19 Fevereiro 2024
“O esforço da Igreja para cultivar a compreensão onde antes havia rivalidade, a amizade onde antes havia animosidade e a empatia onde antes havia desprezo, transformou as nossas comunidades e deixou uma marca duradoura nas nossas histórias. Na sua carta, Santidade, encontramos uma confirmação deste empenho, que assume ainda mais importância neste momento em que a instabilidade ameaça até mesmo as relações cultivadas ao longo de muitas décadas”. É a passagem central de uma carta enviada ao Papa Francisco por alguns rabinos e estudiosos do diálogo judaico-cristão, que vê como signatários os Rabinos Jehoshua Ahrens (Frankfurt/Berna), Yitz Greenberg (Jerusalém/Nova York) e David Meyer (Paris/Roma), bem como Karma Ben Johanan (Jerusalém) e Malka Zeiger Simkovich (Chicago).
A reportagem é de Roberto Cetera, publicada por L'Osservatore Romano, 15-02-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
O mesmo grupo já havia escrito ao Santo Padre em novembro passado para pedir uma renovada proximidade entre judeus e cristãos após o massacre de 7 de outubro e os ressurgimentos de antissemitismo e antijudaísmo registado em várias partes do mundo. O Papa Francisco enviou então a sua carta no dia 2 de fevereiro “aos irmãos e irmãs judeus de Israel", na qual garantia a solidariedade de toda a Igreja com o povo judeu e ao mesmo tempo apelava para uma rápida pacificação entre todos os povos de todas as etnias e confissões religiosas que habitam a Terra Santa.
Ontem chegou esse novo texto dos estudiosos judeus para agradecer ao Papa pelas suas apreciadas palavras. “Conforta-nos o fato de que tenha estendido a mão aos judeus de todo o mundo, e em particular aos de Israel, neste momento de grande sofrimento", escrevem, apreciando " também o seu empenho de se opor ativamente ao antissemitismo e ao antijudaísmo, que nos últimos tempos assumiram dimensões desconhecidas para a maioria de nós nas nossas vidas”.
“Palavras que vêm do coração entram no coração”, escrevem com gratidão, citando o Rabino Moshe Ibn Ezra. E continuam: “Estamos vivendo um momento histórico que exige perseverança, esperança e coragem. O poder transformador da Nostra Aetate é uma inspiração para nós, pois demonstra que a fraternidade pode ser recuperada mesmo no conflito mais difícil”. Por isso, concluem, “unimo-nos aos nossos irmãos e irmãs católicos na sua convicção de que as religiões podem ser forças criativas, imbuídas do poder de abrir caminhos que de outra forma permaneceriam fechados”.
Confirma ao “L'Osservatore Romano” a professora Karma Ben Johanan, coordenadora do grupo de signatários: “Acolhemos a carta do Papa como um convite a aprofundar o diálogo entre as nossas comunidades. Quase 60 anos se passaram desde que o Concílio Vaticano II iniciou uma nova era de relações entre judeus e cristãos. Hoje devemos renovar as nossas relações através das tribulações deste triste tempo”. E acrescenta: “Apesar das atuais tensões, estamos convencidos de que as nossas relações sejam suficientemente firmes para superá-las e avançar, mas ainda há muito trabalho a fazer”.
A carta termina recordando que “a dor dos habitantes desta terra, sejam judeus, cristãos, muçulmanos, ou outro, impacta as nossas vidas e o nosso futuro” e “nos unimos ao Senhor, Santo Padre, na oração pela paz, pelo fim do terror, pela cura dos feridos e pelo conforto para todos aqueles que estão em aflição e lamentação”.
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Rabinos e estudiosos agradecem ao Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU