01 Setembro 2025
Mais de 150 veículos de 50 países exigem acesso ao território palestino e denunciam ataques a profissionais da comunicação.
A reportagem é de Gustavo Kaye, publicada por Agenda do Poder, 30-08-2025.
Na próxima segunda-feira (1º), jornais e portais de notícias em todo o mundo vão estampar suas capas e páginas iniciais em preto. A iniciativa é um protesto contra a morte de jornalistas em Gaza e cobra do governo israelense a liberação da entrada da imprensa estrangeira no território. O ato foi articulado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) em parceria com a plataforma de mobilização Avaaz.
Mais de 150 veículos participam
Segundo os organizadores, mais de 150 meios de comunicação em 50 países aderiram à ação. Entre eles estão Mediapart (França), Al Jazeera (Qatar), The Independent (Reino Unido), +972 Magazine (Israel/Palestina), Forbidden Stories (França), Frankfurter Rundschau (Alemanha), The New Arab (Reino Unido), L’Orient Le Jour (Líbano), Public Interest Journalism Lab (Ucrânia), Intercept Brasil, Agência Pública (Brasil) e Le Soir (Bélgica). Além das capas escuras, estão previstas publicações de editoriais, artigos de opinião e ampla mobilização em redes sociais.
Gaza: território mais letal para jornalistas
Desde o início da ofensiva israelense, desencadeada após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza se tornou o local mais perigoso do mundo para jornalistas. De acordo com a RSF, mais de 210 profissionais da imprensa foram mortos em quase 23 meses de conflito. O Sindicato dos Jornalistas Palestinos aponta que, até agosto, pelo menos 246 comunicadores perderam a vida em decorrência da guerra — número que supera o total registrado em sete conflitos históricos somados, incluindo a Guerra do Vietnã e as duas Guerras Mundiais.
Casos recentes de ataques
Os episódios mais recentes reforçam a gravidade da situação. Em 10 de agosto, Anas al-Sharif, da Al Jazeera, foi morto junto a outros cinco jornalistas que se abrigavam em uma tenda próxima ao Hospital Al-Shifa. Já no dia 25, outro ataque atingiu o complexo médico Al-Nasser, no centro de Gaza, matando cinco profissionais, entre eles repórteres da Reuters e da Associated Press.
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