Por: André | 01 Abril 2014
Uma sóbria vigília de oração em diferentes Igrejas de Roma, centenas de milhares de fiéis, a possível (embora não certa) presença do Papa emérito Bento XVI. O Vaticano apresentou nesta segunda-feira os detalhes da dupla canonização de João XXIII e João Paulo II que acontecerá no próximo de 27 de abril na Praça São Pedro. Para a ocasião, a diocese de Bérgamo, de onde era Angelo Roncalli, coloca à disposição três fundos caritativos com uma contribuição direta dos padres.
Fonte: http://bit.ly/1pFUQ6f |
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 31-03-2014. A tradução é de André Langer.
“As canonizações são uma graça de Deus, que o Senhor nos dá mostrando-nos como modelos de vida cristã homens de fé”, disse em uma coletiva de imprensa no Vaticano o cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para a Diocese de Roma. “E então, procuramos percorrer o caminho de uma espiritualidade mais intensa. Este, diria, é o sentido com que nos preparamos para este evento”.
O diretor da oficina para as Comunicações Sociais do Vicariato, o padre Walter Insero, explicou que antes da canonização haverá dois eventos. Na terça-feira, dia 22 de abril, acontecerá, às 20h30, na Basílica de São João de Latrão, um encontro para os jovens, “em particular os romanos”, presidido pelo próprio cardeal Agostino Vallini, com a intervenção dos dois postuladores: mons. Slavomir Oder (do beato João Paulo II) e o frei Giovangiuseppe Califano, postulador geral (do beato João XXIII). Depois haverá uma catequese de dom Fabio Rosini, diretor do serviço para as vocações do Vicariato de Roma. Se no dia antes da beatificação de Wojtyla, em 2011, houve uma quermesse no Circo Máximo, desta vez o estilo será o da sobriedade.
No sábado, 26 de abril, a partir das 21h haverá uma “noite branca de oração” durante a qual “as Igrejas do centro de Roma permanecerão abertas e será possível rezar e confessar-se”. Serão lidas passagens bíblicas, textos dos dois Pontífices e, em 11 igrejas, haverá uma animação litúrgica em diferentes idiomas. Em vista do dia 27 de abril, explicou o padre Insero, haverá diferentes canais nas redes sociais e na mídia para envolver particularmente os jovens: sobretudo, um portal (www.2papisanti.org) em diferentes línguas e uma conta no Twitter (@2popesaints). Mas as canonizações também estarão presentes no YouTube e no Facebook. Dentro de alguns dias estará disponível a “app” “Santo súbito”, dedicada a Karol Wojtyla.
O porta-voz vaticano, o padre Federico Lombardi, deu, por sua vez, alguns detalhes do evento de 27 de abril. Trata-se do “domingo da misericórdia”, como o primeiro de maio de 2011, dia da beatificação de Karol Wojtyla. A missa presidida pelo Papa Francisco começará às 10h na Praça São Pedro. Os concelebrantes serão cerca de mil (entre cardeais e bispos); cerca de 700 sacerdotes distribuirão a comunhão na Praça São Pedro, e centenas de diáconos ao longo da Via da Conciliação. Depois da missa será possível venerar as tumbas dos dois novos Santos. O Centro Televisivo Vaticano fará as filmagens do evento, com a colaboração da Sony e da Sky. Os fiéis não terão ingressos, precisou Lombardi, para evitar equívocos com compra-vendas. “Então... a praça, Via da Reconciliação... Quem chega, participa, assiste, mas não haverá ingressos. Não precisam pedi-los à prefeitura, porque não haverá”.
Há algumas semanas alguns jornalistas indicaram que se esperava a presença de cinco milhões de fiéis, e Lombardi explicou, na manhã desta segunda-feira, que “não há previsões vaticanas sobre os números. Esperamos que venham muitas pessoas, nos preparamos para acolhê-las bem, sem temores. Posso dizer – prosseguiu – que, segundo a minha experiência, quando se enche toda a Praça de São Pedro, Via da Conciliação e um pouco as zonas adjacentes, chega-se a cerca de 200, 250 mil pessoas. Se considerarmos que na cidade de Roma moram três milhões e setecentas mil pessoas, diria que estes números [cinco milhões] ultrapassam a infra-estrutura possível de atender estas multidões”.
Quanto à presença do Papa emérito Bento XVI na Praça São Pedro, disse Lombardi, “está claro que há uma expectativa. É preciso ver se quer, se deseja estar presente em uma circunstância tão cansativa. Então, a possibilidade está aberta, não há nenhuma segurança e nenhum compromisso”.
Na segunda-feira, 28 de abril, na mesma Praça São Pedro, o cardeal Angelo Comastri celebrará uma missa de agradecimento pelas canonizações. Para os jornalistas que vierem de todas as partes do mundo (fala-se em centenas, no momento), haverá um centro especial, dois andaimes para as televisões na frente da Praça e ao fundo da Via da Conciliação. O vicariato e a sala de imprensa estão estudando, em vista do evento, uma série de encontros entre os jornalistas e os postuladores, historiadores do papado, historiadores do Concílio Vaticano II (convocado por João XXIII) e testemunhas dos milagres.
“A diocese de Bérgamo – anunciou, por sua vez, mons. Giulio Dellavite, secretário-geral da cúria diocesana de Bérgamo – está se preparando para que a canonização, como momento de graça, tenha consequências na vida cotidiana”: haverá uma série de atividades dedicadas à caridade, à promoção humana e à solidariedade com a preocupação de que repercutam na vida cotidiana. Entre elas, um projeto de ajuda ao Haiti para garantir três anos de escolarização na Escola João XXIII; o convite aos sacerdotes para contribuírem com um mês do seu salário e a destinação da coleta de 27 de abril para um fundo de ajuda para as famílias em dificuldades ou a comemoração, no dia 12 de abril, da publicação da Encíclica Pacem in Terris, para a qual estão convidados os embaixadores dos países nos quais o então núncio Angelo Roncalli desempenhou sua missão diplomática (Bulgária, Turquia, Grécia e França) e cuja apresentação estará a cargo de Jacques Delors, ex-Presidente da Comissão Europeia.
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Canonização sóbria para João XXIII e João Paulo II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU