#Hospitalidade. Artigo de Gianfranco Ravasi

Foto: Chang Duong | Unsplash

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21 Agosto 2024

"A irrupção de culturas diferentes, de usos e costumes estrangeiros, de pessoas miseráveis e reduzidas ao nível mais baixo da humanidade gera medos, problemas, tentações de rejeição. Alonga-se até nós, assim, um fio negro que se reforça em certas estruturas ou movimentos. No entanto, mesmo em meio a dificuldades reais, o outro fio, o fio dourado da caridade", escreve o cardeal italiano Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 18-08-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Todos vêm de Deus, os hóspedes e os pobres. E um dom, mesmo que pequeno, dado a eles é apreciado pelos deuses.

Muitos se surpreenderão com o fato de essa lição de humanidade e solidariedade estar contida na Odisseia (VI,207-8). É a expressão de um fio dourado de amor fraterno que atravessa os séculos, chegando até nós, quando une tantos refugiados e os voluntários que os acolhem. A hospitalidade, como sabemos, era uma lei sagrada em quase todas as civilizações do passado. Gostaríamos de propor apenas dois testemunhos de culturas distantes entre si que podem ressoar como um apelo ainda válido hoje, embora dentro de coordenadas históricas e sociais diferentes. De um lado, eis uma sentença do Kanakya, um texto sapiencial indiano: “Todas as divindades se alegram, todos os videntes cantam, todos os ancestrais dançam, quando um hóspede é acolhido na nossa casa”.

Do outro lado, eis a voz mais poderosa, atual e, para muitos, inesperada da própria Bíblia, que no livro sagrado de Levítico deixa esta norma concreta: “Quando o estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o oprimireis. Como um natural entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-ás como a ti mesmo, pois estrangeiros fostes na terra do Egito” (19,33-34). Qualquer comentário é supérfluo. Certamente, a irrupção de culturas diferentes, de usos e costumes estrangeiros, de pessoas miseráveis e reduzidas ao nível mais baixo da humanidade gera medos, problemas, tentações de rejeição. Alonga-se até nós, assim, um fio negro que se reforça em certas estruturas ou movimentos. No entanto, mesmo em meio a dificuldades reais, o outro fio, o fio dourado da caridade, nunca deve se romper, nem deve se extinguir a voz das fés autênticas e da cultura genuína que faz reconhecer em cada rosto humano a verdade de Homero: “Todos vêm de Deus”.

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