19 Agosto 2025
Em 2010, o jesuíta Klaus Mertes pôs em movimento o escândalo de abusos da Igreja Católica. Muitos casos aconteceram em ordens religiosas. No entanto, estas muitas vezes não conseguem pagar altas indenizações, ressalta Mertes.
A informação é publicada por katolish.de, 18-08-2025.
O jesuíta Klaus Mertes pediu aos bispos e às ordens religiosas financeiramente fortes que apoiem as ordens mais fracas no pagamento de indenizações às vítimas de abuso sexual. Muitas ordens não possuem grandes patrimônios. “Elas recuam diante de valores de várias centenas de milhares de euros, que algumas dioceses atualmente pagam em casos individuais a vítimas de abuso”, disse Mertes ao jornal Süddeutsche Zeitung nesta segunda-feira. Ele exigiu mais solidariedade, “especialmente por parte das dioceses e ordens que no passado, por exemplo, muito se beneficiaram das congregações femininas”.
Segundo Mertes, ele próprio sugeriu cedo a criação de um fundo comum para as vítimas. “Mas as condições impostas pelos diretores financeiros das dioceses, para que participassem dos pagamentos, significariam que as ordens perderiam sua liberdade de ação. Isso as ordens não puderam aceitar”. O jesuíta, então reitor do Colégio Canisius de Berlim, revelou em 2010 os abusos cometidos contra alunos por dois religiosos, desencadeando assim o escândalo de abusos da Igreja Católica na Alemanha.
A Comissão Independente para Serviços de Reconhecimento (UKA), existente na Igreja desde 2020, com razão não decide com base na situação financeira das ordens ou das dioceses mais pobres. Mas os pagamentos também precisam ser viáveis. “Outras dioceses têm, em caso de valores altos, possibilidades financeiras diferentes”. Mertes qualificou como uma “experiência amarga” o fato de alguns bispos, na época, terem dado a impressão de que a violência sexualizada era exclusivamente um problema das ordens religiosas. “Alguns bispos aproveitaram a oportunidade para se colocar diante das comunidades religiosas como grandes esclarecedores”. A investigação, no entanto, deve ocorrer de forma independente da Igreja.
Segundo Mertes, há também ordens que “simplesmente se recusam” a lidar com os casos de abuso sexual. Às vezes, porém, também estão sobrecarregadas com a tarefa, quando, por exemplo, os membros remanescentes têm uma média de idade em torno de 80 anos. Além disso, as ordens são organizações internacionais. “Se elas, por exemplo, começaram o processo de apuração na Alemanha, isso não significa que já tenham começado em outros países ou que as sedes em Roma participem”. Mesmo a melhor prevenção, na avaliação do jesuíta, “nunca evitará completamente” os abusos. Ele também espera que continuem a se apresentar vítimas que, depois de 2010, inicialmente ainda aguardaram.