10 Julho 2025
As disposições pastorais do Papa Francisco para a bênção de pessoas em relacionamentos homoafetivos permanecerão inalteradas sob o Papa Leão XIV, segundo o presidente do Dicastério doutrinal do Vaticano.
A informação é de Jeromiah Taylor, publicada por New Ways Ministry, 09-07-2025.
O cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé e também autor do documento de 2023 que permitiu expressamente bênçãos informais a pessoas vivendo em situações “irregulares”, afirmou a um jornal italiano que é improvável que Leão revogue essas disposições.
Segundo o National Catholic Reporter, ao ser questionado pelo jornal Il Messaggero, à margem de uma coletiva de imprensa do Vaticano em 3 de julho, se Leão poderia voltar atrás, Fernández respondeu: “Realmente não acredito — a declaração permanecerá”.
Importa notar que essa especulação informal não representa uma afirmação oficial sobre a continuidade das disposições.
O documento que permitiu as bênçãos, Fiducia Supplicans, esclareceu a teologia e o significado de todas as bênçãos pastorais, insistindo que a perfeição moral não é pré-requisito para receber uma bênção. Fiducia Supplicans reiterou o ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e proibiu cuidadosamente qualquer celebração comunitária ou ritualizada que se assemelhasse a um casamento. Também afirmou que abençoar uma pessoa não significa endossar seu estilo de vida. Apesar desses esclarecimentos, o documento enfrentou intensa reação de setores da Igreja, incluindo alguns bispos.
Talvez a oposição mais contundente tenha vindo do continente africano, onde muitos bispos e conferências episcopais refutaram publicamente a recomendação do documento de que os pastores discernissem a possibilidade de conceder bênçãos espontâneas a pessoas em relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo como provisão pastoral.
O líder da oposição africana, cardeal Fridolin Ambongo Besungu, presidente do Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM) e arcebispo de Kinshasa, na República Democrática do Congo, viajou pessoalmente a Roma em 2023 para comunicar ao Papa Francisco que ele e seus irmãos bispos não poderiam implementar essas reformas em suas Igrejas locais.
Ambongo recentemente rejeitou a percepção pública de que Francisco teria concedido uma “isenção africana”. Segundo o site Katholisch.de, durante uma visita ao Vaticano em fevereiro, Ambongo — que integra o conselho de cardeais consultores de Francisco — afirmou que “a posição da África também é a posição de muitos bispos aqui na Europa. Não é uma exceção africana”.
O cardeal acrescentou: “Nossa prioridade pastoral não é o problema da homossexualidade ou das pessoas homossexuais. Para nós, a vida é o foco: como se vive — e como se sobrevive.” As complicações pastorais decorrentes do ensinamento da Igreja sobre relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo e outras questões de sexualidade humana são, segundo ele, “um problema para vocês aqui na Europa, não para nós na África”.
Antes da declaração de Fernández, a única outra manifestação pública sobre a posição de Leão em relação ao Fiducia Supplicans veio de uma entrevista do cardeal Jean-Claude Hollerich ao jornal italiano La Stampa. Hollerich afirmou que, embora Leão “possa reinterpretar” o documento, ele não o “aboliria”, acrescentando que “o Papa Leão disse que a Igreja está aberta a todos”.
Ele acrescentou: “Isso é uma continuação da abordagem de Francisco, que costumava repetir: ‘Todos, todos, todos’”.