14 Março 2018
O pontificado de Jorge Mario Bergoglio completou cinco anos de idade. A mensagem de augúrios mais importante foi assinado por Joseph Ratzinger. O Papa emérito dirige-se, sobretudo, aos detratores de Francisco para dizer: não me usem para cobrir suas batalhas contra o argentino.
Ratzinger enviou uma carta a Mons. Dario Viganò, prefeito da Secretaria para a comunicação, que lhe pedia a recensão de uma série - com curadoria de Don Roberto Repole - que resume a "Teologia do Papa Francisco": "Aplaudo esta iniciativa que se opõe ao insensato preconceito de que o papa Francisco seria apenas um homem prático, sem particular formação teológica ou filosófica, enquanto eu teria sido apenas um teórico da teologia, que pouco teria percebido da vida concreta de um cristão hoje. Os pequenos volumes mostram corretamente que o papa Francisco é um homem de profunda formação filosófica e teológica e, portanto, ajudam a ver a continuidade interna entre os dois pontificados, mesmo com todas as diferenças de estilo e temperamento".
A reportagem é de Carlo Tecce, publicada por Il Fatto Quotidiano, 13-03-2018. A tradução é de Ramiro Mincato.
Pela primeira vez, tão claramente, o vetusto Ratzinger interveio em público - talvez no momento mais feroz, embora submerso, dos confrontos na Cúria – para atribuir a Bergoglio a herança que guarda, escondida "do mundo", em um convento do Vaticano.
Sempre mais limitado em seus deslocamentos, devido ao avanço dos anos (em 16 de abril completa 91), Ratzinger nunca parou de observar o pontificado de Bergoglio: os "papas" se encontram frequentemente e Bento XVI recebe os mais confiáveis colaboradores de Francisco, para saber, compreender e, se for o caso, como aconteceu, agir.
A mais alto grau ocupado pelos adversários de Bergoglio, durante muito tempo, foi o do cardeal Gerhard Ludwig Müller. Estimado teólogo alemão, como Ratzinger. Chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, como Ratzinger. Até que Bergoglio o retirou do Santo Ofício e descobriu-se, plasticamente, que o Papa Emérito nunca o apoiara.
Com extrema sinceridade, Bento XVI admite "uma diferença de temperamento" com Bergoglio; foi precisamente a questão do caráter que levou o Conclave - 13 de março de 2013 - a rejeitar o italiano Angelo Scola e entregar a Igreja ao jesuíta de Buenos Aires, para não repetir a trama de 2005, quando Ratzinger foi escolhido, em detrimento de Bergoglio, então com 68 anos de idade, para não impedir as tramas do poder que se desenvolveram às costas do padecente João Paulo II.
O frágil Bento XVI não conseguiu contrastar o assalto do Vaticano pelos cardeais italianos, liderados por Tarcisio Bertone, que em 2005, no Conclave, moveram-se como grandes eleitores mas, logo após a saudação no balcão de São Pietro, tornaram-se os patrões.
Dinheiro sujo. Escândalos de pedofilia. Venenos na Cúria. Enfraquecido pelos escândalos, para salvar a Igreja, Ratzinger renunciou em 11 de fevereiro de 2013. Então, voou para o exílio em Castel Gandolfo, esperando o sucessor. Lá acolheu - dia 23 de março – o Papa Francisco e, na frente dos fotógrafos, lhe deu uma caixa com centenas de páginas, que traziam os indescritíveis resultados de uma investigação dos cardeais. O mandato de Francisco era preciso: punir os réprobos, mesmo que poderosos, erradicar a malversação, a corrupção, a pedofilia. Complicado. Hoje, talvez realmente se precise de dois "papas".
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Ratzinger aos opositores: "Francisco, um grande Papa" - Instituto Humanitas Unisinos - IHU