11 Junho 2025
"Não há nada improvisado na expansão dos colonos que ocupam ilegalmente as terras na Palestina e, pouco a pouco, assentamento após assentamento, sitiam os vilarejos da Cisjordânia até assumirem o controle de fato", escreve Nello Scavo, repórter internacional, em artigo publicado por Avvenire, 06-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não há nada improvisado na expansão dos colonos que ocupam ilegalmente as terras na Palestina e, pouco a pouco, assentamento após assentamento, sitiam os vilarejos da Cisjordânia até assumirem o controle de fato. Como em Taybeh, a última cidade inteiramente cristã na Palestina. Ontem, ocorreu o mais recente ataque com a cobertura do exército de Tel Aviv. Um novo posto avançado colonial foi estabelecido durante a noite nas terras dos residentes palestinos, sobre as ruínas de algumas habitações que pertenciam a uma numerosa família palestina deslocada à força há cerca de um ano. "Morte ao árabe", escrevem nas paredes das casas ocupadas e destruídas, assinando com a Estrela de Davi. Agressões físicas, apedrejamentos, destruição de terras cultivadas e ferramentas agrícolas.
Os moradores locais não tiveram escolha a não ser ir embora. Até poucos anos atrás, Taybeh tinha 15.000 moradores; hoje, não são mais de 2.000. Só em maio, as autoridades palestinas registraram as tentativas de colonos de estabelecer 15 novos postos avançados, principalmente em terras agrícolas e pastoris: 6 em Ramallah e al-Bireh, 2 cada em Salfit, Tubas e Belém, 1 em Jericó e 1 em Nablus. Enquanto isso, ataques israelenses em cidades como Jenin obrigaram ao deslocamento 40.000 residentes depois que suas casas foram devastadas por tratores blindados e bairros declarados "fora dos limites". Poucos dias antes, em 21 de maio de 2025, o Conselho Superior de Planejamento iniciou a discussão para a aprovação de 1.673 unidades habitacionais em seis assentamentos.
Desde o início de 2025, o órgão estatal israelense promoveu um total de 18.959 unidades habitacionais na Cisjordânia. Todos os novos assentamentos estão localizados em áreas internas, territórios que eram considerados áreas designadas para um futuro Estado palestino. O propósito dos novos assentamentos também é simbólico: desacreditar e aniquilar a Autoridade Nacional Palestina. Duas das novas colônias de ocupação foram autorizadas perto de Ramallah, a capital administrativa da Palestina. Se no passado a ocupação se dava principalmente por meio de blitz de colonos escoltados pelo exército, agora é até anunciada por atividades inequívocas.
Há poucos dias, por exemplo, começaram as obras de uma nova estrada para um novo posto avançado onde está previsto o assentamento de Beit Hororn, a menos de sete quilômetros em linha reta de Ramallah. Das 22 novas colônias lançadas pelo governo de Netanyahu, em cujo gabinete também tomam assento ministros colonos, como os extremistas Ben-Gvir e Smotrich, 12 são postos avançados e fazendas (dos quais surgirão assentamentos mais populosos posteriormente); 9 são aglomerações urbanizadas recém-construídas; uma é um assentamento existente que será oficialmente reconhecido. Diversas organizações internacionais e ativistas de direitos humanos veem essas medidas como um desafio aberto ao direito internacional e uma tentativa de avançar em direção a uma anexação "de fato" da Cisjordânia impedindo o nascimento de um Estado independente no momento em que cresce o número de países que se dizem dispostos a reconhecer o Estado da Palestina.
"O governo israelense não finge mais: a anexação dos Territórios ocupados e a expansão dos assentamentos são seu principal objetivo", denuncia a organização humanitária israelense "Paz Agora". "A decisão do governo de criar 22 novos assentamentos, o maior número desde os Acordos de Oslo, segundo os quais Israel se comprometeu a não instituir novos, remodelará radicalmente a Cisjordânia e consolidará ainda mais a ocupação". Que Netanyahu queira cortar a ANP, apesar de o grupo no comando, liderado por Abu Mazen, ter se manifestado contra o Hamas, é demonstrado pelos fatos dos últimos dias. Tel Aviv impediu vários diplomatas de países árabes de irem a Ramallah para conversas diretas com a Autoridade Nacional Palestina. Arábia Saudita – que estava prestes a assinar um acordo histórico com Israel, mas que foi sabotado em 7 de outubro de 2023 pelo massacre de 1.200 israelenses perpetrado pelo Hamas – definiu de "extremismo" a decisão de Israel de impedir que ministros árabes visitassem a Cisjordânia para discutir a criação de um Estado palestino e do fim da guerra em Gaza.