14 Novembro 2024
"O mundo é uma festa de casamento. Você dança sua pequena dança e depois volta para casa. Que casa é essa para se retorna depois de termos desempenhado bem ou mal nosso papel no palco do mundo?", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, em artigo publicado em Il Sole 24 Ore, 10-11-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
O mundo é uma festa de casamento. Você dança sua pequena dança e depois volta para casa. Que casa é essa para se retorna depois de termos desempenhado bem ou mal nosso papel no palco do mundo? As respostas são basicamente duas e opostas. Há quem considera a criatura humana como saída das mãos de Deus e, portanto, destinada a retornar àquele abraço primordial, depois de ter participado da festa (muitas vezes conturbada) da vida terrena. É a visão dos místicos que imaginam a existência histórica como uma peregrinação: depois de chegar à casa de onde se havia partido, se larga o bastão de viagem no chão e se atravessa a soleira da morte na eternidade.
Mas há outra perspectiva, muito mais amarga: ela é acrescentada no fim da frase que propusemos acima, extraída de Keylala rossa, um dos romances mais intensos e dramáticos daquele grande escritor judeu polonês, exilado nos Estados Unidos, que foi Isaac Bashevis Singer (1904-1991), um autor que sempre se expressava em iídiche, a língua das aldeias judaicas da Europa Central. De fato, ele conclui sua obra com esta pergunta que atormenta e fustiga muitos: “Mas onde é a casa? No túmulo?”
As duas respostas antitéticas são a essência do significado da vida e seu mistério sobre o qual todos nós devemos nos questionar. A imortalidade da alma era a certeza da cultura clássica, enquanto o evento da Páscoa é a resposta cristã: é, como São Pedro escrevia em sua Primeira Carta, aquela esperança da qual o crente deve prestar contas “com mansidão e respeito, conservando boa consciência” a quem o questionar (3,15-16).
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#a dança. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU