11 Abril 2024
Os bispos católicos da Alemanha, Bélgica, França e Luxemburgo publicam o documento “Um novo fôlego para a Europa” [disponível em francês aqui], uma carta pastoral apelando aos cidadãos da União Europeia para que votem “em um projeto de esperança” nas próximas eleições.
A reportagem é de Guillaume Daudé, publicada em La Croix International, 10-04-2024. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Bispos católicos de quatro países da União Europeia emitiram uma nova carta pastoral para ajudar a orientar os eleitores quando estes forem às urnas em junho para eleger deputados ao Parlamento Europeu.
O texto, intitulado “Um novo fôlego para a Europa”, foi apresentado no dia 8 de abril por oito bispos da Alemanha, Bélgica, França e Luxemburgo, todos de dioceses ao longo das fronteiras da Europa Central. O evento ocorreu na cidade de Scy-Chazelles (Diocese de Metz), no nordeste da França, na casa e cemitério de Robert Schuman, um dos “pais fundadores” da Europa pós-Segunda Guerra Mundial.
Entre os presentes, estava o cardeal Jean-Claude Hollerich, o jesuíta que atua como arcebispo de Luxemburgo e é membro do principal órgão consultivo do Papa Francisco, o Conselho de Cardeais.
“A Europa não é perfeita e nem sempre corresponde às expectativas dos nossos cidadãos”, explicou Marc Stenger, bispo emérito de Troyes (França). Ele disse que é por isso que ele e seus coirmãos bispos estão exortando seu povo a “melhorá-la com as ferramentas que a democracia nos oferece” e a encorajá-los a “escolher candidatos que apoiem o projeto europeu”.
Em sua carta, os bispos recordam os fundamentos da integração europeia e os problemas que ela enfrenta hoje, incluindo as crises nacionais, geopolíticas, econômicas e migratórias. Diante dessa “crise da consciência europeia”, eles dizem que é necessário “um novo fôlego para escolher a unidade na diversidade e a solidariedade com os indivíduos”. Os prelados definem um “humanismo europeu” que sintetiza os valores compartilhados por todos os europeus e orienta a postura a ser tomada nas próximas eleições.
Em particular, os líderes católicos destacam um “humanismo do diálogo” e uma abertura “aos estrangeiros e aos migrantes”, ao mesmo tempo que alertam contra a tentação de “fechar” as próprias fronteiras.
“As fronteiras não são barreiras; são locais de encontro”, disse Dom Philippe Ballot, arcebispo de Metz, ao comentar a carta pastoral. Ele enfatizou a responsabilidade particular “dos territórios que antes eram campos de batalha e agora se tornaram campos de fraternidade”.
No novo texto, os bispos afirmam que o humanismo europeu é também “um humanismo baseado no respeito pelo indivíduo e na solidariedade (...) quer se trate de crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas saudáveis ou doentes, nativas ou estrangeiras, homens ou mulheres”.
Enquanto os partidos populistas e eurocéticos estão em alta nas pesquisas antes das eleições, as quais a maioria dos 27 Estados-membros da União Europeia realizarão no dia 9 de junho, a carta pastoral dos bispos apela a “redescobrir o gosto pela aventura europeia, apesar das condições atuais”. Dom Jean-Pierre Delville, bispo de Liège (Bélgica), disse que “aceitar a diversidade” e rejeitar o “individualismo” remonta ao século V, quando o desenvolvimento da Europa foi marcado por encontros culturais e integrações sucessivas.
Durante a apresentação de seu novo documento, os bispos prestaram homenagem especial a Robert Schuman, um candidato à canonização que foi declarado “venerável” em 2021. “Schuman deve continuar sendo uma referência para as gerações futuras”, disse o arcebispo Ballot. Com efeito, a carta pastoral o propõe como um modelo.
“O espírito de Cristo sopra hoje sobre nós para que sejamos seus mensageiros de paz, seguindo os passos de Schuman, que escreveu: ‘Nosso objetivo deve ser estabelecer uma comunidade espiritual entre os homens e entre as nações’”, diz o texto.
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Bispos pedem “humanismo do diálogo” e “respeito pelo indivíduo” nas próximas eleições da União Europeia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU