12 Novembro 2025
A abertura da Aldeia Cop desta terça-feira (11) deu início a uma nova campanha do movimento dos povos indígenas. A campanha “Lula, demarca Kaxuyana Tunayana” apresentada durante o evento, contou com cartazes, camisas e destaque nas falas das lideranças. O coordenador da Organização Indígena da Amazônia Brasileira (COIAB), Toya Manchineri, entregou uma carta à ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, solicitando a demarcação da Terra Indígena Kaxuyana Tunayana, em espera há 22 anos.
A reportagem é de Karina Pinheiro, publicada por ((o))eco, 11-11-2025.
“Estamos vendo uma nova campanha nascendo neste momento, e esperamos que o governo federal avance na demarcação dos nossos territórios”, destacou Toya Manchineri.
O evento começou às 19h e terminou quase 23h da noite e contou com a participação das ministras Sônia Guajajara (MPI), Margareth Menezes (Cultura), Macaé Evaristo (Direitos Humanos), Márcia Lopes (Mulheres) e Marina Silva (MMA), além da presença da presidenta da Funai, Joenia Wapichana, do secretário de saúde indígena, Weibe Tapeba, da liderança Sineia do Vale, da Raposa da Serra do Sol (RR), e de lideranças da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
O evento de abertura da Aldeia coroou a chegada das delegações indígenas na COP 30. Durante o dia, tanto nos espaços de negociação (Blue zone) quanto nos espaços abertos ao público em geral (Green zone), havia presença mais marcantes de indígenas de todas as regiões do país.
A principal bandeira do movimento é o pedido por demarcação de terras indígenas e participação dos povos nas negociações.
A Aldeia da COP este ano conta com um espaço próprio articulado pelo Ministério dos Povos Indígenas (MPI), em parceria com a UFPA, o Governo do Pará e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Instalado na Escola de Aplicação da Universidade Federal do Pará, o espaço deve receber até 3 mil representantes de diferentes povos, com uma programação voltada a debates sobre políticas públicas, financiamento e cultura. No momento, há 2.803 hóspedes na aldeia da COP.
Além dos painéis do MPI sobre a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena (PNGATI), o Plano Clima 2024-2035 e o Ciclo COParente, a programação inclui a participação de outros ministérios e autarquias, como o das Mulheres, do Turismo, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai). Organizações como a APIB, a COIAB, a ANMIGA, a Univaja e a Comissão Guarani Yvyrupa também participam das discussões, ampliando o diálogo sobre os desafios e direitos dos povos originários.
Crítica ao tumulto na Blue zone
Durante o evento de abertura da aldeia da COP, lideranças criticaram os grupos que saíram da Marcha Global Saúde para tentar protestar dentro da Blue Zone, espaço de negociação da COP 30, onde ficam as delegações credenciadas pela ONU.
“Qualquer movimentação, qualquer manifestação, que não esteja alinhada com o movimento indígena, com a APIB (…) e tantas outras organizações indígenas que fazem parte desta grande rede do movimento indígena, não é parte deste movimento indígena que nós queremos trazer que é ordeiro. Algumas instituições estão tentando passar uma imagem de que o movimento indígena vem para fazer baderna, bagunça neste espaço (…). O movimento indígena está aqui sabendo do espaço que nós estamos, sabendo do que viemos fazer e queremos continuar arrancando esses compromissos de todos. O que queremos é ser a resposta deste processo, pois a resposta somos nós. Demarcação já”, declarou Kleber Karipunã, liderança de base da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).
Justiça Climática
Durante um evento paralelo à COP 30, um painel intitulado “Financiamento para povos e comunidades tradicionais: mecanismos de acesso por meio de Fundos Comunitários”, realizado pelo Fundo Puxirum no Espaço Chico Mendes, foi palco de debate sobre modelos de financiamento direto que fortalecem a autonomia dos povos e comunidades tradicionais, com o objetivo de assegurar que os recursos cheguem diretamente aos territórios e sejam geridos de forma participativa, transparente e comunitária. “É possível e necessário que os investimentos que eles falam saiam do eixo de controle e sejam realocados no eixo da autodeterminação e da reparação histórica”, apontou Sandro Soares Baré, do Fundo Podáali.
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