Chile. O Papa receberá em Santa Marta um grupo de padres, também vítimas dos abusos de Karadima

Paroquia de El Bosque, onde atuava o padre Karadima | Foto: http://parroquiasagradafamiliacoqbo.blogspot.com.br

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

23 Mai 2018

O Papa Francisco receberá na residência Santa Marta um segundo grupo de vítimas de Fernando Karadima e seus seguidores da Paróquia de El Bosque, conforme anunciou na noite desta terça-feira a Santa Sé em um comunicado.

A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 22-05-2018. A tradução é de André Langer.

Na nota, diz-se que se trata de cinco sacerdotes que sofreram abusos de poder, de consciência e sexuais. Junto com eles estarão também dois sacerdotes que ajudaram as vítimas em sua batalha jurídica e espiritual e dois leigos envolvidos nesse sofrimento.

Com este novo encontro, o Papa Francisco “quer mostrar sua proximidade com os sacerdotes vítimas de abusos, acompanhá-los em seu sofrimento e ouvir sua valiosa opinião para melhorar as atuais medidas preventivas e combater os abusos na Igreja”, indica o comunicado, que assinala que as sessões ocorrerão de 1 a 3 de junho.

“A grande maioria dessas pessoas compareceu às reuniões que aconteceram no Chile durante a missão especial do arcebispo Charles Scicluna e de Mons. Jordi Bertomeu, que ocorreu em fevereiro”, continua a nota, que acrescenta que, com estes encontros, o Papa quis acompanhar “as vítimas do sistema abusivo instaurado há várias décadas na mencionada paróquia”.

“Esses padres e leigos representam todas as vítimas dos abusos do clero no Chile. Entretanto, não está descartada a possibilidade de haver outras iniciativas similares no futuro”, termina dizendo a nota do Vaticano.

Por outro lado, o cardeal Ricardo Ezzati pediu desculpas aos católicos chilenos pelos casos de abusos sexuais que assolam a Igreja do país austral e afirmou que “a este bispo dói imensamente a dor de seus irmãos, especialmente a dor daqueles que se sentem e sofreram graves violações de seus direitos”. Um pedido de perdão que não caiu bem à vítima do padre pedófilo Fernando Karadima, José Andrés Murillo, que reprovou o cardeal por seu perdão “a esmo e sem fatos concretos”.

“Dói-me ver os filhos desta Igreja, da qual o Senhor me fez pai e pastor, sofrer”, disse o arcebispo de Santiago, em uma homilia que marcou o encerramento do X Sínodo da Igreja da capital chilena.

O salesiano – um dos bispos mais indicados pelas vítimas nos casos de acobertamentos, negligências e destruição de provas denunciados na semana passada pelo próprio Papa Francisco – reconheceu que lhe dói “sem dúvida alguma” a “falta de credibilidade daqueles que da mentira fazem verdades”, mas que lhe dói “mais ainda a incredulidade dos irmãos e filhos na fé”. “Dói-me que a mentira tenha sido posta, me dói que uma doença tão grave (os abusos sexuais) como aquela que denunciamos em várias ocasiões não tenha tido o remédio necessário”, prosseguiu o cardeal.

“Quero acolher e acolho, e aqui o digo com o coração aberto, a crítica, a indignação e a raiva que alguns expressaram”, continuou Ezzati, “e a raiva de tantas outras pessoas que veem nos pastores, no bispo, o bode expiatório de toda a nossa fragilidade e fraqueza”. O cardeal também pediu aos fiéis “o carinho que filhos são chamados a expressar ao pai. E diria que mais que carinho peço-lhes amor, esse amor que é sobrenatural, esse amor que é como o de Cristo, que ama além dos méritos que possamos ter”.

Vale ressaltar que uma campanha de coleta de assinaturas pela internet busca promover um projeto de lei para revogar a lei que outorgou ao cardeal a nacionalidade chilena por graça especial, uma cruzada à qual aderiu nesta segunda-feira um grupo de deputados da Frente Ampla.

Ezzati prejudica a Igreja chilena e atenta contra a saudável convivência republicana. Já antes apareceu vinculado a um lobista para impedir a nomeação de Felipe Berríos como capelão de La Moneda, depois insultando pessoas trans e agora ignorando os encobrimentos que o próprio Papa Francisco pede para reconhecer”, disse o parlamentar Renato Garín, do partido Revolução Democrática. Acrescentou que “Ezzati é um símbolo da Igreja elitista que o cardeal Bergoglio está combatendo em todo o mundo”.

Leia mais