04 Outubro 2024
A reportagem é de Luís Miguel Modino.
Um dos elementos presentes no processo sinodal do Sínodo sobre a Sinodalidade é o papel da mulher na Igreja e sua participação nos processos de decisão, uma reflexão confiada a um dos dez grupos de trabalho criados pelo Papa Francisco em fevereiro de 2024, que continuarão seu trabalho após o encerramento da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal.
Estão sendo dados passos nesse sentido, como destacou María Dolores Palencia na primeira coletiva de imprensa da Segunda Sessão da Assembleia Sinodal. No seu caso, sua nomeação como presidente delegada da Assembleia Sinodal, junto com a japonesa Momoko Nishimura, cargo que compartilham com outros sete homens, foi uma das surpresas da Primeira Sessão da Assembleia Sinodal.
O que se vive na Assembleia Sinodal e na vida cotidiana da Igreja nas dioceses, paróquias, comunidades e outros âmbitos eclesiais leva a religiosa mexicana a dizer que “a experiência deste ano, entre uma sessão e outra, nos mostrou como aprendizado que se faz o caminho, e esse caminho está dando frutos”. María Dolores Palencia ressalta que “depende muito dos contextos e das culturas, dos continentes”.
A presidente delegada da Assembleia Sinodal ecoa o que está sendo vivido no México, mas também na América Latina e no Caribe, algo que foi descobrindo nas diversas reuniões às quais, junto com outros membros do Sínodo da região América-Caribe, foi convocada ao longo do processo sinodal, momentos em que compartilharam e dialogaram”. Nessa perspectiva, ela destaca que “está sendo feito um caminho onde o papel da mulher, seus dons e suas contribuições em uma Igreja sinodal estão sendo cada vez mais reconhecidos”.
A religiosa também apontou que “está sendo reconhecida a possibilidade de abrir novas experiências e propostas para descobrir ainda mais esse papel, para poder chegar mais ao fundo”. Falando sobre o trabalho nos círculos menores, as mesas redondas nas quais a Assembleia Sinodal está organizada, contou o que ouviu na mesa em que estava participando, onde foi dito que “há lugares onde os conselhos pastorais são cem por cento femininos, o sacerdote e todos os membros do conselho pastoral são mulheres”.
"É um caminho que vai se fazendo, isso depende dos contextos, mas está sendo feito aos poucos", afirmou. Nesse sentido, enfatizou que é um aprendizado, inclusive, em alguns lugares, para as mulheres leigas e consagradas, "porque nós também precisamos aprender a nos libertar de um estilo de clericalismo que vivemos, também da nossa parte".
Por isso, a religiosa mexicana, alguém acostumada a habitar as periferias, atualmente vive em um abrigo para migrantes no México e não hesita em dizer que "estão sendo dados passos, precisamos dar passos ainda mais amplos, mais rápidos, com maior intensidade", mas ao mesmo tempo destaca que "é preciso levar em conta os contextos, respeitar as culturas, dialogar com essas culturas e ouvir as próprias mulheres, nesses lugares e nessas culturas, mas sim, há um caminho a seguir".
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"Nós mulheres também precisamos aprender a nos libertar de um tipo de clericalismo que temos vivido", afirma Dolores Palencia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU