Mulheres cardeais: um passo para uma Igreja credível. Artigo de Max Cappabianca

Foto: Vatican Media

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09 Setembro 2025

"A Igreja Católica luta por sua credibilidade em muitas frentes. O papel das mulheres é uma questão central. Que a mudança é necessária aqui é inquestionável. No entanto, como essa mudança deve se concretizar é controverso", escreve o Padre Max Cappabianca, membro da Ordem Dominicana e, entre outras coisas, apresentador de programas da igreja no sábado, em artigo publicado por Katholisch.de, 08-09-2025.

Eis o artigo. 

A Igreja Católica luta por sua credibilidade em muitas frentes. O papel das mulheres é uma questão central. Que a mudança é necessária aqui é inquestionável. No entanto, como essa mudança deve se concretizar é controverso.

Recentemente, Martin Werlen, ex-abade de Einsiedeln, levantou a ideia de nomear cardeais mulheres. Em um painel de discussão promovido pela revista "Christ in der Gegenwart" (Cristo no Presente) nas Semanas Universitárias de Salzburgo, ele disse que o momento para cardeais mulheres é propício e não deve ser adiado por mais tempo. A ideia é antiga; mas o Papa Francisco rejeitou recentemente a exigência. Ao mesmo tempo, porém, ele se tornou o primeiro pontífice na história a nomear mulheres prefeitas de autoridades curiais — uma função tradicionalmente associada ao cardinalato. A prática tem se mostrado bem-sucedida, e pode-se perguntar: por que não dar o passo final?

Não há nada de teologicamente errado nisso. Cardeais não são cargos consagrados no sentido de sacerdócio ou bispado, mas sim conselheiros e eleitores nomeados pelo Papa. Ao longo da história da Igreja, sempre houve formas de nomeação cardinalícia que não se limitavam ao sacerdócio. O especialista em direito canônico Gianfranco Ghirlanda SJ também enfatiza: uma mulher pode legalmente se tornar cardeal. É simplesmente uma questão de vontade — e de coragem para mudar.

O debate em torno da possível nomeação de mulheres cardeais traz à tona uma questão há muito esperada: por quanto tempo a Igreja poderá continuar a se dar ao luxo de uma doutrina e prática que sistematicamente exclui mulheres de cargos decisórios? A Igreja fala muito sobre igualdade de gênero, dignidade e vocação. Mas enquanto as mulheres não forem autorizadas a participar das decisões onde elas são tomadas — no Colégio Cardinalício, no Vaticano, nos sínodos dos bispos com pleno direito a voto — essas palavras permanecerão vazias.

A nomeação de cardeais mulheres não seria um ato simbólico, mas um poderoso sinal de renovação e justiça. Estou convencida de que a Igreja se beneficiaria de mulheres em cargos de liderança. Muitas coisas mudariam — mas certamente não para pior.

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