Leão XIV recorda Moçambique. Artigo de Luigi Sandri

Foto: Unicef | Guy Talor

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03 Setembro 2025

"Estima-se que, nos últimos anos, 250 mil pessoas tiveram que abandonar Cabo Delgado para encontrar abrigo em outras regiões do país, muitas vezes acolhidas por famílias também extremamente pobres, mas dispostas a ajudar esses refugiados totalmente desamparados".

Artigo de Luigi Sandri, publicado por L'Adige de 01-09-2025. A tradução é de Luisa Rabolini

Eis o artigo. 

Enquanto a guerra na Ucrânia e a tragédia em Gaza prosseguem, cada vez mais graves, o Papa Leão XIV nos lembra também da tragédia em Moçambique, onde o norte do país africano testemunha ataques de grupos terroristas contra a população, em particular contra as comunidades cristãs.

Leão XIV disse no Angelus do último domingo: "Expresso a minha proximidade ao povo de Cabo Delgado, Moçambique, vítima de uma situação de insegurança e violência que continua a causar mortes e deslocados. Ao mesmo tempo que apelo para que não se esqueçam desses nossos irmãos e irmãs, convido-os a rezar por eles e expresso a minha esperança de que os esforços dos líderes do país consigam restabelecer a segurança e a paz naquele território".

Colônia portuguesa durante cinco séculos, com aproximadamente 25% da população que se tornou católica, o território alcançou a independência em 1975. Foi inicialmente governado pelo Frelimo, um movimento de orientação marxista, contrastado pela Renamo, "resistência" pró-ocidental. Seguiu-se uma dura guerra civil, que terminou em 1992, embora ainda tenha tido alguns rescaldos. É maior que dois estados italianos e tem uma população de 32 milhões. Sua província de Cabo Delgado, que faz fronteira com a Tanzânia e abrange uma área equivalente à do Vale do Pó, tem sido palco de confrontos há muito tempo, provocados por grupos autóctones que buscam se apropriar dos muitos recursos minerais do país — entre os quais o gás natural, hoje em sua grande parte nas mãos de multinacionais —, bem como por grupos islamistas radicais, que atacam e matam, especialmente comunidades cristãs. O crime denunciado pelo pontífice se enquadra nesse contexto.

Desde 2013, foi bispo da diocese de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, o brasileiro Luiz Fernando Lisboa, que denunciou veementemente a inércia, senão a cumplicidade, do governo moçambicano diante da violência das milícias islâmicas. Suas posturas irritaram as autoridades, e alguns círculos estatais ameaçaram o prelado de morte. Para protegê-lo, em 2021, o Papa Francisco promoveu Lisboa à liderança da diocese de Cachoeiro de Itapemirim, no seu Brasil natal.

Estima-se que, nos últimos anos, duzentas e cinquenta mil pessoas tiveram que abandonar Cabo Delgado para encontrar abrigo em outras regiões do país, muitas vezes acolhidas por famílias também extremamente pobres, mas dispostas a ajudar esses refugiados totalmente desamparados.

Agradecendo profundamente a Leão XIV pela solidariedade, Monsenhor Osório Citora Afonso, secretário-geral da Conferência Episcopal Moçambicana (CEM), recordando a "Via Sacra" desses deslocados, disse: "Essas pessoas realmente precisam de tudo. Depois de abandonarem suas casas e suas terras, não possuem mais nada. Caminharam a pé por dias e dias e agora estão exaustos". E acrescentou: "Recentemente, uma delegação da CEM foi recebida pelo Presidente da RepúblicaDaniel Chapo. Conversamos com ele sobre a urgência de pôr fim à violenta insurreição que sangra o país".

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