02 Junho 2015
Ele não quer que a Itália esqueça o seu irmão, desaparecido na Síria aos 27 de julho de 2013. Também para isto Pietro Dall’Oglio, cantor e irmão do padre Paolo, decidiu transformar sua dor em música. “Paolo onde estás, com quem estás, estás falando ou estás calando... talvez tenhas medo ali sozinho e quem sabe o que pensas”. Um rap duro e triste, que no You Tube escorre com os subtítulos em árabe. É a peça forte do seu último álbum, “A alma que fala”.
O texto é de Sara Gandolfi, publicado no jornal Corriere della Sera, 01-06-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
- Paolo Dall’Oglio e o médico da Catania Ignazio Scaravilli, desaparecido na Líbia aos 6 de janeiro, são os dois italianos que a Farnesina ainda considera como refém no mundo. Deles, oficialmente, não se sabe nada, embora periodicamente corram vozes, jamais confirmadas, sobre sua prisão nas mãos da Isis.
“Não me perguntem como está Paolo, não tenho notícias dele – responde Pietro - Mas não é um réquiem aquilo que escrevi, é uma canção de esperança. Sinto que está vivo, faço votos que volte logo para casa e que o seu retorno signifique que está se encontrando uma solução na Síria, embora lamentavelmente pareça muito distante”. Pietro é um dos sete irmãos do jesuíta sequestrado, “quatro homens e quatro mulheres, todos muito unidos também se depois cada um seguiu o seu caminho”. O Padre Paolo escolheu a via de Damasco, capturado, como canta o irmão, com “aquela vontade de partir e vagar sozinho num deserto para abandonar-se aos outros”. Na Síria havia refundado a comunidade monástica católico-síria Mar Musa com o nome al-Khalil, “o amigo de Deus”, e professava o diálogo com o mundo islâmico. E isto dava um pouco de incômodo a todos. Também ao presidente-déspota Assad, que no verão de 2012 o expulsou. Pouco depois, o padre Dall’Oglio todavia retornou e tentou uma mediação entre facções rebeldes na zona de Raqqa, na voragem da guerra civil. Até o seu desaparecimento.
- A última vez que vos vistes?
“Confiou-me as suas preocupações, mas não tinha medo. Sempre esteve pronto a sacrificar-se. Além disso, ele já havia prognosticado aquilo que haveria de acontecer. Não foi escutado”, diz o irmão.
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Uma canção rap para o padre Dall’Oglio: “Meu irmão está vivo”. - Instituto Humanitas Unisinos - IHU