18 Julho 2025
Na Faixa há mais de dez anos, o padre é o pilar da pequena comunidade
A reportagem é de Francesca Caferri, publicada por La Repubblica, 17-07-2025.
Duas vezes, nesses vinte e um meses, ele experimentou momentos de fraqueza: o primeiro, no final de 2023, quando, sentado na pequena sala à entrada do Patriarcado Latino de Jerusalém, torceu o manto com as mãos porque não podia retornar ao seu povo em Gaza. O segundo, em maio passado, quando os combates ao redor da paróquia se intensificaram e toda a comunidade — 541 pessoas, incluindo cerca de sessenta crianças com doenças crônicas e muitos idosos debilitados — se reuniu na igreja, com balas zunindo pelo pátio. "Rezamos, o que mais poderíamos fazer?", ele nos disse alguns dias depois, em uma de suas muitas mensagens nos últimos meses. Fora isso, o Padre Gabriel Romanelli, 55 anos, argentino, da Família Religiosa do Verbo Encarnado, em Gaza há mais de dez anos, nunca desistiu por um momento.
Segundos antes del ataque del Ejército de Israel a la Parroquia de la Sagrada Familia en Gaza. Como pueden ver, ahí dentro no hay terroristas, solo católicos en Misa.
— Pablo Munoz Iturrieta (@PMunozIturrieta) July 17, 2025
La condena es mundial contra este atentado terrorista perpetrado contra cristianos. pic.twitter.com/SwPUkImZ1V
Em 7 de outubro de 2023, o Padre Gabriel retornava de uma viagem ao exterior: de Jerusalém, ele deveria cruzar a Passagem de Erez na sexta-feira, 6 de outubro, antes do fechamento da fronteira para o Shabat. Ele havia parado para comprar remédios para uma das freiras de Madre Teresa que estão na paróquia. Desde então, ele implorou aos israelenses que o deixassem retornar, apenas para receber negações implacáveis. Ele conseguiu retornar em maio de 2024, acompanhado pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa. Desde então, apesar de sua saúde precária, ele havia sido — junto com seu vice, o Padre Iusuf egípcio — o pilar da comunidade: vigílias de oração, bênçãos dos doentes, mas também jogos de futebol para as crianças, turnos escolares e distribuição de ajuda para a vizinhança. O Padre Gabriel não parou por um momento, fazendo com que uma situação que não era humana parecesse humana para aqueles que o chamavam de fora.
Nesse esforço, ele encontrou um aliado precioso no Papa Francisco, com quem falava em espanhol todas as noites: "Senti-lo perto de nós é uma grande ajuda", repetia-nos várias vezes. A morte do Pontífice o abalou profundamente: "Tocamos os sinos para ele todas as noites: às oito horas, quando ele nos chamava. Chamamos a hora do Papa."
Oficialmente, não houve contato direto com Leão. Mas o Padre Gabriel sabia muito bem que o Vaticano continuava a zelar por ele e sua pequena comunidade, pressionando por sua proteção e por mais ajuda o mais rápido possível. Apesar disso, nos últimos dias, a preocupação e o cansaço se faziam sentir com força. "Saber que somos uma pequena parcela da grande realidade da Igreja universal, saber que mais de um bilhão de cristãos em todo o mundo rezam por esta pequena e infeliz comunidade nos dá grande resiliência. Alimentos, remédios, diesel são tão importantes para nós quanto a oração. Sem a oração, não teríamos chegado até aqui", disse ele ao Vatican News há apenas cinco dias.