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Morrer sozinhos. A epidemia também nos desapropria do luto, o rito que nos torna humanos

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27 Março 2020

"A maior tragédia nesta grande tragédia são as mortes solitárias. Dezenas, centenas. Caminhões escoltados pelos militares. Ontem, chegaram a Ferrara vinte caixões de Bergamo: enterrados todos juntos sem ninguém para se despedir, com o toque do silêncio tocado pelo megafone de uma gravação no deserto do cemitério monumental. Quem eram, não sabemos", escreve Concita de Gregorio, jornalista italiana, em artigo publicado por La Repubblica, 25-03-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

No outro século, quando éramos crianças, eram chamados de asilo. Os meninos iam para o internato e os idosos para o asilo quando e por que estavam sozinhos no mundo. Órfãos, os meninos; sem família, os idosos ou, em ambos os casos, muito pobres. Os internatos e os asilos davam medo, e no léxico familiar eram uma ameaça ou um estigma. Vou te mandar para o internato. Mandaram o homem para o asilo. Quando éramos crianças, nenhuma família teria colocado um avô no asilo se não fosse por uma ruína repentina, um desastre, a miséria total. De qualquer forma, envergonhando-se disso, como se fosse uma desgraça.

As casas, no outro século, eram tão grandes quanto os corações e, quando muito, os netos é que saíam, não os avós. Havia mais tempo, havia aqueles que trabalhavam apenas em casa – as mulheres, geralmente - ou trabalhavam duas vezes: em casa e nos campos, em casa e na fábrica, em casa e na escola, apenas pela manhã. As mulheres, de novo. Para alguns, era melhor, para outros, era pior: era diferente, era assim. Depois os asilos se tornaram "casas de cura" ou "casas de repouso" - o poder edilício das palavras, que constroem a realidade - colocaram flores nas janelas, música nas salas de convívio, enfermeiros sorridentes e, graças ao dinheiro, pararam de assustar. Já não é mais coisa de pobres, os melhores residenciais são reservados para os mais ricos.

Se chamam Residencial Borromea, As Glicínias e Villa Celeste, folhetos chegavam nas casas com as mensalidades, geralmente muito altas, porém justificadas pelos serviços oferecidos. Para a música extra no quarto. Na alternativa entre pagar cuidadores e enfermeiros e transferir os avós para um "belíssimo quarto", a melhor solução, por assim dizer, a menos onerosa tornou-se essa. O melhor preço para a nossa ausência.

Em Mombretto di Mediglia, na província de Milão, morreram 52 dos 150 idosos internados para "descansar" na Villa Borromea. Em Mortegliano, o lar de idosos local tornou-se o maior foco da província de Udine e de toda a região do Friuli. Dom Rafael Garcia, 89 anos, escapou da Residência Loreto em Madri (residência também é um termo útil para aplacar os espíritos) quando percebeu que seis de seus companheiros de corredor haviam morrido. Ele perguntou a um enfermeiro, arrumou sua sacola em silêncio e saiu a pé.

Se alguma coisa está nos dizendo, nessa reformulação da ordem das coisas, que voltam a assustar os lugares onde colocamos os idosos dos quais não podemos cuidar - os asilos, as modernas casas de idosos agora transformados em leprosários, é questão para ser analisada. A história póstuma dirá. Nas notícias, lemos que os filhos e netos da avó Palmira reclamam e ameaçam processos por não terem sido avisados ​​a tempo, por telefone, do perigo que a matriarca de toda a família estava correndo. Estando em outro lugar, eles não sabiam. A avó Palmira, ou Cesira, ou o avô Adelmo, ainda assim tinham o celular. Eles poderiam ter avisado. Se não o fizeram, é porque não foram informados do perigo a tempo – essa é a acusação. Ou talvez eles não ligaram porque não queriam preocupar filhos e netos tão ocupados, também é possível, e podemos até imaginar a hipótese: eles estão ocupados, não podem vir, não fale nada a eles, enfermeira. Eu estou bem.

Liliana Segre – que retornou viva dos campos de concentração para nos contar sobre isso - disse que o maior medo hoje é morrer sozinhos. De André cantava que quando se morre, se morre sozinho, e isso também é verdade. Cada um de nós tem experiência, se tem o privilégio de tê-la, de ter acompanhado um ente querido através da fronteira quando, no último suspiro, não disse o nome de quem segurava sua mão, disse: mãe. O arrependimento de não estar lá, de não ter estado lá naquele instante, é coisa dos vivos: o pior arrependimento. Quem morre, ao cruzar a soleira, já está com quem pensa voltar a encontrar - mãe, esposa, filho - disso, esperamos, no suspiro daquele momento, feliz. Mas não sabemos, só imaginamos.

A maior tragédia nesta grande tragédia são as mortes solitárias. Dezenas, centenas. Caminhões escoltados pelos militares. Ontem, chegaram a Ferrara vinte caixões de Bergamo: enterrados todos juntos sem ninguém para se despedir, com o toque do silêncio tocado pelo megafone de uma gravação no deserto do cemitério monumental. Quem eram, não sabemos. Fornos crematórios com duas semanas de lista de espera, corpos nus envoltos em lençóis. Não é possível vesti-los. Não é possível colocar neles as roupas que amavam ou que nos parecem apropriadas - as mais apropriadas para eles. Em algumas tradições, os mortos são maquiados. Tanatoestetista, chama-se quem faz isso. Em um belo e premiado filme, Departures, devolver o rosto que ele tinha quando vivo aos mortos é um ritual indispensável. Porque os mortos são irreconhecíveis, se você teve a terrível oportunidade de ter acompanhado algum, sabe disso, privados do olhar, somos apenas máscaras de cera.

O rito do funeral, também nos falta. Porque no funeral a vida toda passa diante de nós. Pena que não podemos estar ali como vivos: os amigos da nossa época de criança, a idosa professora, os amores amados e, a partir de um certo momento, desamados, sabe-se lá o porquê. Quem somos, sem o rito que nos consagra humanos. E todos, todos conhecemos nestes dias a dor inominável de não poder viajar para nos despedir do grande amigo - Gianni, um cálice de excelente tinto - o pai de outro alguém em cuja casa crescemos, o nosso. Franco Arminio, poeta, propõe dedicar cinco minutos à celebração do luto.

Ao lado das canções das varandas, que já desaparecem um pouco no recrudescer da raiva, cinco minutos ao meio-dia do domingo 29 de março: em todas as casas, um recolhimento coral sem TV, sem telefone, sem computador, seria bom se também a TV permanecesse em silêncio - diz - que o governo sentisse o dever de dizer sim, vamos fazê-lo juntos. Pelos funerais que não podem ser celebrados, pelos mortos que não podem ser enterrados, pelos que se vão - sozinhos, nus - e por nós que restamos. Inclusive, sozinhos. De alguma forma, nus.

Alguns anos atrás, em Stromboli, durante uma magnífica festa de teatro, vi um ator dizer à plateia: venham dizer o nome de seus mortos no meu ouvido, eu os guardarei para vocês. Era no cemitério nas encostas do vulcão, cheio de crianças e idosos mortos pela peste do outro século, aquele em que As Glicinas não existiam. Eu o vi chorar, e todos aqueles que na fila iam sussurrar um nome em seu ouvido.

Então sim. Nós precisamos do rito. É indispensável. Precisamos do teatro para celebrá-lo. Vamos usar as nossas varandas, na ausência de um palco: as nossas janelas. E digamos ao céu, cada um, lentamente, aquele nome. Domingo ao meio-dia pode ser, mas qualquer outro momento também pode ser. É importante fazer isso. Vamos dar vazão a toda essa dor, porque somente se o fizermos juntos, poderemos suportá-la. E quem foge dos asilos, como Dom Rafael, esperamos que não encontre nenhum posto de controle. Vamos trazer nossos velhos para casa, trazê-los de volta - da maneira que pudermos. De qualquer maneira.

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