30 Julho 2019
Há um quarto na casa da família Dall'Oglio em Roma que aguarda o retorno do Padre Paolo. Ali se respira o afeto que muitos, em seis anos de afastamento e silêncio, queriam demonstrar escrevendo cartas, organizando eventos em sua homenagem, publicando livros para contar uma verdade que ainda hoje tem dificuldade em se afirmar, como relatam Immacolata, Francesca e Giovanni Dall'Oglio, durante uma conferência de imprensa na Associação de Imprensa Estrangeira em Roma, no aniversário do sequestro de seu irmão em Raqqa, na Síria, em 29 de julho de 2013.
A reportagem é de Benedetta Capelli, publicada por L'Osservatore Romano, 29 e 30-07-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Seis anos de espera, anúncios e desmentidas, seis anos em que o desejo de abraçar o irmão nunca diminuiu. "A esperança de saber que ele está vivo - diz Immacolata Dall'Oglio - está sempre presente, não ter notícias não significa que ele esteja morto. E, acima de tudo, não devemos esquecer o contexto a que nos referimos, tudo na Síria é possível". De fato, os familiares lembram que no passado houve algumas prisões muito longas que terminaram com a libertação dos prisioneiros.
Para apoiá-los há também o afeto do Papa Francisco que se encontrou pela primeira vez com os coirmãos jesuítas do Padre Paolo e depois, em 30 de janeiro passado, em Santa Marta, com a mãe de Paolo, de noventa anos. "Foi um encontro reservado - relatou a irmã Francesca - com palavras de proximidade e profundo afeto para a nossa mãe. Falar com o Papa nos deu confiança, nos deu a esperança cristã". Francesca Dall'Oglio definiu como "muito importante" a carta que o papa dirigiu recentemente ao presidente sírio, al-Assad. "Um gesto forte e corajoso - reiterou - que expressa a vontade do Papa de ser o porta-voz da justiça, da dor de um povo". Os familiares do fundador do mosteiro siro-católico de Mar Musa, que foi reativado pelo padre Paolo em 1982, têm enfatizado repetidamente como o sequestro do irmão mudou profundamente suas vidas, levando-os não apenas a buscar a verdade, mas também a compartilhar os sofrimentos do povo sírio.
"É uma graça - afirmaram - porque através de Paolo nós sentimos a dor de tantas pessoas" na Síria. Daí também vem o desejo de pedir o empenho da comunidade internacional para resolver a questão dos sequestrados, "crucial" para um futuro diferente para a Síria. Hoje, no coração desta família, há o desejo de saber mais sobre o destino do Padre Paolo, especialmente agora que Raqqa foi libertada das forças do chamado Estado Islâmico. Por seis anos, tem circulado notícias de forma confusa: tanto rumores de sua morte, como relatos de uma detenção em Baghouz. Infelizmente, também não faltaram momentos particularmente delicados, como quando uma pequena mala do irmão contendo alguns objetos pessoais foi entregue a eles, quatro anos após a recuperação. "Estamos aqui e ainda tempos esperança", disse Giovanni Dall'Oglio, médico do CUAMM - Médicos para a África. "Paolo - acrescentou - ficaria furioso porque não gostaria que se falasse apenas dele e não da Síria. Eu tinha uma relação especial com meu irmão - ele confidenciou -, ele me ensinou o sentido da plenitude e transmitiu a paixão de se doar aos outros”. Os outros a amar e respeitar em sua diversidade, como sempre afirmava o padre Paolo Dall'Oglio.
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Conferência de imprensa dos familiares de padre Dall'Oglio no aniversário do sequestro. Com Paolo sentimos a dor de muitos sírios - Instituto Humanitas Unisinos - IHU