23 Outubro 2025
"No máximo, é a confirmação para eles de que não existe vida pacífica, vida plena, vida digna; só existe a morte. A ser dada e recebida, obviamente sempre em nome de Deus. Que é o Deus da morte, o mesmo Deus de Ben Gvir e seus inimigos. Seu corpo a corpo oprime pessoas, lares, crianças, a vida cotidiana. Eles não se importam em nada com a vida", escreve Michele Serra, jornalista, em artigo publicado por la Repubblica, 21-10-2025.
Eis o artigo.
É uma bênção, assim como um elemento de tímida esperança: a cada fanático corresponde quase sempre um tolo, e isso deixa algum espaço para os sensatos. Escutem esta: Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional de Israel, um homem que zomba e ameaça presos políticos acorrentados (para dar uma ideia do nível de sua vileza), acredita ser decisiva a aprovação da pena de morte para terroristas para o destino do governo Netanyahu. Ele diz que isso serviria para desencorajá-los.
Breaking | Far right Israeli Minister Itamar Ben Gvir storms Israeli prisons once again, calling for the execution of Palestinian detainees.
— Quds News Network (@QudsNen) October 23, 2025
“Will there be a death penalty for ‘terrorists’?”
His statement comes amid a brutal crackdown on Palestinian detainees. Denial of food… pic.twitter.com/Zq9af2ku2x
Podemos ignorar o fato de que, quando jovem, Ben Gvir foi rotulado de terrorista pelas autoridades de seu próprio país. Ele estava entre aqueles que ameaçaram Rabin, que mais tarde foi assassinado por um jovem fanático da mesma laia de Ben Gvir: aqueles que se sentem autorizados pela Bíblia a conquistar e matar. Mas, além disso, como se pode pensar que a pena de morte (imposta, ainda por cima, por Israel) possa incidir minimamente sobre a mentalidade, as ações e as estratégias do Hamas e, de forma mais geral, sobre o radicalismo religioso islamista, que há pelo menos algumas décadas faz da morte uma arma bélica, um sacrifício "patriótico" e uma missão religiosa?
Atentados suicidas e mortes em combate há anos são considerados uma espécie de prova de valor para milhares de infelizes, cegados pela promessa de uma redenção no além após uma vida de submissão.
Obviamente, Ben Gvir não entende isso, mas a pena de morte, para os bombardeados, segregados ou expulsos, não significa nada. No máximo, é a confirmação para eles de que não existe vida pacífica, vida plena, vida digna; só existe a morte. A ser dada e recebida, obviamente sempre em nome de Deus. Que é o Deus da morte, o mesmo Deus de Ben Gvir e seus inimigos. Seu corpo a corpo oprime pessoas, lares, crianças, a vida cotidiana. Eles não se importam em nada com a vida.
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