13 Março 2018
Mas há resistência de alguns católicos que estão desconcertados pela sua posição sobre questões como os migrantes e a família.
A reportagem é de Marie Malzac, publicada por La Croix International, 12-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Jean-Luc, um empresário de meia-idade de Gard, não hesita em elogiar o Papa Francisco. Ele é fascinado pela "abertura" de Francisco em muitas questões na sociedade e diz que fica tocado pela atitude "profundamente humana" do Papa. Um homem de família, Jean-Luc "completou a catequese, mas não muito mais". E no entanto devorou o livro de entrevistas com o Papa, Francis, Politics and Society (Francisco, política e sociedade, tradução livre), escrito pelo sociólogo Dominique Wolton.
"Este Papa fez com que eu me sentisse muito mais positivo sobre a Igreja", diz ele, sorrindo.
Porém, Jean-Luc não vai à missa há muito tempo e não muda a sua atitude em relação à Igreja.
Assim como Jean-Luc há muitos que têm uma atitude muito positiva em relação a Francisco, principalmente após as controvérsias ocorridas durante o pontificado de Bento XVI. Através de seus gestos e palavras perspicazes e compassivas, Francisco foi bem além dos círculos católicos habituais.
"O olhar de aprovação da grande mídia ao Papa teve um efeito benéfico para um número significativo de católicos, que se sentem mais à vontade em testemunhar a sua fé", afirma Guy-Emmanuel Cariot, reitor e pároco da Basílica de Saint-Denis em Argenteuil.
A iniciativa do Papa do Ano da Misericórdia, que começou no final de 2015 e terminou um ano depois, tem sido um dos momentos mais influentes de seu pontificado. Foi durante o Ano da Misericórdia que a Santa Túnica de Argenteuil foi exibida em Saint-Denis, em Île-de-France.
"A fim de se preparar para este evento, debrucei-me sobre as palavras do Papa", reconhece o padre Cariot.
Em menos de um mês, 230.000 visitantes inundaram o santuário Val d'Oise. Nada menos que 15.000 se confessaram: a maioria não participava deste sacramento havia muitos anos.
"O Papa mais uma vez deu um lugar de honra para a piedade do povo, e muitos foram incentivados a confiar em Deus no Sacramento da Reconciliação," explica o padre.
Para outros, o Papa Francisco tem sido o "catalisador" de uma viagem espiritual pessoal. É o caso de Henry, ex-protestante que trabalha em uma editora. Ele se tornou católico "graças a Francisco". Seu caminho ao catolicismo começou alguns anos atrás; no entanto, foi o Papa Francisco que teve um “efeito decisivo" na sua adesão à Igreja Católica.
"Todo mundo fala sobre as ações do Papa em apoio a pessoas divorciadas e recasadas e aos migrantes, mas sua atitude com os protestantes não é menos que revolucionária", diz.
Entre os católicos praticantes, Francisco também teve um impacto notável. Sua insistência em temas de ecologia, por exemplo, tem encontrado eco numa categoria da população que era conhecida por não se preocupar com questões ambientais.
Mathilde Chevalier, estudante de psicologia de 23 anos em Paris, foi "ecologicamente correta” por algum tempo, mas a publicação da encíclica Laudato si' foi, para ela, "uma confirmação e um incentivo para se conectar sua preocupação com a Terra e sua fé". Ela lamenta que os apelos do Papa por mais respeito para a Terra ainda não tenham um efeito sobre todos.
Sendo assim, podemos falar de um "efeito Francisco"? Não há dúvidas de que sim, em relação à imagem da Igreja. No entanto, no que se refere a um aumento na prática, ou ao crescimento do número de aspirantes às vocações dentro da Igreja, esse efeito permanece difícil de quantificar. E há resistência de alguns católicos, que estão desconcertados por sua posição sobre questões como os migrantes e a família.
Embora a loucura pelo Papa que caracterizou os primeiros dias de seu pontificado já não seja tão animada, não há dúvida de que — como sugere o padre Cariot — Francisco está formando uma nova geração de católicos, mais preocupados com as questões sociais e comprometidos com sua fé.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Papa Francisco está formando uma nova geração de católicos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU