11 Novembro 2025
A presidência brasileira da COP30 fechou um acordo na noite de domingo – aos 45 minutos do segundo tempo, como diria a Central da COP, do Observatório do Clima – para aprovar a agenda da conferência. O consenso foi oficializado sob aplausos do plenário pelo presidente do evento, o embaixador André Corrêa do Lago, na 2ª feira (10/11), primeiro dia de discussões.
A reportagem é publicada por Climainfo, 11-11-2025.
Segundo a Folha, o arranjo feito pela presidência do evento vai permitir que os itens mais polêmicos continuem a ser debatidos paralelamente até amanhã (12/11). A lista inclui temas como financiamento, metas climáticas nacionais (NDCs) e medidas unilaterais de restrição comercial (como mecanismos de ajustes de fronteira).
Foram feitas oito novas propostas de itens para a agenda, quatro delas sobre a obrigação dos países ricos, poluidores históricos, de financiar aqueles com menos recursos, detalha a Sumaúma. Ficou combinado, então, que haverá consultas entre as delegações e Corrêa do Lago sobre essas propostas, com o resultado sendo anunciado nesta quarta-feira. Assim, as negociações sobre temas que já estavam na agenda podiam ser iniciadas ontem.
“Quero agradecer às delegações pelo fantástico acordo que alcançaram ontem [domingo] à noite”, disse o presidente da COP30, em tom de alívio, de acordo com o Pará Terra Boa. “Esse entendimento permitirá que comecemos a trabalhar intensamente desde hoje [segunda-feira] e possamos explicar ao mundo por que esses temas adicionais realmente importam”, complementou.
A aprovação da agenda é uma das primeiras etapas de toda conferência do clima e costuma refletir o nível de cooperação entre os países logo no início das negociações, explica o g1. Por isso, o desfecho positivo em Belém foi visto como um sinal de harmonia e disposição para avançar nas pautas prioritárias.
Ao conseguir um acordo antes mesmo da abertura oficial da conferência, o Brasil evita que o embate ocorrido em junho na reunião preparatória do evento, em Bonn, repita-se em Belém – o que era uma das prioridades da presidência brasileira da COP30 para garantir o avanço nas negociações.
Assim, os temas mais espinhosos ficaram fora do debate inicial. Mas o argumento brasileiro é de que, ao não debater a inclusão desses tópicos na agenda, foi possível iniciar logo as discussões dos itens que estão nela. Ao mesmo tempo, ao trazê-los para a consulta, também há espaço para que esses tópicos não sejam simplesmente deixados de lado, mas pelo contrário, tenham encaminhamentos concretos.
“O Brasil superou seu primeiro obstáculo e adotou no primeiro dia a agenda de negociações das próximas duas semanas. A temida ‘briga de agenda’ foi evitada com a promessa de consultas informais sobre os temas mais difíceis propostos pelos países para inclusão na agenda formal”, avaliou Stela Herschmann, especialista em Política Climática do Observatório do Clima. “Não está clara ainda a estratégia para continuar essas conversas de maneira informal, mas as partes parecem ter encontrado um certo equilíbrio de acomodação de interesses que pode ser o vislumbre de um pacote”, completou.
Leia mais
- A COP30 precisa planejar o fim dos combustíveis fósseis
- COP30 será “hora da verdade” contra a crise climática, diz Lula na ONU
- Fim dos combustíveis fósseis fica de fora do discurso de Lula na ONU
- No país da COP30, mais petróleo, mais gás, mais carvão. Artigo de Alexandre Gaspari
- Voos de equipes da Petrobras evitam Belém durante COP30
- Petrobras quer perfurar mais 3 poços na Foz do Amazonas com mesma licença
- A caminho da COP30: entre a retórica da eliminação dos combustíveis fósseis e a perfuração na Amazônia
- COP30 e três décadas de fracassos no combate às mudanças climáticas. Artigo de Eduardo Gudynas
- Indígenas se preparam para a COP30 preocupados com ofensiva contra Moratória da Soja
- Na COP30, agricultura precisará incluir natureza no sistema produtivo
- Clima em crise: humanidade não pode perder mais um ano e mais uma COP
- "COP30 pode ser um ponto de virada para o clima". Entrevista com Marina Silva
- COP30 precisa assumir compromisso com demarcação de terras indígenas. Entrevista com Joenia Wapichana
- COP30 será inclusiva e todas as delegações vão participar, afirma Ana Toni
- COP30 em Belém: o espelho turvo do verde e o fracasso anunciado de um sonho climático. Artigo de Paulo Baía
- A Amazônia suja de petróleo. Artigo de Alexandre Gaspari
- Relatório da ONU afirma que humanidade terá de enfrentar um mundo acima de 1,5ºC
- Metas climáticas apresentadas à ONU levam mundo a aquecimento de 2,5ºC até 2100
- Planeta caminha para 2,5ºC de aquecimento sobre níveis pré-industriais
- ONU: aquecimento global de 1,5°C é inevitável, reconhece Guterres
- A principal causa do aquecimento global é o crescimento descontrolado
- Aquecimento global: do cenário de 2°C ao abismo de 2,7°C