- Após a conturbada plenária da Conferência Episcopal Alemã, na qual o Vaticano solicitou, por meio de uma carta, que se abstivessem de votar os estatutos do polêmico Comitê Sinodal até que ambas as partes realizassem uma reunião conjunta, já se sabe a data para esse aguardado encontro: será no próximo dia 22 de março, conforme confirmado pelo Cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
- Após conhecerem o conteúdo da carta, alguns membros do Caminho Sinodal defenderam um confronto direto com o Vaticano, posição que, em princípio, não é compartilhada pelo seu co-presidente, o arcebispo George Bätzing, que também é presidente da Conferência Episcopal Alemã.
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 26-02-2024.
Após a tormentosa plenária do Episcopado Alemão, na qual o Vaticano pediu por carta que se abstivessem de votar os estatutos do controverso Comitê Sinodal até que ambas as partes realizassem uma reunião conjunta, já se conhece a data para esse aguardado encontro: será no próximo dia 22 de março, conforme confirmado ao portal Katholisch pelo cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé.
O cardeal argentino, juntamente com o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, e o prefeito do Dicastério para os Bispos, Robert Prevost, haviam enviado, em 16 de fevereiro, véspera da celebração da chamada assembleia de primavera dos bispos, uma carta – que, afirmaram, contava com a aprovação do Papa Francisco – na qual os exortavam a adiar a votação desse organismo, nascido das deliberações do Caminho Sinodal alemão, para não prejudicar as reuniões planejadas com a Santa Sé sobre um assunto que preocupa em Roma, uma vez que afirmam estar fora dos limites do Direito Canônico.
Os bispos alemães concordaram em retirar esse ponto da pauta de sua assembleia, o que provocou a irritação das entidades que fazem parte do Caminho Sinodal e dos próprios membros do recentemente constituído Comitê Sinodal, uma estrutura de deliberação conjunta entre leigos, religiosos e pastores que se teme que diminua o poder dos bispos em suas dioceses.
Dúvidas sobre o futuro do Comitê Sinodal
Agora, após esta carta – não é a primeira enviada pelos cardeais da Cúria sobre o assunto –, surgem dúvidas sobre o próprio futuro do Comitê Sinodal, surgido na Igreja da Alemanha como uma resposta reformista ao profundo impacto causado pelos relatórios sobre abusos sexuais em seu seio e resultado das várias assembleias conjuntas com os bispos no âmbito do Caminho Sinodal.
Na verdade, após o conteúdo da carta ter vindo a público, alguns membros do Caminho Sinodal defenderam um confronto direto com o Vaticano, uma posição que, inicialmente, não é compartilhada pelo seu co-presidente, o arcebispo George Bätzing, que também é presidente da Conferência Episcopal Alemã.
Na verdade, até mesmo o trabalho conjunto entre leigos e bispos no âmbito do Caminho Sinodal parece estar em perigo, como afirmou à Katholisch a outra copresidente, Irme Stetter-Karp, que também preside o poderoso Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK).
Leia mais
- A quadratura do círculo: sinodalidade vaticana e sinodalidade alemã
- Alemanha, sinal de pare ao Comitê Sinodal
- Os leigos alemães colocam seus bispos em apuros: ou estão com o Vaticano ou com eles
- Bätzing lamenta que o Vaticano “atrase” as negociações com os bispos alemães sobre o Caminho Sinodal
- Alemanha-Vaticano: disputa sobre o “Conselho Sinodal”
- Tück, o teólogo preocupado com a sinodalidade. Artigo de Marcello Neri
- Papa critica a recepção fria da Igreja na Alemanha à sua carta sobre o Caminho Sinodal
- A carta do Papa à Igreja alemã. Um comentário
- O Papa à Igreja alemã: aviar processos, não procurar resultados midiáticos desprovidos de maturidade
- Carta do Papa aos bispos alemães provoca diferentes respostas
- Carta do Papa à Igreja alemã: elogio e leve crítica
- Francisco e o Sínodo “elitista” da Alemanha: por que a crítica do papa é tão surpreendente. Artigo de Massimo Faggioli
- Caminho Sinodal alemão: cartas, acusações e ressentimentos
- “Amor não fraterno”: bispo alemão denuncia carta do arcebispo polonês ao Papa Francisco protestando contra reformas alemãs
- O Papa: compartilho as preocupações sobre os desenvolvimentos da Igreja na Alemanha
- Oito bispos ausentes na reunião do comitê sinodal da Alemanha
- Teólogos leigos homens e mulheres agora podem realizar batismos em diocese alemã
- O Caminho Sinodal alemão é uma “fonte de esperança” para os católicos transgêneros, escreve delegada
- Caminho Sinodal alemão: sim à bênção dos casais do mesmo sexo
- Caminho Sinodal: católicos alemães não querem recuar no conflito com Roma
- Kasper admite que o Papa concorda com as “preocupações” do Caminho Sinodal alemão, embora tema que elas “ponham em perigo a unidade” na Igreja
- “Reservas extremas contra o caminho sinodal alemão. Entrevista com Jürgen Erbacher
- A ordenação de padres homossexuais, uma nova exigência do Caminho Sinodal Alemão
- A declaração do Vaticano. O Caminho Sinodal Alemão corre o risco de morrer
- “Roma não se preocupa com o Caminho Sinodal Alemão, é uma expressão da sinodalidade da Igreja”, afirma cardeal Grech
- A bênção de casais homossexuais já está em andamento em Essen, Alemanha
- Eles são acusados de “heresia” e “apostasia” na ‘corrente do diabo’ (EWTN). Burke e Müller exigem que Roma sancione bispos alemães por ‘abençoar’ casais gays
- Alemanha, presidente da Conferência Episcopal: “Continuaremos a abençoar os casais gays”
- A frustração com o Caminho Sinodal Alemão não deve inviabilizar o caminho da sinodalidade
- O Caminho Sinodal Alemão explicado
- Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, vê resultado do Sínodo como misto: honestidade e falta de coragem
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
22 de março: O encontro entre o Vaticano e os bispos alemães já tem data marcada - Instituto Humanitas Unisinos - IHU