24 Outubro 2025
Esse governo, bem o sabem os ministros à direita de Benjamin Netanyahu, "é o melhor que o movimento para os assentamentos jamais teve". E representa uma janela de oportunidade única para aprovar a "Aplicação da soberania israelense na Judeia e Samaria (nome bíblico usado pelos israelenses para se referir à Cisjordânia, ndr)", ou seja, o projeto de lei apresentado pelo deputado Avi Maoz, do pequeno partido Noam, o menor do bloco sionista religioso de extrema direita ao qual também pertencem os ministros Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich. Portanto, não há tempo a perder e não se olha na cara de ninguém, mesmo ao custo de colocar o próprio primeiro-ministro em uma posição difícil em relação aos Estados Unidos. Assim, em meio à visita do vice-presidente EUA J.D. Vance a Israel, e apesar da oposição de Donald Trump à anexação da Cisjordânia por Israel (ou talvez precisamente por isso), a direita israelense vence por uma pequena margem — literalmente por um único voto, 25 a 24 — a aprovação na leitura preliminar do projeto de lei para anexar efetivamente os assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada.
A reportagem é de Fabiana Magrì, publicada por La Stampa, 23-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O sucesso "preliminar" é apenas o primeiro passo. Há mais três leituras a serem realizadas, após as discussões no Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, antes que a legislação possa ser aprovada. Enquanto isso, no entanto, a ação forçada de Maoz — Netanyahu havia pedido a retirada do projeto de lei precisamente para evitar tensões com o número dois da Casa Branca e votou contra — "descongelou" a polêmica questão da anexação da Cisjordânia. E deu um prato cheio àqueles que nas mídias há dias ironizam sobre a função de "bibi-sitting" — uma vigilância atenta sobre o primeiro-ministro Bibi e seus parceiros indisciplinados de extrema direita — do representante estadunidense em Israel. Após a troca de guarda entre Steve Witkoff e Jared Kushner (que voou de Ben Gurion diretamente para Riad e Abu Dhabi) e JD Vance, hoje também chega a Tel Aviv e Jerusalém o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Autoridades de Washington e Jerusalém estão chamando esse vaivém de "estreita coordenação", e Netanyahu esclarece que o Estado judaico "não é um vassalo dos Estados Unidos".
A impressão, no entanto, é que os EUA estão cientes da fragilidade do cessar-fogo em Gaza. Além disso, o ministro das Finanças israelense, Bezalel Smotrich, um líder dos colonos, foi em visita a Washington nos últimos dias. Não para discutir política econômica, destacam os analistas, mas sim para garantir que o Departamento do Tesouro dos EUA "abrace totalmente" o plano de Trump para Gaza.
Em seu encontro com Vance, Netanyahu reiterou sua disposição de colaborar com Washington nas próximas etapas do acordo, mas também enfatizou suas "linhas vermelhas": nenhum soldado turco em solo de Gaza, nenhum papel para a Autoridade Palestina no governo da Faixa e uma retirada completa das forças israelenses somente após o desarmamento completo do Hamas. Ambos os líderes concordam que os próximos passos serão os mais árduos: "Eu nunca disse que seria fácil", disse o vice-presidente dos EUA. "Mas estou otimista de que o cessar-fogo se manterá e que podemos efetivamente construir um futuro melhor para todo o Oriente Médio."
E a diplomacia está em ação em toda a região: o vice-presidente palestino Hussein Al-Sheikh e o chefe dos serviços secretos palestinos Majed Faraj estão no Cairo para conversas com autoridades egípcias, enquanto o ministro das Relações Exteriores turco, Hakan Fidan, está em Doha com seu homólogo catariano, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani. O encontro também contou com a presença do chefe da inteligência de Ancara, Ibrahim Kalin. E o Hamas, após advertências dos mediadores, teria garantido – segundo o Wall Street Journal, citando fontes árabes – interromper as execuções públicas de dissidentes e bandos rivais. "Queremos que o acordo dure", diz seu líder Khalil al-Hayya. Enquanto isso, segundo o WSJ, Jared Kushner teria intenção de reconstruir a metade do enclave palestino controlada por Israel enquanto aguarda o desarmamento do Hamas. Mas autoridades de defesa israelenses, segundo as mídias locais, alertaram a liderança política de que os jihadistas estão retomando o controle e a governança na Faixa.
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