25 Novembro 2025
Em janeiro deste ano, Antonio Spadaro, subsecretário do Dicastério para a Cultura e a Educação Católica e editor da revista La Civiltà Cattolica, publicou um artigo no Avvenire cuja temática está repercutindo entre teólogos e jornalistas europeus.
A proposta, difundida por meio do bordão “teologia rápida”, visa o desenvolvimento de um pensamento teológico capaz de responder aos desafios que emergem no atual contexto sociocultural, onde a Igreja não dita mais a cultura. “A Igreja perdeu a direção da produção cultural, que tinha sua base e propósito em uma visão teológica da vida. A maneira de evangelizar, entrando em culturas complexas, híbridas, dinâmicas e mutáveis como as atuais, implica a maturidade de compreender que somos atores, e talvez às vezes protagonistas, mas sempre juntos e ao lado dos outros. Nosso futuro não é mais construído em busca de ‘hegemonias culturais’”, justifica.
Num contexto de mudanças socioculturais, onde novos modos de viver aparecem, o “maior desafio” da teologia, argumenta o teólogo jesuíta, “é dialogar empaticamente, também em busca de novas linguagens para expressar a fé”.
As reações à teologia rápida foram reproduzidas no site do Instituto Humanitas Unisinos - IHU ao longo deste ano. Na manhã de hoje, 25-11-2025, Spadaro explicitará em que consiste esta proposta na conferência A teologia rápida como resposta à mudança de época, promovida pelo IHU. O evento, com interpretação simultânea, será às 11h30min e com transmissão na página eletrônica do IHU, no YouTube e nas redes sociais. No Zoom, a palestra poderá ser acompanhada no idioma original. A atividade é gratuita. Será fornecido certificado a quem se inscrever e, no dia do evento, assinar a presença por meio do formulário disponibilizado durante a transmissão.
Em entrevista concedida ao “L'Osservatore Romano”, dois meses depois da publicação do texto, Spadaro esclareceu o sentido da teologia rápida a partir de uma distinção entre “rapidez” e “velocidade”. Em resumo, pontuou, “teologia rápida não significa teologia apressada ou superficial, mas sim uma reflexão que acompanha o fluxo da história em tempo real, sem esperar para falar depois dos fatos. E é 'saborosa' porque tem o gosto da história, deixando-se envolver pelos desafios atuais a fim de iluminar as situações a partir de dentro”. Rapidez, portanto, não significa negação da reflexão, mas o seu exercício “de uma nova maneira”, acrescenta.
Pierangelo Sequeri, Andrea Grillo, Luca Doninelli, Giuseppe Guglielmi e Giuseppe Villa são alguns dos intelectuais que reagiram à proposta. Dias atrás, o jornalista italiano Riccardo Cristiano também entrou no debate. Para ele, uma teologia rápida, para ser oportuna, não pode ser reduzida a um “conjunto de respostas novas, fáceis e rápidas”. A teologia rápida, pondera, “não exclui a lentidão, mas a integra. Não nega a profundidade, mas a vive no ritmo do presente, como quem sabe refletir enquanto caminha. A teologia rápida, portanto, é oportuna; mas, para prosseguir, há uma premissa crucial: que ‘teologia rápida’ não é ‘rápida’”.
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