21 Mai 2025
"Na revista 'La città futura', em 11 de fevereiro de 1917, Antonio Gramsci escreveu: 'A indiferença é o peso morto da história, é a matéria inerte que opera passivamente, mas opera... É uma doença moral que também pode ser uma doença mortal'", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, em artigo publicado em Il Sole 24 Ore, 18-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença. O oposto da educação não é a ignorância, é a indiferença. O oposto da arte não é a feiura, mas a indiferença. O oposto da justiça não é a injustiça, mas a indiferença. O oposto da paz não é a guerra, mas a indiferença à guerra. O oposto da vida não é a morte, mas a indiferença à vida e à morte. Essas são palavras que o escritor Elie Wiesel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1986, proferiu em 12 de abril de 1999 na Casa Branca, a convite do Presidente Clinton. A forma quase de ladainha é incisiva e poderia ser estendida sem fim.
A indiferença é uma espécie de névoa que confunde e desfigura todas as verdades, é uma superficialidade que se alimenta apenas de banalidades e estereótipos, é a recusa de todo empenho severo e árduo, é uma acomodação que se adapta a toda ditadura social e política. Aparentemente inofensiva, a indiferença é como um destilado eficaz de veneno que paralisa a consciência.
Na revista “La città futura”, em 11 de fevereiro de 1917, Antonio Gramsci escreveu: “A indiferença é o peso morto da história, é a matéria inerte que opera passivamente, mas opera... É uma doença moral que também pode ser uma doença mortal”.
Wiesel, naquele discurso, como antídoto propunha “prestar memória”. De fato, é o esquecimento dos grandes valores e da nossa própria herança cultural que achata e empobrece o indivíduo e a sociedade. A indiferença também muitas vezes se torna cumplicidade. Foi isso que Liliana Segre sugeria em um de seus discursos em 2019: “A indiferença é a chave para compreender a razão do mal, porque quando você acredita que algo não lhe diz respeito ou não lhe interessa, então não há limite para o horror.”