Hungria veta pela primeira vez marcha LGBT+ com sua lei contra a "promoção" da homossexualidade

Foto: Fotos Públicas

Mais Lidos

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Mai 2025

A polícia húngara proibiu nesta segunda-feira uma manifestação contra a homofobia e a transfobia prevista para 1º de junho, invocando a controversa lei que proíbe as marchas LGBT+ sob o argumento de proteger os menores, segundo denunciaram cinco ONGs do país da Europa Central.

A informação é publicada por Página12, 27-05-2025.

Esta é a primeira vez que a polícia faz uso da polêmica lei aprovada em março, que proíbe reuniões que promovam a mudança de sexo ou a homossexualidade, assim como a participação nelas, e que foi criticada pela União Europeia (UE) como um ataque aos direitos das minorias.

"A polícia (húngara) proibiu o evento citando a reforma legal de março, que proíbe a realização de manifestações que representem a homossexualidade ou as minorias sexuais e que 'possam significar uma violação dos direitos das crianças'", informaram cinco ONGs húngaras em um comunicado conjunto.

"Ao proibir o evento, o Estado restringe de forma arbitrária e discriminatória um dos direitos democráticos mais fundamentais: o direito à reunião pacífica e à liberdade de expressão", afirma o documento assinado pelo Comitê Helsinki, Anistia Internacional, Fundação Missão Arco-Íris (que organiza a marcha do Orgulho), Sociedade Háttér e Sociedade para as Liberdades Civis.

As organizações ressaltam que o anúncio da marcha enfatizava seu caráter pacífico e seu objetivo de defender os direitos da comunidade LGBT+, e que, mesmo assim, as autoridades decidiram proibi-la.

O governo do ultranacionalista Viktor Orbán promoveu em março a lei que, junto a uma emenda constitucional, blindou a proibição das marchas LGBT+ no país.

A reforma aprovada estabelece que "o direito da criança ao desenvolvimento físico, mental e espiritual adequado prevalecerá sobre todos os demais direitos fundamentais, com exceção do direito à vida", o que significa que o direito de reunião se subordina a essa "proteção da infância".

A emenda estabelece que, para garantir a defesa dos menores e seu desenvolvimento "adequado", não serão permitidas "reuniões que promovam ou exibam a mudança de sexo de nascimento ou a homossexualidade", assim como a participação nelas.

Desde a aprovação da normativa, ONGs e outras organizações da Hungria e do exterior denunciaram que essa lei pode ser usada para proibir a marcha do Orgulho, prevista para 28 de junho, como ato final do mês do "Budapest Pride". O comunicado de hoje das ONGs antecipa que continuam planejando realizar a marcha do Orgulho e que ela "deve ser maior, e tem que ser maior do que nunca".

A Comissão Europeia (CE) anunciou em abril que está analisando a reforma legal que blinda a proibição das marchas do Orgulho LGBT+ e "não hesitará" em tomar medidas contra o país "se necessário".

Orbán chegou ao poder em 2010 e, nos últimos 15 anos, seu governo tem limitado legalmente os direitos da comunidade LGBT+.

Após a aprovação da normativa, 22 embaixadas europeias, entre elas as da Alemanha, França, Reino Unido e Espanha, expressaram profunda preocupação com as "restrições ao direito de reunião pacífica e à liberdade de expressão".

A proibição ocorre no momento em que o Parlamento húngaro, com maioria absoluta do partido de Orbán, discute medidas que podem restringir ainda mais a atividade de ONGs e organizações civis, e até permitir seu fechamento.

Uma nova iniciativa busca criar um registro de organizações que ameaçam a soberania da Hungria com ajuda estrangeira, seguindo o modelo russo da lei sobre "agentes estrangeiros", adotada pelo presidente russo Vladimir Putin em 2012.

Leia mais