09 Setembro 2025
A Porta Santa como símbolo da Igreja aberta a todos: hoje o primeiro Jubileu LGBTQ+. Às 11h, a missa será celebrada por Dom Francesco Savino, seguida pela procissão até a Basílica de São Pedro às 14h30. O vice-presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI) explica ao La Stampa: "Como bispo, não me interessa defender fronteiras, mas proteger rostos. E o rosto de quem ama, crê, espera e sofre não pode ser mantido fora do coração da Igreja. Não pode ser excluído de suas bênçãos, nem de suas liturgias interiores. Não se trata de mudar a doutrina, mas de purificar o olhar. Jesus sempre escolheu estar ao lado dos corpos feridos, dos corações desprezados, das histórias negadas. Isolar significa criar guetos. Com a peregrinação jubilar, o Papa envia uma mensagem forte”. Um apelo aceito por La Tenda di Gionata, uma associação que promove o acolhimento e a formação dos cristãos LGBTQ+: "Não somos escândalo, mas bênção. Batemos à porta, abriram. Não cercas, mas um caminho junto."
A informação é de Giacomo Galeazzi, publicada por La Stampa, 06-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ontem, os testemunhos e a vigília de oração, hoje, as celebrações, no domingo, a participação no Angelus. O médico Paolo Spina conta: "Muitas vezes nos sentimos marginalizados, com a boca fechada, como se bloqueada por uma pedra rolada contra um sepulcro, considerado impuro, indigno, inapto para honrar as maravilhas que o Senhor realizou em nós." Anke Budweg, da Suécia, relata: "Como mãe de dois filhos transgênero, sinto-me realmente abençoada. Fazer parte da sua trajetória, aprender deles e junto com eles, é um dom que eu não trocaria por nada no mundo."
Dea Santonico concorda: "Precisava ser restituída uma identidade negada. Correntes precisavam ser quebradas, impostas pelo convencionalismo, que os queria invisíveis, talvez tolerados, desde que permanecessem nas sombras. Atravessarei a Porta Santa. Vamos salvar a Igreja por meio dessa contaminação."
Um momento espiritual sem bandeiras ou sinais distintivos. Um Jubileu, enfatiza D. Franceso Savino, a ser vivido como "um testemunho que nos pede apenas para acompanhar. Para sermos finalmente aquela casa onde ninguém deve se sentir um hóspede de passagem, mas um filho amado." O vice-presidente da CEI acrescenta: "O primeiro ato teológico da Igreja é o abraço. O segundo é a escuta. O terceiro é o silêncio de adoração diante do mistério do outro. Cada vez que nos prendemos rigidamente a categorias morais, deixamos de ver rostos. Cada vez que falamos sobre o outro em vez de com o outro, traímos o Evangelho do encontro. A posição da Igreja sobre a afetividade e a sexualidade, se quiser ser realmente evangélica, não pode ser reduzida a fórmulas normativas ou moralistas. Deve partir das histórias, dos rostos, das relações. A verdadeira ortodoxia não é rigidez, mas compaixão inteligente. A homossexualidade não é um desvio da Graça, mas um lugar, muitas vezes ultrajado, no qual a graça pode se manifestar, visitar, salvar."
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