#massacre. Artigo de Gianfranco Ravasi

Foto: Canva

Mais Lidos

  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS
  • Diaconato feminino: uma questão de gênero? Artigo de Giuseppe Lorizio

    LER MAIS
  • Venezuela: Trump desferiu mais um xeque, mas não haverá xeque-mate. Artigo de Victor Alvarez

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

21 Novembro 2024

"O absurdo está justamente naquelas expressões religiosas que abençoam as guerras, que aspergem os tanques, que puxam Deus para o seu lado, que celebram ritos sagrados para a vitória", escreve Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 04-11-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Eles se encontram para se matar, massacrar uns aos outros, mutilar dezenas de milhares de homens e depois celebram ritos de ação de graças pelo fato de terem matado muitas pessoas, comemorando sua vitória. Como Deus, lá de cima, pode ficar olhando e ouvindo isso?

O impressionante romance que Tolstói compôs entre 1863 e 1869, Guerra e Paz, revela impiedosamente o contraste que dá título ao livro. O conflito entre Napoleão e a Rússia irrompe na vida de Moscou e na plácida cotidianidade do campo. Na verdade, a própria existência das famílias, com as multidões de personagens que as povoam, já estava atravessada por tensões, semelhantes a batalhas em miniatura. Um desses atores na vasta ribalta narrativa de Tolstói profere a crítica amarga, mas autêntica, da mitologia bélica que citamos acima. Compreendemos seu profundo valor ainda hoje, com a experiência dos muitos conflitos que mancham de sangue dezenas e dezenas de países em nosso planeta.

O absurdo está justamente naquelas expressões religiosas que abençoam as guerras, que aspergem os tanques, que puxam Deus para o seu lado, que celebram ritos sagrados para a vitória. Outra grande figura, Erasmo de Roterdã, já no século XVI, nas suas Adagia, se perguntava sobre a etimologia da palavra latina bellum, “guerra”, e, no fim, optava um tanto livremente pela derivação de belua, “besta”, “porque é coisa de bestas, e não de homens, empenhar-se em um extermínio recíproco”. Também em nível pessoal, é o ódio o verdadeiro inimigo a ser abatido, e a tarefa de um genitor, que sabe o quanto a vida é preciosa, é educar para a paz, que - de acordo com o Talmud judaico - é “para o mundo o que o fermento é para a massa”.

Leia mais