“Ficar doente em Gaza é uma sentença de morte”

Foto: Anadolu Ajensi

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14 Abril 2025

Depoimento da jornalista Rita Baroud após o bombardeio israelense ao hospital Al-Alhi. A saúde está em colapso

O depoimento é publicado por La Repubblica, 14-04-2025.

Em Deir al-Balah, o único hospital ainda em funcionamento é o Hospital dos Mártires de Al-Aqsa. Ele acolhe pessoas feridas nos bombardeios, casos críticos e mulheres dando à luz, mas está esgotado. Os suprimentos médicos estão quase esgotados. A equipe repete: “Operamos sem anestesia completa e reutilizamos os mesmos instrumentos várias vezes”. Não há apenas escassez de medicamentos e antibióticos, mas também de gaze, luvas e bolsas de sangue. Tendas foram transformadas em clínicas de campanha ao redor do hospital. Primeiro eram abrigos, agora são postos de primeiros socorros. Médicos e voluntários conseguem oferecer apenas o mínimo de serviço nessas estruturas improvisadas. Não há máquinas e não é possível fazer exames diagnósticos, você só pode tentar aliviar a dor. Uma enfermeira nos conta: "Não sabemos mais para onde enviar os pacientes. Alguns dormem nos corredores, outros esperam do lado de fora, sob o sol, por horas."

Com as passagens de fronteira fechadas e a ajuda bloqueada por mais de 41 dias, ninguém sabe por quanto tempo mais a estrutura conseguirá resistir. Hoje, ficar doente em Gaza pode ser equivalente a uma sentença de morte. Muitas unidades de saúde foram afetadas ou não estão mais aceitando pacientes. Alguns buscam ajuda de uma clínica de campanha para outra, outros ficam em casa, sem alternativas. Um médico confidencia: "O que mais dói não são os feridos, mas as pessoas que morrem em silêncio porque ninguém pode salvá-las. Hoje, o prédio da prefeitura foi bombardeado, perto de uma pequena clínica com recursos mínimos. Lá, jovens voluntários tentam suprir a falta de pessoal e equipamentos em tendas montadas no pátio como se fossem enfermarias. Um médico diz: "O bombardeio foi muito próximo. Os pacientes estavam em pânico, nós também estávamos assustados. Os estilhaços nos atingiram. A clínica está cheia de tendas e elas não protegem de nada.

Médicos Sem Fronteiras deram o alarme: a situação da saúde em Gaza está se deteriorando a uma velocidade assustadora. Quanto a mim, também peguei um vírus ruim e fiquei doente por vários dias, debilitada, até que liguei para uma amiga médica para me examinar, mas ela respondeu: "Não venha. A clínica está cheia de casos graves. Você pode pegar algo pior". Depois, acrescentou num tom mais leve: "Fique na cama. Beba algo quente." E concluiu rindo: "As farmácias estão vazias mesmo. Não tem mais remédio!" Naquele riso era possível sentir todo o seu cansaço e resignação.

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