02 Setembro 2025
O ministro das Relações Exteriores da Bélgica indicou que seu país reconhecerá o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, mas esclarece que a formalização administrativa ocorrerá quando "o último refém for libertado e o Hamas não assumir mais a gestão da Palestina".
A reportagem é publicada por EFE e reproduzida por El Diario, 02-09-2025.
O ministro das Relações Exteriores belga, Maxime Prévot, anunciou na manhã de terça-feira que seu país reconhecerá o Estado da Palestina durante a Assembleia Geral da ONU, que será realizada este mês em Nova York.
Prévot justifica a decisão do governo belga como uma resposta à "tragédia humanitária" na Faixa de Gaza e "em resposta à violência perpetrada por Israel em violação ao direito internacional".
"Não se trata de sancionar o povo israelense, mas sim de garantir que seu governo respeite o direito internacional e humanitário e tomar medidas para tentar mudar a situação no local", disse o ministro em sua conta no X.
Além disso, Prévot indica que a Bélgica imporá 12 sanções contra Israel, incluindo a proibição de importação de produtos, uma revisão de sua política de compras públicas com empresas israelenses, proibições de sobrevoos e trânsito de embarcações e a declaração de "persona non grata" para "dois ministros israelenses extremistas, vários colonos violentos e líderes do Hamas".
Prévot observa que a decisão da Bélgica representa um "gesto político e diplomático firme" buscando uma solução "para condenar as intenções expansionistas de Israel com seus programas de colonização e ocupações militares" e caminhar em direção a uma solução de dois Estados.
“A Palestina será, portanto, um Estado plenamente reconhecido pela Bélgica no cenário internacional. Ciente do trauma infligido ao povo israelense pelos ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, perpetrados pelo Hamas, a formalização administrativa desse reconhecimento por meio de um decreto real ocorrerá assim que o último refém for libertado e o Hamas não mais assumir a administração da Palestina”, observa Prévot.
A decisão belga põe fim a dias de tensão dentro do governo de coalizão de cinco partidos, devido às opiniões divergentes sobre qual posição tomar em relação às ações de Israel nos territórios palestinos.
A Bélgica junta-se assim a países como a França, o Reino Unido e a Austrália, que também anunciaram a decisão de reconhecer o Estado palestino nos últimos meses, como medida de pressão sobre o governo israelense de Benjamin Netanyahu.
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