O Papa e o Patriarca Ortodoxo recordam juntos os "conflitos sangrentos" que abalam o Oriente Médio e a Ucrânia

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01 Dezembro 2025

  • Leão XIV insistiu que "nenhum esforço seja poupado para garantir que todas as Igrejas Ortodoxas autocéfalas participem ativamente novamente deste compromisso", numa alusão velada à exclusão do Patriarcado de Moscou.

  • "Buscar a plena comunhão entre todos os batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, respeitando as diferenças legítimas, é uma das prioridades da Igreja Católica e, de modo particular, do meu ministério como Bispo de Roma."

  • Bartolomeu: "Não podemos ser cúmplices do derramamento de sangue que ocorre na Ucrânia e em outras partes do mundo e permanecer em silêncio diante do êxodo de cristãos do berço do cristianismo."

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 30-11-2025.

Festa de Santo André, Apóstolo, o 'pai' da Igreja Ortodoxa. Início do Advento. 1700º aniversário do Concílio de Niceia. O último dia da visita do Papa Leão XIV à Turquia, antes de partir para o Líbano, foi mais uma vez marcado por apelos à paz diante dos "conflitos sangrentos " que abalavam "lugares próximos e distantes", e especialmente pela unidade entre os cristãos "no respeito às diferenças legítimas ". O Patriarca Bartolomeu, muito presente durante esses dias, acompanhou o Papa na celebração da Divina Liturgia na Catedral de São Jorge. As relíquias de André e Pedro, como símbolo permanente, estiveram presentes na celebração.

Em seu último discurso no país, o Papa lembrou especificamente de André, o primeiro a seguir Jesus e que, segundo a tradição, "trouxe o Evangelho a esta cidade". "Sua fé é a nossa fé; a mesma fé definida pelos Concílios Ecumênicos e professada pela Igreja hoje", recordou Prevost.

"Houve muitos mal-entendidos e até conflitos entre cristãos de diferentes Igrejas no passado, e ainda existem obstáculos que nos impedem de estar em plena comunhão, mas não devemos recuar em nosso compromisso com a unidade e não podemos deixar de nos considerar irmãos e irmãs em Cristo e de nos amar como tais", enfatizou o pontífice, recordando o levantamento das excomunhões mútuas entre Paulo VI e Atenágoras, um "gesto histórico" que "abriu um caminho de reconciliação, paz e comunhão crescente entre católicos e ortodoxos", o que se traduz em "um diálogo teológico promissor".

"Muitas medidas também foram tomadas no âmbito eclesiológico e canônico, e hoje somos chamados a nos comprometermos ainda mais com a restauração da plena comunhão", enfatizou Leão XIV, que exortou a que "nenhum esforço seja poupado para garantir que todas as Igrejas Ortodoxas autocéfalas participem ativamente deste compromisso", numa alusão velada à exclusão do Patriarcado de Moscou.

"Por minha parte, desejo confirmar que, em continuidade com os ensinamentos do Concílio Vaticano II e dos meus predecessores, buscar a plena comunhão entre todos os batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, com respeito às legítimas diferenças, é uma das prioridades da Igreja Católica e, de modo particular, do meu ministério como Bispo de Roma, cujo papel específico no âmbito da Igreja universal consiste em estar a serviço de todos para construir e preservar a comunhão e a unidade", prometeu Prevost.

Construtores da paz

Da mesma forma, o Papa destacou que "as nossas Igrejas são chamadas a responder em conjunto aos apelos que o Espírito Santo lhes dirige hoje", com especial enfoque "neste tempo de conflitos sangrentos e violência em lugares próximos e distantes", em que "católicos e ortodoxos são chamados a ser construtores da paz".

"Trata-se, sem dúvida, de agir, de tomar decisões e de realizar atos que construam a paz, sem esquecer que esta paz não é apenas fruto do esforço humano, mas uma dádiva de Deus", recordou o Papa, implorando "oração, penitência e contemplação" para "discernir as palavras, os gestos e as ações que devemos empreender, para que estejam verdadeiramente ao serviço da paz".

Crise ecológica e inteligência artificial

A "ameaçadora crise ecológica" é mais um desafio para o ecumenismo. Um desafio que "exige uma conversão espiritual, tanto pessoal quanto comunitária, para mudar o rumo e salvaguardar a criação". "Católicos e ortodoxos são chamados a colaborar para promover uma nova mentalidade, na qual todos se sintam como guardiões da criação que Deus nos confiou", acrescentou.

Em terceiro lugar, o Papa abordou o uso das novas tecnologias, "especialmente no campo da comunicação". "Cientes das enormes vantagens que elas podem oferecer à humanidade, católicos e ortodoxos devem trabalhar juntos para promover seu uso responsável, a serviço do desenvolvimento integral das pessoas e da acessibilidade universal, para que tais benefícios não sejam reservados a um pequeno número de pessoas e aos interesses de poucos privilegiados", exortou ele.

Bartolomeu e o sangue na Ucrânia

Anteriormente, em sua homilia, o Patriarca Bartolomeu exortou à unidade e à paz no mundo, usando palavras mais concretas do que o Papa: "Não podemos ser cúmplices do derramamento de sangue que ocorre na Ucrânia e em outras partes do mundo e permanecer em silêncio diante do êxodo de cristãos do berço do cristianismo ou sermos indiferentes às injustiças sofridas pelos 'menores irmãos de nosso Senhor'", destacou o líder ortodoxo.

"Não podemos ignorar os problemas da poluição, do desperdício e das mudanças climáticas. Devemos agir como pacificadores, mostrar que temos fome e sede de justiça e nos comportar como bons administradores da criação", enfatizou o Patriarca de Constantinopla.

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