25 Setembro 2023
O sucesso político e mediático alcançado com a cúpula das conferências episcopais do Mediterrâneo, concluída hoje na presença do Papa, do presidente Macron, da enviada europeia Margaritas Schinas e de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, aumentam, sem dúvida, as cotações do cardeal de Marselha Jean-Marc Aveline na bolsa de quem sobe e quem desce entre os prelados mais em vista e considerados elegíveis num eventual conclave. Há tempo a sua marca bem-humorada e pragmática na secularíssima França atrai consensos, captando simpatias bipartidárias. Além disso, na Igreja, sendo um homem de grande fé, que permaneceu coerente consigo mesmo e com a sua história pessoal de filho de migrantes, Aveline é bastante estimado pela população.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messagero, 23-09-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Ele foi nomeado cardeal de Marselha pelo Papa Francisco apenas no ano passado. Praticamente uma surpresa para todos, mesmo que quem o conhece bem já sabia que há algum tempo o pontífice o interpelava frequentemente sobre migração.
Conversava com ele. Agora a sua presença no Colégio Cardinalício começa a ser significativa e em Marselha os fiéis da diocese chamam-no carinhosamente de João XXIV, talvez também devido a uma certa semelhança física com o Papa Roncalli.
O seu perfil eclesial é bastante interessante, conhece muito bem o mundo árabe, tendo nascido na Argélia, filho de pais espanhóis, obrigado a emigrar duas vezes, primeiro da Espanha e depois de Oran, Argélia. Teólogo, alérgico às pomposidades, refratário aos protocolos Aveline é, no entanto, tudo menos ingênuo quando confrontado com o delicado tema de como gerir a imigração tendo que lidar todos os dias com a vida duríssima nas periferias de Marselha. Está convencido de que o desafio migratório deve ser enfrentado de forma compacta, mas abandonando a visão irênica e um tanto ingênua do “deixamos entrar todos” porque o fenômeno é tão multifacetado e complexo que exige uma resposta articulada e unitária, sem deixar nada ao acaso.
Assim, sua cotação na bolsa dos papáveis começou a subir, mesmo que alguns já estejam apontando que seria justamente a sua nacionalidade francesa a criar obstáculos para uma eventual possibilidade futura. O fato é que desde que Clemente V transferiu a sede do papado para Avignon (o chamado cativeiro de Avignon que durou de 1309 a 1377 para um total de sete papas e dois papas cismáticos) nunca mais houve um papa francês.
Porém, agora que a Igreja está cada vez mais internacionalizada, depois de um pontífice polonês, um alemão e um argentino, começaram a circular especulações sobre Aveline. Soma-se a isso a brincadeira feita pelo Papa Francisco ao retornar da Mongólia. Os jornalistas perguntaram-lhe para onde pretendia ir depois da viagem a Marselha, a última oficialmente prevista para 2023, e se sentia-se tentado a ir ao Vietnã, visto que o presidente vietnamita o convidou pouco tempo atrás.
Bergoglio interrompeu dizendo que tudo está mais difícil agora, pois ele tem dificuldade para caminhar. Quanto a uma possível visita ao Vietnã, deixou aberta a porta ao seu sucessor, a quem já deu nome: “Será certamente João XXIV”. Mas se tratava de uma piada repetida dois anos atrás. O bispo de Ragusa, dom Giuseppe La Placa, numa audiência, convidou-o para visitar a sua diocese em 2025, mas Bergoglio respondera-lhe que João XXIV iria. Mas pode ser excluído que pensasse em Aveline, embora os fiéis já o chamem assim em Marselha. E, além disso, sempre vale o antigo ditado de quem entra no conclave como possível papa sai certamente como cardeal.
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Jean-Marc Aveline, quem é o cardeal de Marselha: no Vaticano crescem as cotações na bolsa dos papáveis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU