24 Março 2025
Rashid Khalidi é um historiador de referência internacional do Oriente Médio. Nesta entrevista exclusiva, ele explica como a atual guerra na Palestina é fruto de décadas de colonialismo violento de colonos apoiados por potências ocidentais, projetado para expulsar os palestinos de suas terras.
As terríveis injustiças inerentes à expulsão dos palestinos e à negação de sua existência nacional precisam ser reparadas. O professor Rashid Khalidi é um historiador palestino-americano da Universidade de Columbia e uma autoridade na questão do que se refere ao conflito no Oriente Médio. Em seu livro The Hundred Years’ War on Palestine (A guerra dos cem anos na Palestina), ele explora as raízes mais profundas de uma campanha de limpeza étnica, que hoje está atingindo novos patamares de violência.
Khalidi participou da conferência “Witnessing Atrocities: Dissent in the Wake of Gaza”, realizada pela Spore Initiative. Na conferência, ele conversou com Hanno Hauenstein sobre os protestos contra a guerra nos Estados Unidos, as ações de Israel em Gaza e o clima político atual na Alemanha, onde seu livro foi recentemente publicado. Este texto baseado em sua conversa foi ligeiramente editado para oferecer maior clareza.
A entrevista com Rashid Khalidi, é de Hanno Hauenstein, publicada por Jacobin. A tradução é de Gercyane Oliveira.
Atualmente, estão ocorrendo protestos nos campi de todos os Estados Unidos, principalmente na sua Universidade, a Columbia. Muitas vezes, eles são rotulados de “antissemitas”. Como o senhor vê esses protestos?
Tenho acompanhado de perto o que está acontecendo desde 07 de outubro, já que nosso campus tem sido palco de protestos desde então. Não acho que as pessoas que organizam as manifestações sejam antissemitas. Na verdade, uma grande parte delas é judia. Portanto, estamos falando de uma fusão entre o ódio aos judeus, ou seja, o antissemitismo, e uma crítica a Israel e ao sionismo em resposta a um fenômeno político realizado por um Estado.
Com o total apoio de Donald Trump, Netanyahu lança o plano final contra o Hamas, em Gaza e na Cisjordânia. O custo humano dos bombardeios, desde a quebra do cessar-fogo, já é assustador: 710 palestinos mortos na Faixa de Gaza em 48 horas.https://t.co/MHj7sMJXhr pic.twitter.com/4EHubFTI3E
— IHU (@_ihu) March 21, 2025
Fora do campus, alguns dos grupos que se manifestaram podem ter incluído slogans antissemitas. De fato, as manifestações de direita pró-Israel lideradas por pessoas como os Proud Boys e grupos nacionalistas cristãos são bastante antissemitas. Mas a tentativa de argumentar que o uso de um termo como “intifada” é antissemita é absurda.
Como assim?
Intifada significa “levante”. No caso palestino, uma revolta contra uma ocupação violenta e ilegal de 56 anos. Agora, se você acredita que a ocupação e o controle israelenses sobre a Cisjordânia são dados por Deus e que qualquer oposição a eles é antissemita, o problema é seu. O ocupante pode muito bem ser dinamarquês, isso realmente não faz diferença. Se dinamarqueses perseguidos e divinamente inspirados estivessem ocupando a Palestina, certamente não seria anticristão resistir ou criticar seu projeto de colonização. Mas, de alguma forma, é antissemita resistir ou criticar esse mesmo projeto de colonização? Isso não faz sentido.
No entanto, os dinamarqueses não têm exatamente nenhuma conexão ancestral com a terra da Palestina – ou de Israel, por falar nisso. No entanto, há um argumento para explicar por que o povo judeu consideraria a terra como um lugar de pertencimento, em termos históricos e religiosos.
É claro que isso está correto. Como cito no início de meu livro, quando um antepassado meu escreveu uma carta a Theodor Herzl, ele disse: “Você tem uma conexão ancestral com este país.”
Os palestinos cristãos e muçulmanos acreditam na conexão do povo judeu com esta terra. Isso lhes dá um título de propriedade? Os romanos têm o direito de assumir o controle da Líbia, do norte da África e da Turquia porque Roma já os controlou no passado? Os muçulmanos têm o direito de retomar a Espanha porque já a controlaram? Era uma vez uma minoria judaica em uma parte da Palestina. Isso dá aos nacionalistas israelenses modernos uma escritura de propriedade da terra? É claro que não.
Only a massive movement of refusal, resistance, disruption and direct confrontation with this minority government can prevent disaster. Future generations will ask: Where were you when Netanyahu assassinated the country? | Opinionhttps://t.co/LHHB3paN7d
— Haaretz.com (@haaretzcom) March 21, 2025
Essa é uma crença compartilhada apenas por israelenses e, infelizmente, por alguns cristãos evangélicos. Ela tem peso em termos religiosos. Infelizmente, devido a pessoas como Arthur James Balfour e a muitos políticos americanos, ela também tem peso político. Isso é uma tragédia porque envolve uma violação dos direitos de uma população autóctone.
Vamos falar sobre seu livro. O relato da história da Palestina que você apresenta é de uma colonização desde o início, desde o período do mandato até hoje. Muitos concordarão que o que está acontecendo na Cisjordânia é um processo de colonização de assentados. Mas definir a criação do Estado de Israel nesses termos não é exatamente uma visão consensual. Considerando isso, você realmente diria que a criação do Estado de Israel foi historicamente legítima?
O sionismo não é apenas a colonização de um povo. O sionismo não é apenas o resultado da perseguição europeia ao povo judeu. O sionismo não é apenas o reflexo de um antigo anseio de retorno à terra de Israel. O sionismo é tudo isso – combinado. E é um movimento que, consciente e explicitamente, desde o início, se viu como um projeto de colonização. A agência de compra de terras para o projeto sionista era chamada de Jewish Colonization Agency [Agência de colonização judaica]. Isso não é uma fantasia antissemita de um historiador fanático tentando difamar um movimento nacional purista com raízes bíblicas. Esse movimento se viu como um projeto colonial desde o início: foi o que Herzl disse, foi o que [Ze’ev] Jabotinsky disse e foi o que [David] Ben-Gurion disse. Eu realmente não entendo como os historiadores podem contestar isso.
Os críticos podem argumentar que o projeto de Estado de Herzl não era um projeto colonial da maneira como o entendemos hoje.
Era um projeto de caráter nacional. Herzl foi um dos fundadores de um movimento nacional cujos meios eram explicitamente coloniais. Há um precedente histórico. Temos os Estados Unidos da América. Temos o Canadá. Temos a Austrália. Temos a Nova Zelândia. Todos esses são projetos coloniais que se tornaram projetos nacionais.
Essa pergunta também representa uma divisão na forma como o chamado Sul Global tem analisado a história palestina, em oposição às pessoas do Ocidente. A seu ver, quem mais luta contra a noção de colonialismo israelense?
Isso é algo que os palestinos têm defendido desde o início. Até a Segunda Guerra Mundial, os próprios sionistas nunca contestaram essa noção. Somente depois da Segunda Guerra Mundial é que Israel começou a se promover como um projeto “anticolonial”, porque durante alguns anos lutou contra os britânicos. Um dos motivos pelos quais a natureza anticolonial e original de Israel e do sionismo foi aceita no Ocidente era o sentimento de culpa e a convicção de que a compreensão sionista da narrativa bíblica estava correta. Muitos evangélicos e protestantes fazem uma leitura da Bíblia que dá crédito a esse argumento. Isso encobriu o aspecto colonial secular para muitos ocidentais.
Israel recently committed the largest child massacre in its history. The numbers are not reported in the Israeli media, and if they are – it's always minimized | Opinion | Hanin Majadli https://t.co/yPPh9rwMBm
— Haaretz.com (@haaretzcom) March 21, 2025
Qual é o papel dos israelenses na sua compreensão da história palestina?
Você precisa se perguntar: existe um povo israelense e ele tem direitos? Bem, você tem um povo americano. Os direitos do povo americano são exercidos às custas da população indígena até hoje, como acontece na Nova Zelândia, no Canadá e na Austrália. Essas terríveis injustiças devem ser corrigidas. Mas há, sem dúvida, um povo americano. Hoje existe um povo israelense. As terríveis injustiças inerentes à desapropriação dos palestinos e à negação de sua existência nacional precisam ser reparadas. Não há como contornar isso.
Em seu livro, você divide a história da Palestina em 6 capítulos – desde o período do Mandato e da Declaração de Balfour, passando pela fundação de Israel até os últimos anos. O ataque a Gaza constitui um novo capítulo?
Acho que há algo novo e sem precedentes. Nunca houve nada nessa escala em termos de deslocamento e mortes. O número de palestinos mortos em 1948 foi de cerca de 15 mil. O número de palestinos mortos no Líbano em 1982, palestinos e libaneses, foi de menos de 20 mil. Em Gaza, estamos falando de provavelmente mais de 40 mil pessoas mortas até agora. E esse número será muito maior quando todos os milhares de desaparecidos forem contados e enterrados. Em muitos aspectos, isso não tem precedentes.
Qual é a sua perspectiva para um futuro em Israel-Palestina?
É preciso uma reorganização fundamental do movimento nacional palestino. E é preciso que haja um consenso unificado entre os palestinos. Esse é um problema palestino. Israel, por outro lado, precisa superar sua obsessão pela violência ao lidar com os palestinos. Precisa superar a ideia de que há apenas um povo com direito à autodeterminação em Israel.
Em 2018, a lei Israel como Estado-Nação do Povo Judeu, aprovada pelo Knesset [parlamento judaico] com força constitucional, declarou que há apenas um povo nesta terra com direito à autodeterminação nacional, que é o povo judeu. Se você não lidar com isso, nunca terá uma solução, apenas mais guerra e resistência.
Por fim, é preciso haver uma mudança por parte do Ocidente. O apoio americano, soviético, posteriormente francês, britânico e alemão a Israel tem sido indispensável para a opressão do povo palestino. Sem esse apoio, nada do que estamos vendo hoje poderia acontecer.
Então, sem pressão internacional, não haverá mudança?
Os EUA estão fornecendo armas para bombardear os palestinos. Enquanto os EUA estiverem fazendo guerra contra os palestinos com seus F-15s, F-16s e F-35s, helicópteros Apache e etc., não haverá mudança, e a guerra contra os palestinos continuará. Não é nem mesmo uma questão de pressão. É uma questão de obedecer à lei dos EUA e parar de dar a Israel os meios para realizar essa guerra contra os palestinos.
Israel’s targeting of refugee camps to “end the Palestinian refugee issue” is part of a plan to ethnically cleanse the occupied West Bank of Palestinians, an analyst has told Al Jazeera. pic.twitter.com/YGpCcXWlgn
— Al Jazeera English (@AJEnglish) March 20, 2025
A Cisjordânia está em chamas, a violência dos colonos está em alta neste momento. Muitos palestinos também foram mortos nas últimas semanas. Gaza é o centro das atenções do ataque israelense em curso. Até que ponto essas diferentes formas de violência estão interconectadas?
Na verdade, centenas de palestinos foram mortos na Cisjordânia desde 7 de outubro de 2023. Acho que essas coisas estão intimamente ligadas. A ligação pode ser encontrada nas declarações de ministros do atual governo israelense, como Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir, mas também de muitos outros ministros do partido Likud. Eles não escondem o fato de que esperam limpar etnicamente tanto a Cisjordânia quanto a Faixa de Gaza. Eles não escondem que querem expandir as terras controladas pelos colonos e restringir as terras controladas pelos palestinos. Eles até falaram em reassentamento na Faixa de Gaza.
Você acha que esse cenário – de reassentamento de Gaza – é possível?
Não estou sugerindo que seja um cenário realista, mas se você quiser entender o que eles estão fazendo e por quê, esta é a lógica por trás disso. Alterar o equilíbrio demográfico na Palestina em favor dos colonos, às custas dos palestinos, sempre foi a intenção do projeto sionista – desde Herzl, passando por [Chaim] Weizmann, até Ben-Gvir – e não criar um Estado binacional. A convicção dos primeiros sionistas era de que a Europa não os deixaria viver em segurança. Sua visão de um Judenstaat [Estado judeu] exigia uma transformação demográfica. Um processo de limpeza étnica, de espremer a população nativa em áreas cada vez menores, semelhante ao que aconteceu na Irlanda sob Oliver Cromwell ou com as reservas indígenas na América do Norte. É isso que está sendo testado aqui.
A Alemanha tem uma profunda história antissemita, que culminou no genocídio que foi o Holocausto. Hoje, a Alemanha deriva dessa história um profundo compromisso com Israel. Em sua opinião, como deve ser a responsabilidade alemã hoje?
Acho que a Alemanha e os países ocidentais obviamente têm uma enorme responsabilidade pelo Holocausto e pelo sofrimento do povo judeu. E não apenas a Alemanha. Antes da “solução final” ser decidida em 1942, as pessoas poderiam ter fugido, mas muitas vezes não conseguiam porque os países ocidentais fechavam suas portas. Os EUA e a Grã-Bretanha, com seu enorme império, poderiam ter salvado centenas de milhares de pessoas. A França também. Mas muitos judeus não puderam entrar nesses países devido às leis de imigração racistas e antissemitas. Não há razão para que os palestinos sofram pelos pecados da Alemanha. Eles não são os autores do Holocausto. Atualmente, a Alemanha e os países da Europa Ocidental, de diferentes maneiras, parecem transferir sua responsabilidade histórica para os palestinos.
Os democratas de Israel estão se manifestando contra a guerra. Quando é que a Conib vai se manifestar? Ou continua calada para o genocídio perpetrado por Netaniahu? pic.twitter.com/q9nPEpgt8I
— Luis Nassif (@luisnassif) March 20, 2025
Como você vê isso acontecer publicamente?
Principalmente na forma de um discurso virulento antipalestino. A Alemanha é o exemplo mais extremo. Mas é essencialmente a mesma coisa nos EUA e em muitos outros países ocidentais. Você ouve isso quando se menciona o que aconteceu em 7 de outubro em relação ao Holocausto. É uma invocação do terrível sofrimento dos judeus na Alemanha e em Chişinău e dos pogroms no império russo como uma comparação com o que aconteceu na Palestina. Mas o que acontece na Palestina se deve ao colonialismo violento dos colonos e à resistência a ele. Essa resistência foi violenta e gerou atrocidades horríveis. Isso é indiscutível. Mas isso não é resultado do antigo antissemitismo europeu.
Você afirmou que o objetivo israelense em sua guerra em Gaza não será alcançado – o Hamas provavelmente não será destruído. Pesquisadores como Tareq Baconi apontaram tendências dentro do Hamas. Por um lado, a carta de 2017 indica a disposição de fazer concessões de terras anteriormente palestinas e de estabelecer um Estado palestino dentro das fronteiras de 1967 ao lado de Israel. Por outro lado, fala-se em “libertação” – “do rio ao mar”. O que o Hamas realmente quer?
O Hamas surgiu porque a OLP [Organização para a Libertação da Palestina] se afastou da luta armada quando renunciou formalmente à violência, reconheceu Israel e aceitou negociar com base na Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a partir do final da década de 1980. O Hamas assumiu, em outras palavras, a tocha da luta armada. Se a OLP tivesse alcançado o que estava tentando alcançar, que era um Estado palestino em uma fração minúscula de cerca de 20% da Palestina, o Hamas não estaria entre nós hoje.
O Hamas se opôs a esse processo e foi bem-sucedido ao fazê-lo, em parte porque em nenhuma circunstância um Estado palestino totalmente independente e soberano poderia ser realizado no processo de Oslo. Esse processo levou ao fortalecimento da ocupação e da colonização israelense, à subjugação do povo palestino, à divisão da Cisjordânia em pequenos rincões. Foi isso que transformou o Hamas em um movimento popular.
O Hamas é tão popular hoje entre os palestinos como sugerem algumas pesquisas?
Para determinar a popularidade de um grupo, você pode analisar as eleições, das quais houve apenas duas, em 2005-6. Em 2005, o Hamas perdeu a eleição presidencial. Em 2006, venceu a eleição parlamentar, com cerca de 44% dos votos. Eles não obtiveram a maioria dos votos, mas obtiveram a maioria no Conselho Legislativo Palestino. Desde então, as pesquisas de opinião têm aumentado e diminuído.
Então, se entendi bem, você está dizendo que negociar com o Hamas pode ser inevitável no futuro?
A ocupação e a colonização contínuas produzirão inevitavelmente uma resistência contínua. Quer seja armada e violenta, quer produza esses tipos de atrocidades que vimos em 7 de outubro ou não, a ocupação e a colonização produzirão inevitavelmente resistência. Se esse conflito tiver que ser resolvido, terá que ser resolvido entre quem estiver no poder de cada lado. Não posso dizer que não me sentarei com o governo israelense porque este general ou aquele ministro têm sangue nas mãos. Esse é o governo eleito do Estado de Israel. Quem quer que os palestinos acabem decidindo que é seu representante, espero que democraticamente, é com quem Israel e o mundo terão de lidar.
No entanto, países ocidentais como os EUA e a Alemanha definem o Hamas como uma organização terrorista.
Os britânicos e os irlandeses nunca teriam chegado a um acordo se a Grã-Bretanha não tivesse concordado em negociar com o Sinn Féin em 1921 e com o Exército Republicano Irlandês (IRA) durante o processo de paz da sexta-feira santa na década de 1990, depois que o IRA matou centenas de soldados e policiais britânicos e muitos civis na Irlanda do Norte. O sistema do apartheid sul-africano não teria acabado se a África do Sul não tivesse negociado com o Congresso Nacional Africano (ANC), um grupo armado e violento. O mesmo acontece com os franceses e a Frente de Libertação Nacional (FLN) na Argélia. Os israelenses e os americanos querem escolher seus próprios representantes dos palestinos e fingir que isso é uma negociação. Isso não é uma negociação. É um diktat. E isso não levará a uma solução.
Quando se observa o discurso sobre Israel-Palestina nos últimos anos, ele é dominado por termos como “construção da paz” e “estabilização”. Hoje, em manifestações nos campi, mas até certo ponto também nas redações, fala-se mais de termos como “responsabilidade”. O discurso mudou?
Houve uma mudança discursiva, com certeza. Hoje estamos falando de apartheid, genocídio, colonialismo e responsabilidade. Nunca na história desse conflito houve um debate tão aberto. Isso pode ser revertido? Claro que sim. Houve uma mudança semelhante em 1982 por causa do que Israel estava fazendo no Líbano. Os israelenses conseguiram, com o apoio dos EUA, consertar isso. Houve outra mudança durante a Primeira Intifada. A mudança atual pode ser revertida? Não sei.
Certamente há um esforço feroz para revertê-la por parte dos políticos e da mídia ocidental. Espero que, apesar desses esforços de retaguarda de um status quo injusto, essa mudança discursiva leve a uma séria responsabilização e reflexão por parte dos países ocidentais cujo apoio é tão indispensável a essas atrocidades, a esse genocídio em Gaza. Isso não poderia acontecer sem vocês, europeus, e sem nós, americanos. Nós somos responsáveis. Não apenas os israelenses.