#atores. Artigo de Gianfranco Ravasi

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07 Dezembro 2023

"Em sua curta vida (39 anos) Leopardi foi não apenas um poeta supremo, mas também um leitor incansável. Foi assim que ele começou a traduzir do grego o Manual do Pensamento de Epicteto, o filósofo grego nascido na Ásia Menor por volta do ano 50, escravo em Roma na época de Nero, libertado e criador de uma escola estoica em Épiro", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 03-12-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Lembre-se de que você é apenas o ator de um drama. É o poeta quem estabelece qual será: se o quer breve, a sua parte será breve; se longo, a sua parte será longa. Se ele lhe atribuir o papel de mendigo, coxo, príncipe ou plebeu, certifique-se de interpretá-lo bem. Essa, de fato, é a sua tarefa.

Em sua curta vida (39 anos) Leopardi foi não apenas um poeta supremo, mas também um leitor incansável. Foi assim que ele começou a traduzir do grego o Manual do pensamento, de Epicteto, o filósofo grego nascido na Ásia Menor por volta do ano 50, escravo em Roma na época de Nero, libertado e criador de uma escola estoica em Épiro. Um de seus discípulos, Arriano, coletou tanto suas Dissertações quanto aquela síntese manualística cara ao poeta de Recanati. Essa premissa enquadra o texto que propomos: trata-se de uma reflexão “leiga” sobre a vida, também susceptível de uma transcrição religiosa.

Para o filósofo grego, o Destino é semelhante a um dramaturgo que atribui papéis aos atores, bem diferentes entre si e nem sempre amáveis ou agradáveis. A advertência ética dirigida por Epicteto a quem sobe ao palco da vida é uma só, poderosa na sua simplicidade: a sua tarefa é interpretar bem aquele papel, independentemente da sua qualidade. É claro que, do ponto de vista religioso (mas não só), a realidade é mais complexa, porque entra em ação a liberdade humana, além da graça divina. Mas a essência do apelo permanece: procure interpretar bem o seu papel, lembrando que, diferentemente do teatro, não há ensaios iniciais. Como sugeria Charlie Chaplin, “cante, ria, dance, ame e viva intensamente cada momento da sua vida, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.

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