25 Julho 2025
"Lojudice apenas reiterou a linha estabelecida por Leão XIV, no fim do Angelus de domingo, quando falou explicitamente de 'ataque do exército israelense contra a paróquia católica da Sagrada Família na Cidade de Gaza'. Uma ofensiva que deixa pouco espaço para a diplomacia, como reiterou o secretário de Estado Parolin, quando questionou o ataque à paróquia de Gaza ter sido um erro", escreve Antonio Padellaro, em artigo publicado por Il Fatto Quotidiano, 23-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Há quem arrancou os cabelos ao ler a palavra genocídio usada por Francisco em um livro, mas em Gaza estamos além da loucura, está em ação o mal mais desenfreado, sem lógica. O assassinato de crianças na fila por um punhado de arroz clama a Deus por justiça".
Pensávamos que a incontida indignação do Cardeal Augusto Paolo Lojudice, relatada na entrevista ao La Stampa de 21 de julho, teria repercussões nas relações já tensas entre o governo Netanyahu e a Santa Sé, além da inevitável repercussão midiática. Mas, em vez disso, nada. Silêncio absoluto. No entanto, as palavras do cardeal — 61 anos, por cinco anos colega de Cúria de Robert Francis Prevost, presidente do episcopado toscano— soam como um ataque pessoal ao primeiro-ministro israelense e aos seus ministros mais radicais.
"Como alguém que comete tais atrocidades e tem dezenas de milhares de vítimas na consciência pode se olhar no espelho?", declarou a Giacomo Galeazzi, o cardeal atento em não envolver todo o povo de Israel ("nem todos os judeus fazem isso"). Mas uma de suas frases atinge como um tapa na cara daqueles setores fundamentalistas que "por causa das escolhas insensatas cometem as mesmas atrocidades cometidas contra eles".
Lojudice apenas reiterou a linha estabelecida por Leão XIV, no fim do Angelus de domingo, quando falou explicitamente de "ataque do exército israelense contra a paróquia católica da Sagrada Família na Cidade de Gaza". Uma ofensiva que deixa pouco espaço para a diplomacia, como reiterou o Secretário de Estado Parolin, quando questionou o ataque à paróquia de Gaza ter sido um erro.
Atribui-se a Stálin a pergunta sarcástica: "Quantas divisões tem o Papa?" a quem lhe sugerira que ele levasse em conta as opiniões do pontífice ao definir os arranjos geopolíticos do pós-guerra. A Netanyahu certamente não faltaria o cinismo de desacreditar as vozes que se elevam dos palácios apostólicos. Talvez o faça, mas, nesse interim, não pôde rejeitar o convite à cautela vindo de seu grande amigão de Washington, que valoriza a opinião dos 60% dos católicos que votaram nele.
Há também o imenso exército de fiéis ao redor do mundo que olha com confiança para o Papa Leão. Suas consciências certamente não estão armadas pelos mercadores da morte, mas por um profundo sentimento de repulsa pela "tragédia de uma guerra horrível, totalmente desprovida de qualquer justificativa humana e moral", disse o Cardeal Augusto Paolo Lojudice, interpretando os sentimentos de toda a Igreja.