14 Março 2017
Entre os aspectos imprevisíveis e novos da linguagem usada pelo Papa existem muitos neologismos. O verbo mais original criado por Bergoglio é "giocattolizzare" (‘joguetear’), com referência àquele que zomba, que ridiculariza uma coisa séria e importante como a religião; outro caso curioso é o verbo "nostalgiare" (‘saudosiar’) que significa "lamentar, sentir nostalgia", ou "mafiarsi" (‘mafiar-se’) para significar "comportar-se muito mal, como os mafiosos", e "schiaffare" (‘esbofetear’) para dizer "tratar mal, sem consideração".
O comentário é de Valeria Della Valle, publicado por Corriere della Sera, 13-03-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas o Papa Francisco também inventou adjetivos e substantivos: de "memorioso" que é "cheio de memórias", referindo-se à oração, à "martalismo", para indicar o excesso de ativismo, a atitude daqueles iguais a Marta, a irmã de Lázaro, que se envolvia demais em mil atividades, mas acabava perdendo a coisa mais importante, ou seja, a palavra de Jesus. A palavra que tem despertado mais críticas é “spuzzare” (‘cheirar mal, feder’) usada em um discurso, na cidade de Nápoles, contra a corrupção: "A corrupção fede, a sociedade corrupta fede e um cristão que deixa que a corrupção o invada, não é um cristão, fede". Muitos comentaram que se trata de um erro. Mas, ao contrário, esse verbo existe na língua italiana: significa "emitir um mau cheiro, como o que vem de algo estragado, algo corrupto", e é usado não apenas na região do Piemonte (região de origem da família Bergoglio), mas também em vários dialetos do norte da Itália (em Milão, na Ligúria, no Vêneto). As novas palavras inventadas ou re-utilizadas pelo Papa são tantas que os estudiosos já lhe deram um nome: bergoglismos.
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“Mafiarsi” ou “spuzzare”: eis os novos “bergoglismos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU