O padre Francisco de Roux, de 78 anos, que foi nomeado há dois anos para presidir a Comissão da Verdade, que busca esclarecer o que ocorreu no conflito armado colombiano, depois de 60 anos de ações violentas, revelou que teme por seus colaboradores nessa entidade, em uma vídeo-entrevista dada a Jan Martínez Ahrens, diretor do jornal El País na América, durante o Hay Festival de Querétano, no México.
A reportagem é de Cristiano Morsolin, publicada por Religión Digital, 04-11-2021. A tradução é do Cepat.
“Estou preocupado com a vida de nossa equipe. Estamos em 28 dos territórios mais difíceis do país, também aqui em Bogotá. Estou preocupado com o que pode acontecer com os meus colaboradores. Eu não tenho medo, a existência não acaba com a morte”, manifestou ao jornalista. Conforme disse, não é a primeira vez que pessoas associadas a seu trabalho correm perigo, pois, nos anos mais fortes da guerra no país, chegaram a assassinar mais de vinte pessoas próximas a ele.
Acrescentou que o conflito colombiano só deixou destruição no país: “Tudo o que a guerra tocou, a guerra lesou, não serviu para nada e começou lesando os próprios protagonistas, depois lesou e fragilizou as comunidades, lesou os combatentes, lesou a Justiça, lesou a polícia, não serviu para nada” [1].
Padre Francisco De Roux, presidente da Comissão da Verdade, comentou o novo livro de Cristiano Morsolin, “La bomba que hizo caer el ministro: Europa empezó el boycott frente a la barbarie de Colombia” (Editora Antropos, Bogotá, 2021).
“Agradeço a Cristiano Morsolin que me deu a oportunidade de conhecer este livro que muito nos ajuda, na Comissão da Verdade, a conhecer o que foi a perseguição dos missionários italianos na Colômbia, também ao trabalho humanitário realizado pelo italiano Mario Paciolla (observador das Nações Unidas morto em San Vicente del Caguán, em julho de 2020), que justamente tentou esclarecer o assassinato de crianças bombardeadas na mata colombiana.
Este livro é muito claro sobre a forma como dom Augusto Castro e os missionários italianos da Consolata precisaram enfrentar situações muito difíceis, em meio à violência na Amazônia. O autor destaca a “Operação Europa” (operação de espionagem do DAS, inteligência estatal) e outras decisões na Europa como, por exemplo, a condenação da empresa SIG Sauer a pagar 11 milhões de euros pelo tráfico ilegal de armas para a Colômbia.
"Quero insistir na importante contribuição deste livro para conhecermos outras dimensões do que foi a perseguição de homens que – lutando pelos direitos humanos – se aproximaram do conflito colombiano e querem nos ajudar a encontrar caminhos para a reconciliação e a paz dos colombianos”.
Em uma entrevista exclusiva ao portal Religión Digital, realizada em Bogotá, no último 19 de outubro de 2021, o jesuíta De Roux ressaltou o compromisso do Papa Francisco contra a corrupção e as máfias, afirmando que “quero agradecer a Cristiano Morsolin pela oportunidade que me dá em expressar pela Comissão de Esclarecimento da Verdade da Colômbia a imensa importância do apoio do próprio Papa Francisco e o cardeal Turkson à Comissão da Verdade, que, por ocasião do debate internacional sobre a corrupção (processo iniciado em 2017), levantou pontos concretos para enfrentar esta realidade que provocou tanta violência, tanta dor na Colômbia (e em outros países latino-americanos como o México). Este tema da corrupção está no centro do conflito armado. Este flagelo da corrupção que este país teve que sofrer, por causa da forte vitimização e da guerra interna.
Nós esperamos, aqui, na Colômbia, que a luta contra a corrupção faça com que a verdade, a justiça e a transparência nos ajude na convivência entre seres humanos e a resgatar a dignidade humana que foi pisoteada. Na Colômbia, a corrupção se mistura com a máfia, e é misturada com as armas metidas na política, o que provocou muito dano. Agradecemos muitíssimo ao Papa Francisco e ao cardeal Turkson (Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé) por este propósito tão sincero em lutar contra a corrupção, conforme observado no livro de Cristiano Morsolin”, concluiu De Roux.
No dia 15 de junho de 2017, aconteceu no Vaticano o primeiro Debate Internacional sobre a Corrupção, organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, do qual é presidente o cardeal Peter Turkson, em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral publicou um comunicado sobre as conclusões desse debate, referindo-se, em primeiro lugar, à luta contra a corrupção e a máfia, como “não apenas uma questão de legalidade, mas também de civilização”.
Por sua parte, o arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Genebra, explicou que o objetivo é “sensibilizar a opinião pública e identificar medidas concretas que contribuam para implantar políticas e, eventualmente, leis que previnam a corrupção, porque a corrupção é como uma traça que se infiltra nos processos de desenvolvimento dos países pobres ou dos países ricos, que arruína a relação entre as instituições e entre as pessoas”. Além disso, dom Tomasi afirmou que os trabalhos estão direcionados para “criar uma mentalidade, uma cultura da justiça que combata a corrupção para prover o bem comum”.
“No México, temos uma supercorrupção, muito integral. Não temos desenvolvimento integral, como estávamos falando aqui dentro do novo Dicastério para o Desenvolvimento Integral da Vida Humana”. Com estas palavras, dom José Raúl Vera López, bispo de Saltillo, México, abordou o problema da corrupção no debate no Vaticano, uma praga que, para o prelado mexicano, “está gerando um grande sofrimento para as pessoas”.
Dom Vera explicou que esta “corrupção integral” que “invalidou” o país possui duas origens: o Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos, que em sua avaliação “destruiu o setor produtivo que, durante 150 anos, conquistamos”, além de “destruir a infraestrutura comercial e a estrutura financeira” do México; e devido à penetração do crime organizado na estrutura política.
“Hoje, é tamanha a penetração do narcotráfico na esfera política, é tal a penetração do narcotráfico na esfera financeira para lavar o seu dinheiro, que há especialistas que dizem que não se persegue a lavagem de dinheiro no México porque o PIB vem da economia ilegal, destruíram a economia legal... Pois 40% da economia mexicana – segundo os especialistas – provém do dinheiro ilegal e da economia criminosa... Esta é a beleza do México neste momento, somos um exemplo para o mundo de como é possível destruir um país a partir de suas bases e isto é corrupção rampante”.
Germán Graciano Posso, líder da Comunidade de Paz de San José de Apartadó, comenta a prisão do poderoso narcotraficante Otoniel, chefe do Clã do Golfo e aliado da ndrangheta italiana pelo acesso a toneladas de cocaína ao mercado europeu.
Em uma entrevista exclusiva ao portal Religión Digital, realizada em Bogotá, no dia 20 de outubro de 2021, este líder social que sobreviveu a vários atentados, destacou que:
“Defendemos a vida por meio da luta da Comunidade de Paz de San José de Apartadó, que nasce no dia 23 de março de 1997. Exigimos o respeito à vida em um contexto de massacres e deslocamento em massa, a defesa do território, pois temos uma visão única de nós camponeses de Urabá. Todas as pessoas do povo camponês estão presas, desde os anos 1990, nas disputas pelo Golfo de Urabá, corredor estratégico dos grupos pecuaristas e bananeiros.
Há um confronto em que a violência recrudesce entre o Exército em disputa com as FARC, a desmobilização da guerrilha do EPL [Exército Popular de Libertação] e a estratégia dos paramilitares – enquanto Álvaro Uribe é governador de Antioquia – com os comandantes Castaños [Clã Castaño], supostamente para defender os pecuaristas de Córdoba e Antioquia, que começam a assassinar em massa o povo organizado, os colaboradores das FARC, a oposição política representada pela União Patriótica – UP.
Em Córdoba, a partir de 1996, golpeiam o povo organizado em torno da empresa hidrelétrica URRA, impulsionada pelo Governador Álvaro Uribe (depois presidente da República entre 2002 e 2010), com o deslocamento para expulsar as pessoas e construir a usina hidrelétrica.
Buscavam o desmantelamento das FARC pela disputa em Apartadó, Carepa, Cigoro, com as cooperativas de segurança privada CONVIVIR (que a Comissão da Verdade documentou como estratégia do Estado para armar os civis e assim iniciou o trabalho sujo do paramilitarismo atrelado ao estado) em aliança com a Brigada 17 do Exército (sob a direção do general Rito Alejo del Río, hoje na prisão por crimes e aliança narcoparamilitar) e assassinam muitos líderes sociais da União Patriótica, uma grave investida nas veredas rurais para realizar massacres: o Exército se apoiava nos paramilitares para lavar as mãos.
Depois, veio o apoio da Igreja Católica, da Anistia Internacional, das Brigadas Internacionais de Paz - PBI, da Operação Colomba (Itália) e foi estratégico o apoio do jesuíta padre Javier Giraldo, que fez parte deste grupo de camponeses comprometidos na resistência civil, não violenta.
As pessoas eram mortas pelas FARC e os paramilitares queimavam propriedades, famílias com 5-7 filhos perderam tudo, passavam fome. Suportamos a perseguição como comunidade de paz por enfrentarmos o ódio como uma grande família de irmandade. Somos um exemplo para o mundo por rejeitar todas as armas. Buscamos alternativas para defender a vida e a terra e sobreviver à morte e à violência, onde o poder do império utiliza o povo para a vingança, pelo ódio da guerra”.
A narrativa de Germán Posso (prêmio nacional como defensor dos direitos humanos, em 2019) se concentra na aliança criminosa entre os narcotraficantes e setores estatais:
“O massacre de nosso líder Luis Eduardo Guerra (que participou da Marcha Nacional da Paz Perugia-Assis, na Itália, em 2001) e seus três filhos (o menor, um bebê de 18 meses, degolados porque “quando forem grandes, serão guerrilheiros”, diziam os paramilitares), no 21 de fevereiro de 2005 (com um forte impacto no Parlamento europeu e italiano, graças também aos artigos de Cristiano Morsolin, que se salva de um atentado por estar acompanhado por um policial da Embaixada da Itália, em Bogotá, em abril de 2005, N.D.R), em Resbalosa, acontece a nove horas de estrada de mula da represa hidrelétrica de Urrá, ao redor dos municípios de Tierralta, Córdoba, berço dos paramilitares do comandante Castaño, chefe dos chefes, junto com Salvatore Mancuso (hoje preso pelo narcotráfico nos Estados Unidos).
Tierralta de Urrá fica a apenas uma hora de barco. Outra grande base paramilitar ficava em Nueva Antioquia de Turbo, Urabá. Dali, os paramilitares fizeram operações criminosas, em aliança com a Brigada 17 do Exército (também denunciada por congressistas democratas dos Estados Unidos por sua violação aos direitos humanos e corte da assistência militar made in USA), em Mulatos e nos caminhos rurais de toda a região de Urabá.
No porto de Frasquillo, grande base militar do batalhão anti-insurgência em Urrá, havia os famosos barcos chamados de piranhas, poderosos barcos de guerra de assalto... Apesar dessa grande base militar, hoje, continuam transitando drogas e armas, mesmo com a pandemia.
Essa é a mesma terra hoje dominada pelo poderoso narcotraficante internacional, conhecido como Otoniel.
Otoniel começa aos 17 anos de idade na guerrilha do EPL, em Córdoba. Em seguida, entra no poderoso Clã dos Castaños, paramilitares que, em 2005, supostamente com o plano de desmobilização da lei Justiça e Paz, entregam-se a tropas paramilitares.
Mas Otoniel permanece na clandestinidade e é figura mafiosa de Autodefesas Unidas Gaitanistas, AFG, junto com don Mario, mão direita obscura do Estado para cometer crimes.
O poder de Otoniel está relacionado ao tema das empresas bananeiras, com a luta dos comandantes Castaños contra as guerrilhas, em aliança com os outros poderosos comandantes AUC – Autodefesas Unidas da Colômbia, com Salvatore Mancuso e don Berna.
Uma operação dos GAULA [Grupos de Ação Unificada pela Liberdade Pessoal] e a polícia mata, em primeiro de janeiro de 2011, o irmão de Otoniel.
O funeral do irmão de Otoniel simboliza o poder mafioso e o controle do território. Na ocasião do funeral, Otoniel organiza uma paralisação em Antioquia, Córdoba, Choco e Bolívar que para todo o comércio, todo o transporte, todos os colégios são fechados, também o Aeroporto em Turbo, mas a polícia estatal não faz nada no enterro desse narcotraficante, que teve a participação de milhares de paramilitares.
O comando passa assim para o atual Dairo Antonio Úsaga David, conhecido como Otoniel, líder do Clã do Golfo, grande aliado do cartel de Sinaloe e do Chapo Guzmán do México.
Otoniel decide estabelecer um enfrentamento direto com o estado colombiano. Em 2013, uma bazuca derruba um helicóptero com 16 soldados provenientes de Bogotá, o que demonstra uma grande capacidade militar criminosa na cidade de Chigorodó, diante dos olhos da Brigada do Exército n. 17, que nada fez.
O irmão de Otoniel que foi assassinado pelos GAULA da polícia, Giovanni Juan de Dios, tinha formação militar, era um grande narcotraficante com a habilidade genial de Pablo Escobar.
Por que após o assassinato de Giovanni, a Brigada 17 do Exército e os Gaula não perseguem Otoniel? Há graves cumplicidades...
Em 2017, Otoniel escreveu ao Papa Francisco e disse que queria se desmobilizar, mas o presidente Juan Manuel Santos respondeu que o Estado não pode negociar com um narcotraficante. Toda a terra de Otoniel está nas mãos de laranjas. Há 15 dias, os camponeses comentaram comigo que... por lá passou Otoniel com mula e escoltas fortemente armadas. Durante todos esses anos, por que o Estado nunca prendeu Otoniel, com um pedido dos Estados Unidos de 5 milhões de dólares?
A inteligência do Estado demorou muitíssimo para prender Otoniel, com um nível de custo de vidas muito alto, com líderes sociais assassinados, incluídos...
É importante dizer que sua força maior não era a capacidade militar, mas a de corromper a própria força pública, políticos e empresários. Durante todos esses anos, toda vez que acontecia uma operação contra Otoniel, ele ficava sabendo antes, pois tinha ligações com agentes da força pública e com líderes políticos. Com essa prisão, morre a dinastia dos Usugá, que esteve na guerrilha do EPL e, inclusive, teve um papel social como bananeiros em Urabá”.
A coragem do líder Germán Graciano Posso também se manifesta em afirmar que “o compromisso do Papa Francisco contra as máfias inspira-nos como comunidade de paz nesse momento da prisão do narcotraficante Otoniel”, conforme destacou.
Durante a Audiência Geral da quarta-feira, 7 de novembro de 2018, o agricultor colombiano Germán Graciano presenteou o Papa Francisco com uma barra de chocolate como produto da resistência de sua comunidade à violência e sua aposta na paz.
Germán Graciano, representante legal da Comunidade de Paz de San José de Apartadó, também entregou ao Pontífice uma carta na qual explica o processo produtivo de sua comunidade e como constroem a paz.
“Foi uma grande emoção, um momento muito importante para a nossa comunidade. Contei a ele sobre as ameaças que enfrentamos, sobre a nossa preocupação e compartilhei o nosso pedido de proteção ao Papa. O Papa ouviu de forma muito atenta. Acredito que lerá a carta que lhe demos junto com o nosso chocolate”, destacou o líder social.
A experiência de resistência não violenta ao conflito armado de San José de Apartadó é apoiada pelos voluntários italianos da Operação Colomba, o corpo de paz não violenta da Comunidade Papa João XXIII.
O senador Iván Cepeda (aliado da rede nacional italiana antimáfia LIBERA, presidida pelo padre Luigi Ciotti) ressaltou que “Otoniel, que participou de diversos grupos armados ilegais e de diferentes conflitos armados no país, conhece bem os vínculos de suas organizações paramilitares, altos comandos militares e políticos da extrema direita. Com a extradição para os Estados Unidos, irão silenciá-lo?
O Clã do Golfo mantém presença recorrente em 200 municípios e em outros 100 municípios possui algumas atividades por meio de 22 estruturas próprias. Além disso, tem muitos nexos com redes internacionais, é todo um complexo narcoparamilitar. Infelizmente, não basta a prisão do cabeça, é um golpe importante, mas não sabemos como funciona o clã. Otoniel ficava muito escondido na mata e é difícil imaginar como controla um grupo criminoso de 1.460 homens armados e 1.790 pessoas de apoio, em uma extensão territorial tão grande”, concluiu Cepeda.
Por que a aliança estratégica promovida pelos jesuítas colombianos, a Subcomissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, a Comissão da Verdade, o Tribunal dos Povos e o Vaticano desafiam os governos autoritários, na perspectiva de aplicar a cultura do diálogo e a nova encíclica papal “Todos irmãos”?
Esse artigo representa uma nova atualização da pesquisa de Cristiano Morsolin: “La alianza estratégica de jesuitas y DDHH que desafía a los gobiernos autoritarios” [2].
Monsenhor Bruno-Marie Duffé, secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé, que em julho deste ano viajou para Colômbia, denunciou que “o narcotráfico permanece na sombra do país: sabemos que isso só favorece a continuidade de um sistema de corrupção, no qual o direito perdeu a sua autoridade”.
Trata-se de um duro enfrentamento ao presidente Duque, em um contexto no qual Vittorio Alberti e o cardeal Turkson estão articulando uma nova etapa do debate internacional sobre a corrupção e as máfias, com a liderança do Vaticano.
“A deportação de Juan Grabois (membro argentino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral da Santa Sé) é a resposta do regime de Duque à homilia do Papa Francisco, na qual pede para que não se agrida o protesto social em nosso país”, disse a representante da Câmara, María José Pizarro Rodríguez (Pacto Histórico), no dia 26 de maio de 2021.
A esse respeito, de Popayán, a filósofa Luciana Cadahia questionou: um consultor em assuntos de paz e justiça do Vaticano é uma ameaça para a segurança da Colômbia? Ao impedir a entrada do advogado Juan Grabois, o Estado colombiano está enviando uma mensagem muito negativa ao Vaticano e ao Papa Francisco. Pergunto-me se agora, além do povo e a comunidade internacional, o uribismo declara a religião cristã inimiga”, concluiu Cadahia.