“O que foi consumado em Auschwitz perpetua-se hoje em Gaza (...). Resta saber se o Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó o aprova”. Artigo de Joseba Kamiruaga Mieza
Há vários dias repercute a notícia, certamente surpreendente e inesperada, que conta a história de dois bispos chineses que serão padres sinodais, os delegados da Igreja Católica na China, e que já nesta quarta-fera deverão tomar parte da celebração eucarística presidida pelo Santo Padre no Vaticano, às 10h, depois, às 16h30min da abertura da XV Assembleia sinodal sobe os "jovens, a fé e o discernimento vocacional", que terminará em 28 de outubro.
A informação é publicada por Il sismografo, 03-10-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Os dois bispos chineses, os primeiros na história dos Sínodos desde que foram instituídos pelo Papa Paulo VI por decisão do Concílio Vaticano II, são:
(1) D.Joseph Guo Jincai, Bispo de Chengde (província de Hebei), nascido 27 de fevereiro 1968. Ordenado bispo em 20 de novembro de 2010. Estudou no Prado e Lyon.
(2) D. Giovanni Battista Yang Xiaoting, Bispo de Yan'an (província de Shaanxi), nascido 9 de abril de 1964. Foi ordenado bispo em 15 de julho de 2010. Ele obteve o doutorado em teologia em Roma, em 1999.
Um aspecto singular diz respeito ao primeiro, D. Joseph Guo Jincai, porque até a publicação do Comunicado do Vaticano que anunciava e formalizava o acordo com o governo de Pequim, era um bispo excomungado porque tinha aceitado a consagração episcopal sem o consentimento papal pela sua nomeação. Logo após esse Comunicado, uma segunda nota do Vaticano admitia que "com o fim de apoiar a anunciação do Evangelho na China" o Papa Francisco decidiu readmitir na plena comunhão eclesial, "os restantes bispos ‘oficiais’ ordenados sem mandato pontifício", isto é, sem o consentimento da Santa Sé.
Os sete bispos Joseph Guo Jincai, Joseph Huang Bingzhang, Paulo Lei Shiyin, Joseph Liu Xinhong, Joseph Ma Yinglin, Joseph Yue Fusheng, Vicente Zhan Silu e Antônio Tu Shihua, O.F.M. Este último morreu em 4 de janeiro de 2017, mas antes de morrer - esclareceu a declaração - expressou o desejo de se reconciliar com a Sé Apostólica.
Esse segundo Comunicado concluía-se ressaltando o desejo do Papa Francisco no sentido de que com as decisões tomadas, "se possa iniciar um novo percurso, que permita superar as feridas do passado, realizando a plena comunhão de todos os Católicos chineses.
Um desses bispos chineses a quem o Santo Padre retirou a excomunhão é D. Joseph Guo Jincai, prelado que a partir de hoje é padre sinodal. Portanto D. Guo Jincai tem a seu favor uma espécie de recorde único: em menos de 10 dias passou de bispo excomungado, fora da comunidade eclesial, a bispo readmitido e nomeado delegado para o Sínodo.
E, neste caso, D. Guo Jincai, mas também o outro delegado, D. Giovanni Battista Yang Xiaoting, detêm outro recorde, por assim dizer, são os únicos padres sinodais que representam a Igreja (na China) sem ter sido eleitos pela Conferência episcopal chinesa (inexistente até agora segundo os critérios e as exigências da Santa Sé).