02 Agosto 2017
“A Consulta não se reduzirá a piedosas exortações, porque são necessários gestos concretos.” E, em particular, ela trabalhará para “definir o papel da Igreja e do laicado contra a corrupção, as máfias e o crime organizado”. Além disso, para “aprofundar o estudo sobre as possibilidades de estender em nível global – através das conferências episcopais e das Igrejas locais – a excomunhão aos mafiosos e às organizações criminosas afins. Aprofundar, ainda, a questão relativa à excomunhão da corrupção, através do debate com as conferências episcopais e as Igrejas locais”.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 01-08-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Assim afirmam o documento final do “Debate Internacional sobre a Corrupção” e os objetivos da “Consulta Internacional sobre a Justiça, a Corrupção e o Crime Organizado, as Máfias”, reunida no Vaticano no dia 15 de junho passado, por vontade do dicastério para o Serviço para o Desenvolvimento Humano Integral, em colaboração com a Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
Expoentes da Igreja, da magistratura, de associações e vítimas de crimes haviam montado uma força-tarefa para uma batalha cultural contra a corrupção, uma chaga que, acima de tudo, é um modo de ser e de pensar, linguagem de máfias e organizações criminosas. O objetivo da consulta era e é o de criar sinergias para combater esse fenômeno.
O documento final é o fruto de um trabalho nada fácil, com a confirmação inevitável da necessidade de trabalhar também em nível da doutrina jurídica da Igreja sobre a questão relativa à excomunhão por corrupção e associação mafiosa.
A tarefa foi confiada às conferências episcopais individuais que, in loco, deverão encontrar as modalidades justas de ação, até se chegar àquela excomunhão já desejada pelo papa na esplanada de Sibari, em Cassano all’Jonio, em 2014: “Os mafiosos estão excomungados”, dissera.
A excomunhão é a pena mais grave na Igreja. Envolve o afastamento da comunidade dos fiéis e a consequente exclusão dos sacramentos. Ela é reservada a quem viola os segredos do conclave; ou a quem profana as hóstias ou atenta contra a vida do papa. Sempre é possível pedir perdão, confessar-se, mas há diversos graus: se, em geral, uma excomunhão pode ser removida pelo padre durante a confissão, algumas são reservadas ao bispo ou até à Santa Sé, isto é, à Penitenciaria Apostólica, o escritório competente da Cúria romana.
A corrupção é um tema que se repete muitas vezes nas palavras de Francisco, que várias vezes alertou sobre como ela é perigosa e como alguém que corrompe é muito mais do que um pecador: “O pecador, se se arrepende, volta atrás. O corrupto, dificilmente”, explicou o pontífice há alguns meses em uma das homilias na Casa Santa Marta.
E, no prefácio ao livro Corrosione (Ed. Rizzoli), escrito pelo cardeal Peter K. A. Turkson, prefeito do dicastério para o Desenvolvimento, com Vittorio V. Alberti, o pontífice definiu-a como um “câncer” a se erradicar.
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Excomunhão a mafiosos e corruptos: eis o documento vaticano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU