28 Fevereiro 2025
O Sínodo que está chegando ao fim propõe um caminho de renovação espiritual e reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária.
O artigo é de Jean de Savigny, da comuna no departamento de Mancha, na Normandia, publicado por Saint-Merry Hors-les-Murs, 24-02-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Acabei de ler o relatório final (53 densas páginas) do Sínodo sobre a Sinodalidade, publicado em 26 de outubro de 2024 no final da última sessão da assembleia convocada pelo Papa desde 2021.
Minha primeira reação diz respeito à atitude do Papa Francisco: ele não publicará uma “exortação” papal, como é costume no Vaticano, para tirar conclusões pessoais vinculantes para a Igreja. Demonstrando um espírito sinodal, ele não quer acrescentar ou retirar nada dos relatórios que concluem essa reflexão coletiva.
Em segundo lugar, o que me parece fundamental nesse documento é que o sínodo não buscou primariamente tornar o governo da Igreja mais eficaz ou mesmo mais democrático, mas sim redefinir o objetivo da Igreja, que é conduzir os cristãos com Cristo em uma jornada comum rumo ao Reino de Deus, em união com toda a humanidade. A sinodalidade é a expressão concreta da presença do Espírito Santo em cada pessoa; é, portanto, uma dimensão constitutiva da Igreja.
O Sínodo que está chegando ao fim propõe um caminho de renovação espiritual e reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionária. O relatório final convida a repensar muitas das práticas atuais da Igreja e até mesmo os ensinamentos, e permite que todo o povo de Deus se una na proclamação do Evangelho, valorizando todos os carismas e ministérios dentro das comunidades locais.
O relatório final é um hino à diversidade, à abertura e à descentralização, fontes de enriquecimento para a Igreja em todos os níveis, sem comprometer sua unidade. É uma grande lufada de ar fresco que deveria entusiasmar o povo de Deus e levá-lo a pôr em discussão muitos de seus comportamentos, hábitos e até mesmo convicções.
Por fim, o Papa incentiva “as Igrejas locais” a assumirem as conclusões do Sínodo, implementando uma verdadeira conversão sinodal, sem esperar por instruções de cima, e envolvendo todos os batizados nesse processo. Quando o relatório fala de “igrejas locais”, ele se refere, em primeiro lugar, às estruturas organizadas em torno do bispo, que é responsável por envolver as estruturas de base, especialmente as paróquias, nessa conversão sinodal. No entanto, parece que nem a diocese de Paris nem a maioria das paróquias parisienses ainda tenha iniciado uma verdadeira reflexão coletiva sobre a aplicação das conclusões do sínodo.
Essa observação também se aplica à comunidade de Saint-Merry Hors-les-Murs, apesar de descobrirmos, ao ler o relatório, que muitas das orientações recomendadas pelo sínodo têm sido objeto de consultas e iniciativas dentro da comunidade há muito tempo e levaram a uma valiosa experiência de corresponsabilidade. Talvez caiba agora a seus membros dar a conhecer os benefícios dessa experiência em suas paróquias de origem.