29 Julho 2025
Parolin: A Santa Sé reconheceu a Palestina. Mas os EUA condenam a conferência da ONU como um golpe publicitário.
A informação é de Antonello Guerrera e Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 29-07-2025
Ontem, 58 ex-embaixadores da UE condenaram as "atrocidades diárias de Israel contra o povo palestino em Gaza", apelando à ação de Bruxelas. A resposta da Comissão Europeia foi rápida: propôs a suspensão parcial do acesso de Israel ao programa Horizon e ao seu financiamento para pesquisa científica. Enquanto isso, a Holanda afirmou estar pronta para tomar "medidas comerciais" contra o Estado judaico. Anteriormente, 35 diplomatas italianos aposentados haviam escrito uma carta aberta a Meloni solicitando o reconhecimento do Estado palestino.
Com esse objetivo, uma conferência de três dias teve início ontem na ONU, liderada pela França e pela Arábia Saudita (um parceiro ocidental crucial no Oriente Médio) e boicotada pelos EUA e Israel. "É um espetáculo contraproducente que ajuda o Hamas", respondeu a Casa Branca, irritada. A cúpula, convocada em junho, mas posteriormente adiada devido ao ataque de Israel ao Irã, visa definir os parâmetros de um roteiro que leve à criação de um Estado palestino, garantindo ao mesmo tempo a segurança do Estado judaico. "Não há alternativa", declarou o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noël Barrot, em seu discurso na sede da ONU. "Medidas concretas são necessárias agora".
Além de Paris, onze países europeus já anunciaram o reconhecimento unilateral do Estado palestino: Suécia, Eslovênia, Espanha, Irlanda, Bulgária, Chipre, República Tcheca, Hungria, Romênia, Polônia e Eslováquia. Outros 144 dos 193 países da ONU compartilham essa visão. A Itália, assim como o Reino Unido e a Alemanha, ainda está relutante: "Não é uma questão de substância, mas de tempo", explicou o ministro das Relações Exteriores Antonio Tajani, depois que a primeira-ministra Giorgia Meloni chamou a iniciativa de Macron de "contraproducente". Segundo Roma, o reconhecimento mútuo prévio de Israel no Oriente Médio também é necessário. Essa posição é semelhante à do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, que, no entanto, pode em breve ceder e reconhecer o Estado da Palestina, sob pressão de mais de 200 parlamentares trabalhistas e vários de seus próprios ministros influentes.
A Santa Sé também interveio no debate, criticando Meloni, que considerou a medida prematura. "Por que prematura?", perguntou retoricamente o Cardeal Pietro Parolin. O principal assessor do Papa saudou a conferência da ONU lançada pela França e pelos sauditas: "Esperemos que dê frutos". O secretário de Estado do Vaticano foi questionado ontem por jornalistas, à margem do Jubileu dos Influenciadores Católicos, sobre a recente decisão de Macron de reconhecer formalmente a Palestina em setembro próximo: "Já fazíamos isso há algum tempo, como vocês dizem", declarou, adotando o sotaque romano de seus interlocutores. "Para nós, essa é a solução: o reconhecimento de dois Estados vivendo lado a lado, de forma autônoma, mas também em cooperação e segurança".
A Santa Sé já havia assinado um acordo básico com a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) há 25 anos e, há dez anos, a pedido do Papa Francisco, o acordo efetivo com o Estado Palestino. O governo israelense então expressou seu "pesar". Nos últimos dias, colonos israelenses atacaram Taybeh, a última aldeia cristã na Cisjordânia, e a presença de seus assentamentos, disse Parolin, "não favorece a criação do Estado da Palestina". Em relação à paróquia de Gaza atacada pelo exército israelense, o cardeal, que nos últimos dias havia levantado dúvidas sobre a natureza acidental do incidente, observou que "se quisermos, podemos encontrar uma maneira" de evitar o que Israel classificou como uma "desorientação". A situação na Faixa de Gaza, disse Parolin, "é insustentável", ecoando o apelo de Leão XIV no Angelus do último domingo: "Agora, uma nova arma é a fome e a falta de alimentos".