05 Junho 2025
O menino de 11 anos, que perdeu os nove irmãos, será internado no hospital Niguarda, em Milão, e terá de ser submetido a uma cirurgia.
A reportagem é de Michele Bocci e Giuliano Foschini, publicada por La Repubblica, 05-06-2025.
O futuro de Adam será escrito na Itália. A criança palestina, de 11 anos, filho do pediatra Alaa al-Najjar, o único de dez irmãos a sobreviver a um bombardeio israelense, será tratado em nosso país: ele desembarcará em Milão em 11 de junho e será transportado de ambulância para o hospital Niguarda, onde será tratado por médicos. Adam tem ferimentos no peito e no braço, com comprometimento nervoso. Ele terá que passar por uma ou mais operações cirúrgicas, mas nossos médicos, que tiveram a oportunidade de conversar com médicos palestinos e também com a mãe da criança – uma colega, na verdade – estão confiantes de que Adam não terá, pelo menos fisicamente, consequências graves daquele bombardeio que destruiu sua família. Hamdi, seu pai, havia sobrevivido. E ele deveria vir para a Itália com ele e sua mãe. Mas ele não resistiu: ele morreu no último sábado devido aos ferimentos graves causados pelo ataque de 25 de maio.
O anúncio oficial da chegada de Adam em 11 de junho – antecipado nos últimos dias pelo Repubblica – foi feito ontem, primeiramente, pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, que afirmou que a criança "chegará com a mãe, a tia e quatro primos e virá para cá para ser tratada em um dos melhores hospitais pediátricos italianos. Acredito que no dia 11 ele poderá deixar Gaza". À tarde, foi realizada uma reunião operacional para organizar o transporte, da qual também participaram o Ministério do Interior, a Defesa Civil e o consulado em Jerusalém. A data do transporte é aquela, decidida há dias.
Adam não se deslocará sozinho. Ele fará parte de um grupo de crianças e jovens palestinos que chegarão à Itália. Houve tentativas de antecipar sua partida, tanto que chegou-se a cogitar sua ida para outro lugar, Malta ou Turquia, mas no fim das contas a opção italiana é a que oferece maiores garantias. Também graças à máquina que se deslocou, a mando do Ministro da Saúde Orazio Schillaci e do subsecretário Marcello Gemmato, que acompanharam imediatamente o dossiê do ponto de vista médico. São 18 feridos no total, 17 menores e uma jovem de 21 anos, que serão transportados pela Força Aérea Italiana. Com eles, cerca de sessenta acompanhantes, a maioria parentes. Serão acolhidos em unidades de saúde de seis regiões. Além da Lombardia, Vêneto, Piemonte, Toscana, Emília-Romanha e Lácio. O hospital pediátrico Bambino Gesù, em Roma, e o Meyer, em Florença, certamente estarão envolvidos, mesmo que a lista de unidades de saúde que serão questionadas ainda não tenha sido elaborada (e até mesmo a lista de feridos a serem tratados pode ser alterada). Por enquanto, porém, parece certo que Adam irá para Niguarda. Nos últimos dias, o conselheiro de saúde da Lombardia, Guido Bertolaso, ligou diretamente para Tajani para informá-lo de sua disponibilidade.
Dois aviões partirão da Itália, provavelmente de Pisa, com destino ao aeroporto de Eilat-Ramon, no sul de Israel, após uma escala no Egito. Um dos aviões partirá para Roma e o outro para Milão. Também haverá pessoal médico e da Proteção Civil a bordo para prestar assistência aos feridos durante a viagem.
Na Itália, 130 crianças palestinas já foram hospitalizadas. Tajani lembrou isso ontem, acrescentando que "no que diz respeito a Gaza, continuamos a ajudar a população civil. Somos o país, segundo o Ministro das Relações Exteriores palestino, que veio a Roma para a primeira missa do Papa Leão XIV, que mais fez. Acolhemos 700 palestinos na Itália, os ajudamos a deixar a Faixa de Gaza: não são poucos. E estamos hospitalizando as crianças nos melhores hospitais pediátricos italianos. Continuamos nossa ação humanitária, mantemos o programa "Alimentos para Gaza", apesar de todas as dificuldades que existem. Vocês conhecem a nossa posição: chega de bombardeios, chega de guerra".