07 Abril 2025
A 21ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL) começa nesta 2ª feira (7/11) em Brasília. Além da extinção imediata da Lei 14.701/2023, que instituiu o marco temporal – tese já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – e da aceleração das demarcações de territórios, os cerca de 8 mil indígenas esperados na capital federal até 6ª feira (11/11) reivindicarão o fim da exploração de combustíveis fósseis na Amazônia.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 06-03-2025.
Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que completa 20 anos, e suas sete organizações regionais, entre elas a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), o ATL 2025 traz uma forte dimensão internacional. O encontro reunirá lideranças indígenas dos nove países da Bacia Amazônica, além de representantes do Canadá, ilhas do Pacífico e Austrália.
A presença dessas delegações reforça o papel dos Povos Indígenas como protagonistas globais na luta contra as mudanças climáticas às vésperas da COP30 e já apontando para a COP31, prevista para acontecer na Austrália, destaca a COIAB. Entre os participações internacionais estão os Pacific Climate Warriors, ativistas das nações das ilhas do Pacífico; a canadense Sacred Earth Solar, liderada por mulheres indígenas; e a Troika dos Povos Indígenas — articulação inédita com lideranças do Brasil, Ilhas do Pacífico e Austrália que busca garantir continuidade e protagonismo indígena nas COPs 29 (realizada ano passado em Baku, no Azerbaijão), 30 e 31.
Também estará presente o G9 da Amazônia Indígena – articulação entre organizações indígenas dos nove países pan-amazônicos. Em fevereiro, o grupo lançou um manifesto contra a exploração de combustíveis fósseis no bioma. No ATL, o G9 vai reafirmar a conexão entre Justiça Climática, demarcação de terras e o fim da exploração de petróleo na Amazônia como bandeiras comuns e urgentes.
“O Acampamento Terra Livre 2025 será um espaço de convergência das demandas dos Povos Indígenas, desta vez não só do Brasil. O ATL será esse espaço de união: as lideranças poderão dialogar sobre temas comuns, como a defesa de seus territórios, a proteção da biodiversidade e o enfrentamento da crise climática. Como guardiões das florestas, rios e mares, nossas vozes e conhecimentos tradicionais precisam estar presentes na construção de políticas climáticas e em espaços de decisão como a COP30”, afirma o coordenador-geral da COIAB, Toya Manchineri.
SBT, Agência Brasil, Brasil de Fato e Revista Cenarium também noticiaram o ATL 2025.
O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Luis Ventura Fernández, disse ao Brasil de Fato que o marco temporal estará no centro das discussões do ATL diante da insistência do ministro Gilmar Mendes, do STF, em “forçar” uma conciliação sobre um tema em que “não é possível se conciliar nada”. “O marco temporal constitui o maior apagamento da violência contra os Povos Indígenas acontecida antes da Constituição Federal de 88. É a maior certidão da impunidade para as atrocidades cometidas contra os Povos Indígenas e para a expulsão dos Povos de seus territórios. Não somente é inconstitucional, é imoral”, frisou.