24 Julho 2024
"Tudo o que é profundo é ao mesmo tempo simples e pode ser expresso em palavras simples... Com a ética do respeito pela vida, entramos em uma relação espiritual com o universo... O máximo conhecimento é saber que estamos cercados pelo mistério", escreve Gianfranco Ravasi, ex-prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, citando Albert Schweitzer, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 14-07-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
O espírito de nossa época despreza o que é simples. Não acredita mais que a simplicidade possa corresponder à profundidade. Ele se compraz com o que é complicado e o considera profundo. O espírito de nossa época aprecia o excesso de tons, nas linhas e no pensamento. Pensar, por outro lado, é a harmonia no nosso íntimo.
Era 1923 quando Albert Schweitzer, conhecido do grande público por sua missão entre os leprosos em Lambaréné, no Gabão, que durou meio século, escreveu essas linhas em seu ensaio Religião e civilização moderna. Ele era na verdade um grande teólogo, um filósofo e até mesmo um organista bachiano magistral, mas havia se tornado médico para encarnar a sua fé cristã entre os últimos e os miseráveis. Compreende-se, então, plenamente esse seu elogio à simplicidade que afunda as raízes na pureza e na totalidade exigidas por Cristo de seus discípulos, ele que frequentemente estava entre os doentes e os excluídos.
Infelizmente, especialmente em nossos dias, é o "excesso de tons" que vence (basta ligar a televisão num talk show), é a complicação da linguagem culta, incluindo a linguagem teológica, é a escolha do instinto imediato em vez da reflexão, é a predominância dos sentidos e do egoísmo no lugar do pensamento e da cultura. Para Schweitzer, a verdadeira grandeza era inclinar-se, dentro de uma cabana, sobre a carne dilacerada de um doente de hanseníase ou sobre o estado febril de uma pessoa acometida pela malária. Ainda ouvimos sua voz que ressoa em seus outros escritos:
"Tudo o que é profundo é ao mesmo tempo simples e pode ser expresso em palavras simples... Com a ética do respeito pela vida, entramos em uma relação espiritual com o universo... O máximo conhecimento é saber que estamos cercados pelo mistério".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
#simplicidade. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU