, seja nas faculdades teológicas, seja nas paróquias. Desde Humanae Vitae, encíclica de 1968 que reafirmava a proibição católica ao controle de natalidade artificial, nenhum escrito papal causou tanta agitação quando Amoris Laetitia. Desta vez, no entanto, a agitação se deu de modo contrário: agora são os cardeais, os bispos e alguns teólogos que recusam o curso do papa.
Mesmo assim, Francisco nada fez senão adotar o princípio da diferenciação formulado pela exortação apostólica de 1981 de João Paulo II sobre o matrimônio e a família, Familiaris Consortio. Francisco abriu caminhos – já que João Paulo não o fez – para a Igreja lidar com estas situações difíceis de um modo diferenciado.
Com Amoris Laetitia e com a descentralização almejada por Francisco, são os bispos do mundo, sobretudo, que agora têm a responsabilidade de “em cada país ou região (…) buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais”. Até o momento, entretanto, pouquíssimas conferências episcopais seguiram o convite do papa de desenvolver respostas pastorais adequadas que sejam amigas dos matrimônios e das famílias em suas respectivas regiões culturais.
Os bispos alemães, por exemplo, só responderam em 01-02-2017. Essa longa hesitação das conferências dos bispos acontece, em parte, porque, em 2016, quatro cardeais declararam publicamente as dúvidas que tinham sobre Amoris Laetitia e tentaram consagrar como irrevogável a doutrina do matrimônio formulada por João Paulo II e Bento XVI.
Além do principal projeto dos sínodos sobre a família, Francisco se envolveu em inúmeras outras atividades, iniciativas e decisões que, juntas, formam um processo de transformação dinâmico porém bem-pensado com base nos princípios do Concílio Vaticano II. Embora seja considerado um conservador nos valores e embora não se espere que faça mudanças dogmáticas tão rapidamente – por exemplo, nas questões das doutrinas sexual e do papel da mulher na Igreja –, Francisco tem mostrado uma enorme disposição a escutar e aprender.
Leigos: Desde o começo, Francisco tem enfatizado a importância do povo na Igreja, os chamados leigos. Os leigos são os protagonistas da Igreja e do mundo. A hierarquia eclesiástica é chamada a servi-los, não usá-los. Aqui vemos um quadro completamente diferente da Igreja na comparação com a tradição monárquica e estritamente hierárquica: um quadro da Igreja que finalmente corresponde à teologia da comunhão do Vaticano II.
Francisco parece estar aberto a revogar o celibato obrigatório aos padres católicos romanos. Ele sugeriu que pensaria sobre ordenar “homens casados de qualidade provada” (viri probati). Embora ainda vagas, estas declarações são um importante sinal de que um debate franco é possível. Agora cabe aos bispos não se queixarem da falta de padres para servir às necessidades pastorais de suas dioceses, mas sim mandar “propostas ousadas e corajosas” a Roma, como Francisco contou a Dom Erwin Kräutler em 2014.
Visto a declaração esperançosa sobre os padres gays – “Quem sou eu para julgar?” –, que rendeu muitos elogios a Francisco, a exclusão inconteste de homossexuais das ordenações sacerdotais é decepcionante. Um documento de dezembro de 2016 da Congregação para o Clero, intitulado “O dom da vocação presbiteral”, reafirmou uma instrução de 2005 que impedia gays de entrar para o sacerdócio. Ele não questiona velhas avaliações e continua com o falso exagero sobre o papel que o celibato desempenha no sacerdócio.
O papel da mulher é um dos assuntos mais difíceis e controversos dentro da Igreja Católica Apostólica de Roma. Várias vezes, Francisco enfatizou que a Igreja necessita de mais mulheres em todas as áreas, especialmente em postos de liderança. Estes comentários foram calorosamente recebidos por muitos na Igreja, não só por associações de mulheres católicas. Francisco nomeou cinco ao invés de duas mulheres para a Comissão Teológica Internacional.
Mas Francisco ainda não se distanciou suficientemente da carta apostólica Ordinatio Sacerdotalis, de João Paulo II, publicada em 1994, que afirma que o impedimento da mulher ao sacerdócio é uma doutrina eclesiástica inalterável. Embora a proibição das discussões sobre a ordenação feminina tenha resultado, na época, em um efeito contrário, João Paulo e Bento deixaram um problema para os seus sucessores difícil de superar. Quando perguntado, Francisco declarou que a porta para o sacerdócio feminino está fechada. Mas ele, afinal de contas, usa a imagem de uma porta – e, para essa porta, quem sabe uma chave teológica possa ser encontrada.
Na visão do teólogo jesuíta alemão Hans Waldenfels, Francisco pode ter aberto esta porta quando, em 2016, reconheceu o papel de Maria Madalena como a “verdadeira e autêntica evangelizadora”. Ele também elevou o memorial de 22 de julho de Maria Madalena a uma festa no calendário litúrgico. Outro teólogo, Michael Seewald, de Münster, na Alemanha, não considera os argumentos anteriores contra a ordenação feminina válidos e recomenda um novo debate sobre o sacerdócio para elas.
Os últimos anos viram esforços intensificados no combate contra o abuso sexual de menores e demais crimes cometidos pelo clero e para reformar as estruturas eclesiais a fim de garantir proteção a crianças e adultos vulneráveis. Bento XVI chegou lentamente a esse fronte, mas pôs a Igreja num melhor caminho. Francisco continuou e reforçou o que Bento iniciou. Francisco pronunciou uma política de tolerância zero para com todos os que cometerem crimes e chamou todos os bispos a uma maior responsabilidade, incluindo os que se envolverem no acobertamento de abusos.
Os resultados destes esforços foram confusos, como podemos ver no caso do bispo chileno Juan Barros, acusado de acobertar casos de abuso sexual no país. O Vaticano ainda precisa explicar por que, depois que Francisco recebeu uma carta de um chileno sobrevivente de abuso, o Vaticano não agiu como deveria.
Francisco fez uma visita impressionante à Federação Luterana Mundial em Lund, na Suécia, em 31-10-2016, que incluiu uma liturgia comovente. O foco era o perdão dos pecados de séculos passados bem como a celebração do progresso feito ao longo dos últimos 50 anos. Por contraste, a reunião de Bento em 2011 com o Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha, em Erfurt, não produziu fruto algum. A Alemanha possui a situação singular de um número igual de católicos e cristãos protestantes.
No momento em que marcamos o 500º aniversário da Reforma, esperamos ver um movimento maior, especialmente em torno da questão da partilha da refeição eucarística em casamentos entre parceiros protestantes e católicos. Segundo o Cardeal Walter Kasper, que por muitos anos foi a principal autoridade vaticana para assuntos ecumênicos, o Vaticano assinalou que aceitaria uma abertura nessa questão, mas que um primeiro movimento precisava ser feito pelos bispos, que deveriam apresentar propostas concretas.
No começo deste seu pontificado, muitos achavam que Francisco não se interessava particularmente pela liturgia. A nomeação do Cardeal Robert Sarah como prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos reforçava esta impressão. No entanto, depois de uma fala em Londres em que Sarah exortava os padres a rezarem a missa ad orientem sempre que possível e anunciou uma revisão à reforma litúrgica do Concílio, Francisco o deteve, dizendo, com efeito: “Nenhuma reforma da reforma!”.
Com o motu proprio Magnum Principium, Francisco mais uma vez salientou as intenções do Concílio Vaticano II e repassou a responsabilidade pela tradução dos textos litúrgicos às conferências episcopais nacionais.
As canonizações simultâneas dos papas João XXIII e João Paulo II podem ser vistas como uma tentativa de Francisco de reconciliar duas alas bem distintas dentro da Igreja. A declaração que ele fez do arcebispo salvadorenho Oscar Romero, assassinado no altar durante uma missa, como mártir pela fé católica e a pavimentação do caminho para a sua canonização feita ainda neste mês de março constituem um sinal claro de um modelo politicamente eficiente.
Com a redescoberta da misericórdia como o “primeiro atributo de Deus” e a com a declaração de um “Ano Santo da Misericórdia” para toda a Igreja, Francisco avançou na transação de uma compreensão reguladora de Igreja para uma Igreja construída com base no Evangelho e aberta a todos no mundo. Esse também é um sinal claro de diálogo inter-religioso que – juntamente com a escolha do nome “Francisco” – pode ser compreendido como um estender a mão ao Islã.
Com a mensagem “A não-violência: estilo de uma política para a paz” marcando o 50º aniversário do Dia Mundial da Paz, em 01-01-2017, Francisco apelou à paz por meio da não violência ativa. Esta mensagem, iniciada pela Pax Christi International e pelo Pontifício Conselho “Justiça e Paz”, é, em vários sentidos, uma mudança paradigmática no entendimento do magistério católico.
Logo após a sua eleição, Francisco anunciou uma reforma da Cúria Romana. Para auxiliá-lo, nomeou um Conselho dos Cardeais de oito (mais tarde nove) membros, liderados pelo cardeal hondurenho Oscar Andrés Rodríguez Maradiaga, de Tegucigalpa, e com representantes da Europa, Ásia, América Latina, África e América do Norte. Sem dúvida, pessoas de fora acham difícil ver um progresso nessa reforma e se perguntam se ela ainda pode, realmente, dar certo. No entanto, ao analisar a lista dos que Francisco nomeou como cardeais ao redor do mundo, vemos que essa diversidade cultural está sendo promovida.
Mudar é um processo laborioso que leva tempo para se alcançar e sempre gera resistência. A força da resistência a qualquer tipo de reforma dentro do Vaticano fica evidenciada na crítica aguda que Francisco tem proferido nas recepções natalinas anuais à Cúria Romana, em que chegou a falar de “doenças curiais”.
A obra “Bento XVI: O último testamento”, livro-entrevista de 2016 escrito pelo jornalista Peter Seewald com Bento XVI, que havia prometido não falar publicamente como Papa Emérito, é um indicativo de como andam as lutas internas na Igreja. Mas o Francisco jesuíta, com suas décadas de experiência no comando, inclusive em tempos extremamente difíceis com a junta militar argentina, parece ter levado estas reações em consideração. Em vez de decisões rápidas, Francisco quer iniciar processos que levem a resultados baseados no consenso.
Desde o começo ele tem o apoio em grande escala dos fiéis na Igreja, porém devemos nos resguardar contra uma “euforia pelo papa” aqui. O exemplo de Francisco e seu “estilo de liderança espiritual” não serão, por si sós, suficientes para romper as estruturas encrustadas da Igreja romana. “Sistemas absolutistas não podem ser resolvidos por reformas contínuas; correções drásticas e rupturas são inevitáveis”, diz do teólogo alemão Hermann Häring. Portanto, é indispensável uma crítica ao comando da Igreja que se desenvolva a partir da memória de Jesus e dos problemas do presente.
Mas mesmo um papa como Francisco não consegue alcançar uma renovação espiritual e estrutural sozinho. Ele precisa urgentemente de apoio não só de grupos reformistas, mas sobretudo de todos os bispos e padres. À luz dos ataques em curso contra Francisco e contra Amoris Laetitia, o teólogo pastoral vienense Paul Zulehner e o sociólogo tcheco e filósofo da religião Tomas Halik deram um começo à iniciativa internacional “Pro Pope Francis” [1] para apoiar o curso pastoral do papa. Nas regiões falantes de espanhol, há a iniciativa “Pro Papa Francisco”. [2]
A Igreja Católica de Roma enfrenta uma mudança decisiva neste momento. Após décadas recusando-se a aceitar os ensinamentos do Concílio Vaticano II, devemos reaprender a dialogar dentro da Igreja e devemos reaprender como conduzir o discurso teológico, o que não é fácil. Novas estruturas de comunicação e comando devem ser desenvolvidas para dar conta das demandas da mensagem do Evangelho bem como das exigências da comunidade religiosa global nas mais diversas áreas culturais. Além disso, os líderes eclesiásticos definitivamente devem resolver a violência sexual e reavaliar, com urgência, o papel da mulher na Igreja.
Francisco deseja uma conversão pastoral, que vai muito além da reorientação pastoral somente. Para que isso aconteça, o povo da Igreja e as ciências teológicas devem, de novo, estar muito mais ativamente envolvidas e devem também reivindicar por suas próprias participações. Só desse jeito é que a conversão pastoral de Francisco pode dar certo.
A Igreja Católica Apostólica Romana é o maior “ator global” de todos os tempos. Ela tem uma grande responsabilidade que vai bem além da sua própria comunidade religiosa e de seus próprios termos religiosos. A comunidade global assiste se e como o maior organismo religioso particular intervém nas questões vitais da humanidade, e quais padrões éticos proclama e pratica. As reformas na Igreja e os temas vitais da humanidade estão intimamente interligados.
A questão crucial para o futuro de todas as religiões é o que elas podem fazer para ajudar a resolver os imensos problemas globais, sociais e econômicos, e, acima de tudo, se encontram entre si uma coexistência pacífica. Espera-se que, após dois pontificados de restauração, a Igreja Católica de Roma seja, agora, capaz de assumir o curso da reforma estabelecida pelo Concílio Vaticano II e inicie os processos necessários para que a Igreja assuma um papel renovado e mais positivo na comunidade humana global em rápida transformação.
Notas:
[1] Confira aqui em inglês.
[2] Confira aqui em espanhol.
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Resultados interinos: o Papa Francisco revitaliza as reformas do Vaticano II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU